Acusado de homicídio identificado por postagem no Instagram vai a júri popular em Fortaleza

O assassinato foi motivado pela guerra entre facções criminosas, segundo as investigações policiais. A decisão cabe recurso

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Redação producaodiario@svm.com.br
Foto do Fórum Clóvis Beviláqua, onde ocorrem julgamentos de homicídios em Fortaleza
Legenda: Réu deve ser levado a júri popular, segundo a decisão da 2ª Vara do Júri de Fortaleza
Foto: Kid Junior

Um homem acusado de um homicídio ocorrido em Fortaleza, identificado pela Polícia Civil do Ceará (PCCE) através de uma publicação na rede social Instagram, vai a júri popular pelo crime, por decisão da Justiça Estadual. O assassinato foi motivado pela guerra entre facções criminosas, segundo as investigações policiais.

A 2ª Vara do Júri de Fortaleza decidiu, no último dia 11 de abril, pronunciar (isto é, levar a julgamento) o réu Victor Henrique Pereira Carneiro pelos crimes de homicídio qualificado (por motivo torpe), integrar organização criminosa e corrupção de menores. 

A decisão foi publicada no Diário da Justiça Eletrônico (DJE) da última terça-feira (15) e cabe recurso da defesa. Victor Henrique está preso em uma unidade penitenciária cearense.

Para a juíza Izabela Mendonça Alexandre de Freitas, "ante a comprovação da materialidade e a presença de indícios suficientes de autoria de Victor Henrique Pereira Carneiro" nos crimes, "a pronúncia é medida necessária, a fim de permitir o seu julgamento pelo Tribunal do Júri, a quem incumbe decidir sobre os fatos".

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Conforme os Memoriais Finais do Ministério Público do Ceará (MPCE), Victor Henrique Pereira Carneiro, conhecido como 'Viti', e um adolescente mataram Sérgio Igor da Silva Ferreira a tiros, na Rua Araguari, no bairro Barroso, em Fortaleza, na noite de 16 de fevereiro de 2023.

'Viti' seria o passageiro de uma motocicleta e atirador, enquanto o adolescente seria o condutor do veículo. "Os criminosos se aproximaram, e a vítima correu para se abrigar em uma residência. Apesar de ter se refugiado, os criminosos a alcançaram, e o denunciado efetuou vários disparos de arma de fogo, resultando na morte da vítima", narra o MPCE.

Ainda, conforme apurado, o crime ocorreu em uma área controlada pela facção criminosa Massa, da qual o acusado é membro. Consta nos autos que a vítima era afiliada à organização criminosa Comando Vermelho (CV). Integrantes da facção Massa exigiram que a vítima deixasse o CV e se juntasse à Massa, mas a vítima recusou, o que motivou o crime."
Ministério Público do Ceará
Nos Memoriais Finais do processo

Publicação em rede social

A Polícia Civil localizou uma postagem na rede social Instagram com a foto da vítima morta e, ao lado, armas de fogo que teriam sido utilizadas no crime.

Ao aprofundar a investigação, foi identificado que a conta pertencia a Victor Henrique Pereira Carneiro - a partir do e-mail dele e do número de celular da mãe dele, cadastrados na rede social.

Imagem da publicação na rede social Instagram que levou a Polícia ao réu
Legenda: Publicação na rede social Instagram, compartilhada pelo WhatsApp, levou a Polícia ao réu pelo crime
Foto: Reprodução

A defesa de Victor Henrique não foi localizada para comentar a decisão da 2ª Vara do Júri de Fortaleza de levar o réu a julgamento. O espaço segue aberto para futuras manifestações.

Nos Memoriais Finais, a defesa rebateu que a imagem que levou à identificação do cliente "retrataria a vítima ao lado de armas de fogo e teria sido utilizada para embasar a acusação sem qualquer verificação pericial que atestasse sua autenticidade ou integridade, bem como sem comprovação de autoria da postagem".

Conforme a defesa, "os testemunhos que vinculam o réu ao ocorrido foram prestados de maneira indireta e anônima, sem que as testemunhas tenham presenciado diretamente os fatos".

Tentativa de chacina em Areninha

Victor Henrique Pereira Carneiro também é acusado pelo Ministério Público do Ceará de participar de uma tentativa de chacina na Areninha do Barroso (mesmo bairro do outro homicídio), em Fortaleza, no dia 21 de junho de 2024. Uma idosa e uma criança foram mortas e pelo menos outras três crianças ficaram feridas.

Além de 'Viti', foram denunciados Carla Germano Sales, a 'Bibi Perigosa'; Clenilson Ferreira de Brito, o 'Del'; e Narcélio da Silva Pereira, o 'Cego'.

Já Tainara da Silva Bezerra foi acusada pelos crimes de corrupção de menores, receptação e integrar organização criminosa. Segundo a investigação, ela não participou das mortes, mas ajudou a esconder dois suspeitos.

Para o MPCE, todos os acusados do processo são integrantes da organização criminosa Massa Carcerária (também conhecida como Tudo Neutro). 

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