Investigações apontam quem os três responsáveis pelo furto milionário a uma joalheria de um shopping de Fortaleza, no último dia 25 de junho, usaram equipamentos de alta tecnologia “jamais” usados para esse tipo de crime no Ceará. As informações foram divulgadas em coletiva de imprensa, na manhã desta segunda-feira (4), na Superintendência da Polícia Civil, em Fortaleza.
Segundo o delegado Rommel Kert, o trio utilizou aparelhos para a clonagem do controle remoto da porta de entrada da loja vizinha à joalheira e um bloqueador chamado "Jammer" — adotado comumente em roubo de cargas — para bloquear qualquer sinal no entorno.
Assim, quem estivesse nas imediações não conseguiria falar ao celular, e sistemas de alarme via rádio seriam comprometidos. “Essa dinâmica, com um certo requinte de sofisticação, não é muito comum, inclusive não apenas no Ceará, mas, na doutrina policial, não encontramos muito ou nenhum fato praticado desta natureza”, explicou o delegado.
“É mais comum [a utilização destes equipamentos] em roubo de carga para ludibriar o monitoramento, mas em roubo de joalheira jamais, e a clonagem dentro de um shopping center é uma situação inédita”, completou.
Com os equipamentos e vestidos com roupas semelhantes à farda do estabelecimento, um deles entrou na loja vizinha sem levantar suspeitas, enquanto outros dois davam cobertura.
Lá dentro, o homem identificado como Andrés Manuel López Pataquiva, de 37 anos, fez perfurações nas paredes para se ter acesso à joalheira. Ao entrar, colocou os produtos em uma mochila e saiu do shopping ao lado de um parceiro. A ação teria durado 40 minutos.
Em 26 de setembro último, o colombiano Pataquiva foi preso no Paraguai, ao lado da esposa, por participação no crime. Eles foram detidos no Aeroporto Silvio Pettirossi, em Luque, quando passavam no Posto de Controle de Imigração.
Segundo a Polícia, ele passou quatro anos preso na Tailândia, pelo crime de furto qualificado.
Quadrilha buscou alvo por 15 dias
Segundo as investigações, Pataquiva tinha outros dois parceiros: Jefferson Geovanny Ortiz Gonzalez e Libardo Antônio Gonzalez Diaz. Todos colombianos.
Eles são apontados como participantes de grupo criminoso atuante em diversos países. O trio teria se hospedado na Capital 15 dias antes do crime.
Após análises em diversos shoppings da Região Metropolitana de Fortaleza, escolheram o local e arquitetaram a ação.
Crime não tem relação com latrocínio
Dois meses depois do furto, a mesma joalheria foi assaltada e, na ação, a gerente Caroline Alves da Rocha Damasceno morreu. O delegado Rommel Kert descartou que os crimes tenham qualquer relação.
Ele ponderou, no entanto, que, a partir da divulgação do valor subtraído no primeiro caso, o segundo grupo criminoso poderia ter considerado o “local promissor”.