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Acusado de mandar matar Marielle Franco, Domingos Brazão aumentou patrimônio em 2.300% em oito anos

Conselheiro do TCE-RJ é suspeito de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes

Escrito por Redação ,
Domingos Brazão
Legenda: Domingos Brazão, preso por suspeita de mandar matar Marielle Franco e Anderson Gomes
Foto: Alerj/DIvulgação

O patrimônio de Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ), cresceu quase 24 vezes (o que equivalente a 2.300%) no período entre 2002 e 2010. A fortuna dele subiu de R$ 209 mil para R$ 5 milhões.

As informações constam no relatório final da Polícia Federal (PF) que apontam Domingos Brazão como um dos suspeitos de mandar matar a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e o seu motorista, Anderson Gomes, em março de 2018. As investigações concluem ainda que o crescimento no patrimônio do conselheiro do TCE-RJ está ligado ao ingresso dele na política, em 1996.

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Os detalhes foram revelados pela colunista do g1 Andréia Sadi. A maior evolução patrimonial observada foi entre 2002 e 2006, em termos percentuais. Já no período que vai de 2006 a 2010, a fortuna de Brazão mais do que triplicou, saltando de R$ 1,2 milhão para R$ 5 milhões, em valores não corrigidos pela inflação.

"Domingos Brazão e sua família são o exemplo dos muitos casos de sucesso no cotidiano brasileiro que misturam o ingresso na política com a ascensão patrimonial vertiginosa", diz o relatório da PF. Em um dos destaques do texto, a Polícia Federal pontua que os imóveis declarados pelo conselheiro do Tribunal se multiplicaram em um curto período.

Laranjas

Mesmo antes de ingressar no meio político, Domingos Brazão tem atividades consideradas suspeitas pela PF pelo nível de uso das empresas abertas em nome dele. A primeira delas, Robedom Comércio de Joias e Metais Preciosos LTDA, iniciou as operações em 1985 e foi encerrada em 1999.

No mesmo período, Sangue Bom Autopeças LTDA foi outra empresa aberta pelo hoje conselheiro do TCE-RJ. Em 1993, houve a mudança do contrato social, de "oficina, mecânica e lanternagem" para "comércio de veículos novos, usados e sinistrados". O empreendimento foi encerrado em 2005, quando Brazão era deputado estadual.

No relatório da PF, aparece ainda o nome de Sylvio Pinheiro, sócio de Brazão em quatro empresas do segmento alimentício. Durante a pandemia, Pinheiro recebeu auxílio emergencial, mesmo morando na Barra da Tijuca, bairro nobre do Rio de Janeiro. A investigação infere que o sócio do conselheiro "denota ser mero laranja".

Domingos Brazão está preso desde o último domingo (24) com o irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão, e Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, por suspeita de serem os mandantes do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. Os três negam envolvimento no caso.

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