Ministro da Educação diz que existe 'grau de deficiência que é impossível a convivência'
Milton Ribeiro voltou a falar sobre crianças com deficiência nesta quinta-feira (19) em uma visita ao Recife
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, voltou a falar, nesta quinta-feira (19), sobre crianças com deficiência. Segundo o gestor, existe "grau de deficiência que é impossível a convivência”. A declaração foi dada dias após ele afirmar que estudantes com deficiência atrapalhavam o aprendizado dos outros alunos. As informações são do jornal Metrópoles.
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“Nós temos, hoje, 1,3 milhão de crianças com deficiência que estudam nas escolas públicas. Desse total, 12% têm um grau de deficiência que é impossível a convivência. O que o nosso governo fez: em vez de simplesmente jogá-los dentro de uma sala de aula, pelo ‘inclusivismo’, nós estamos criando salas especiais para que essas crianças possam receber o tratamento que merecem e precisam”, disse Ribeiro durante uma visita ao Recife.
A nova fala do titular do MEC foi criticada por membros da oposição, como a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS). A parlamentar usou as redes sociais para classificar a medida defendida por Ribeiro como "exclusão".
À TV Brasil no dia 9 de agosto, o ministro disse que estudantes com deficiência "atrapalhavam, entre aspas" o aprendizado de outros alunos sem a mesma condição. Os motivos que causavam isso, segundo ele, são que "a professora não tinha equipe, não tinha conhecimento para dar a ela atenção especial".
Após a ocasião, o presidente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD), Antônio Carlos Sestaro, avaliou ao O Globo que a declaração do titular do MEC foi capacitista, pois classificou a pessoa com deficiência como menos capaz.
"Se a própria Constituição diz que devemos promover o bem de todos sem qualquer forma de discriminação, não há de se falar que criança com deficiência atrapalha. O ministro desconhece ou não cumpre a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e a Lei Brasileira de Inclusão, que colocam que ninguém vai ser discriminado pela sua deficiência", declarou.
Na terça-feira (17), o Ribeiro disse que a fala que foi ao ar na TV Brasil foi tirada de contexto. Segundo o jornal O Globo, ele disse que nunca utilizaria uma terminologia "tão baixa e preconceituosa nesse sentido que foi colocada". Porém, completou afirmando que algumas crianças, dependendo do grau de deficiência, "criam dificuldades" para elas e outros colegas na escola.
"Quando fiz essa referência, fiz questão de falar que estava colocando entre aspas. O inclusivismo, que foi política do governo anterior, pega a criança com deficiência e joga na sala de aula, sem nenhum preparo, capacitação, preparação do ambiente para receber essas crianças", declarou durante o seminário "Educação híbrida e os novos quadrantes do ensino e da aprendizagem", realizado pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes).
Ribeiro ainda continuou dizendo que "os graus de deficiência têm níveis diferentes": "Temos, por exemplo, uma criança com Síndrome de Down que chega numa classe e vira celebridade, pela simpatia, pelo sorriso. Mas temos algumas com autismo severo que criam dificuldades para elas e outros alunos. Foi nesse contexto", explicou.