Ronnie Lessa diz que demora para matar Marielle irritou irmãos Brazão
Supostos mandantes da morte da parlamentar cobravam pela execução do crime
Ronnie Lessa, ex-policial militar preso por participação na morte de Marielle Franco, disse que a demora para assassinar a vereadora irritou os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão, apontados como mandantes. A declaração está na delação premiada de Lessa, que falou sobre o monitoramento da rotina da vereadora e indicou que o plano teve dificuldades por conta do local onde ela morava.
O ex-agente de segurança disse que os supostos mandantes do crime ofereceram um negócio, na cidade do Rio de Janeiro, que renderia mais de US$ 20 milhões — valor superior a R$ 100 milhões,
"A gente não conseguia ver a Marielle, a gente não conseguia isso. O prédio dela é um prédio que não tem garagem. Então se a pessoa que mora naquele prédio tem um carro, tem que pagar um estacionamento em outro canto, porque ali não tinha", conta Lessa. As informações são do jornal O Globo.
Lessa diz que o Domingos, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e seu irmão Chiquinho, deputado federal, reclamaram da demora na execução da parlamentar. Uma das dificuldades foi a exigência do então titular da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) Rivaldo Barbosa, que mandou que a execução fosse longe da Câmara de Vereadores para não gerar desconfianças de um crime política.
Ainda sobre o endereço de Marielle, Ronnie aponta: "Ali tem um hospital, uma padaria, e nesse comerciozinho ali tem dois policiais andando o dia inteiro naquela rua ali, e o do trânsito, ou seja, três policiais. Não é uma coisa simples. A rua é logo no alto, no cume do cruzamento. Você não tem como fazer ali uma vigilância. É difícil, quase impossível. E foi se tornando difícil".
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Plano para matar Marielle
Na delação, que foi firmada por Lessa com a Polícia Federal (PF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), ele conta que foi procurado para cometer o assassinato em setembro de 2017. A morte de Marielle e Anderson Gomes, motorista da vereadora, ocorreu em março de 2018.
Lessa cita que recebeu do ex-PM Edmilson Oliveira da Silva, o Macalé, a arma e o carro usados no crime, e o endereço da parlamentar para iniciar o plano. Macalé também poderia ter matado Marielle, mas em um das oportunidades estava ocupado.
"O tempo foi passando, o tempo foi passando, o tempo foi passando, e nada e nada e algumas oportunidades que acabaram surgindo, se eu não me engano, foi no bar, no bar da Praça da Bandeira, um barzinho. Esse dia o Macalé recebeu uma ligação, só que ele estava trabalhando na segurança, ele fazia segurança de uma pessoa. Então, ele não pôde", disse.