Prefeito do Iguatu é vaiado ao lado de Lula, com reflexos da briga eleitoral que tem PT na oposição
Ednaldo Lavor não é candidato à reeleição e segue na escolha por um(a) sucessor(a)
Em evento do Governo Federal em Iguatu, nesta sexta-feira (5), o prefeito da cidade, Ednaldo Lavor (PSD), foi vaiado reiteradas vezes por populares que acompanharam a agenda. Na ocasião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ministros de Estado acompanharam a assinatura da ordem de serviço do Ramal do Salgado e visitaram obras da Transnordestina.
No discurso, Ednaldo lembrou que recebeu o presidente no município nas três visitas feitas por Lula. "Isso nos honra muito por ser eleitor dele e por trazer todas essas autoridades para o nosso município", disse o prefeito sob vaias. Ele também fez um pedido, ainda, para o Planalto instalar um porto seco na região Centro-Sul.
O gestor foi defendido no palco por Tufi Daher, diretor da Transnordestina Logística, em saudação. "O prefeito de Iguatu, quero saudá-lo. Merece a saudação, me desculpem, mas merece a saudação. Respeitando as autoridades, como eu aprendi com o sr. (apontando para Lula) nos palanques", declarou.
A poucos meses das eleições municipais, o clima tem esquentado em Iguatu. Em contraste com a recepção de Ednaldo, parte do público ecoou apoio ao deputado estadual Agenor Neto (MDB) e ao seu filho, Ilo Neto, recém-filiado ao PT, que deve rivalizar com o grupo político do atual prefeito em outubro, nas urnas.
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A simples presença em Iguatu do líder máximo do PT, partido que está no centro de rompimentos e migrações no município, intensifica essa dinâmica. Registros nas redes sociais mostram Ilo ao lado de lideranças de mandato com acenos eleitorais. Em postagem no Instagram, o deputado estadual Romeu Aldigueri (PDT), líder do governo Elmano de Freitas (PT), chamou-lhe de “futuro prefeito”, ao lado dos também deputados De Assis Diniz (PT), Júlio César Filho (PT) e Antônio Granja (PDT).
Apesar disso, lideranças e pré-candidatos diversos de Iguatu tiveram espaço na saudação do governador Elmano em discurso. Além de Ednaldo, de Agenor e de Ilo, foi citado o deputado estadual Marcos Sobreira (PDT), rival dos dois últimos no município.
'Perseguição'
Ednaldo Lavor não é candidato à Prefeitura, como Ilo, já que completa seu segundo mandato no Executivo. Contudo, ele participa ativamente do processo de escolha de um(a) sucessor(a), definição que ainda não foi fechada.
Ao Diário do Nordeste, o prefeito disse que a rejeição do público, nesta sexta, foi resultado de "perseguição" política e obra de apoiadores de Agenor Neto, que teriam sido convocados para hostilizar o gestor no evento institucional.
"Sua dificuldade em aceitar o resultado das últimas eleições, em que a população expressou claramente sua escolha, demonstra uma recusa em respeitar a essência da democracia: a vontade do povo. Apesar da decisão popular, que me elegeu, o Agenor Neto optou por iniciar uma perseguição judicial, afastando-me do cargo por 14 meses, uma ação que vai contra o espírito democrático de aceitar e respeitar os resultados eleitorais", comentou.
"Isso é lamentável. Eu fui convidado pelo gabinete do presidente Lula, que sempre apoiei e vou quantas vezes me chamarem. Eu tenho a satisfação de ser o único prefeito da região Centro-Sul que recebeu o presidente Lula por três vezes em nosso município. [...] Eu não vou entrar nesse joguinho dele (Agenor). Eu vou defender o meu povo", afirmou Ednaldo.
Discussões em curso
A chegada de Ilo ao PT – ele era filiado ao PSB – causou uma movimentação partidária em ambas as legendas. O empresário Sá Vilarouca, que era pré-candidato do PT à Prefeitura de Iguatu, deixou o partido após décadas de filiação e desembarcou no PSB. Nesta legenda, colocou-se novamente na disputa.
Agora, Sá caminha ao lado de Marcos Sobreira, que pode se filiar à sigla socialista sem perder o mandato, após liberação da Justiça, enquanto Ilo conta com o apoio do PT e do pai, Agenor.
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Sobre as divergências abertas no PT após a sua filiação e a consequente saída de Sá, Ilo minimizou impactos na sua campanha. "É algo que é construído em cima do diálogo, do apoio do Governo do Estado, do nosso ministro (Camilo) e do nosso presidente Lula. Graças a deus a gente tem o apoio, de fato, do PT. Às vezes ocorrem divergências de opiniões de uma pessoa, isso faz parte da democracia, da nossa construção", avaliou.
"Tudo o que possa impactar negativamente, não soma. E o objetivo do Ilo é somar, buscar o diálogo, agregar, e ele buscou isso. Antes mesmo de haver qualquer saída de alguém do PT, ele buscou as pessoas para dialogar. Infelizmente não estiveram abertos para isso", acrescentou Agenor Neto.
O presidente do MDB e deputado federal, Eunício Oliveira, também acompanhou o evento e comentou a sua posição no pleito de Iguatu. A expectativa é que o partido feche apoio ao PT. “Estamos fazendo uma aliança com o Agenor para acertar com o PT, todo mundo junto”, informou. Segundo Ilo, o PP também está no arco de aliança.
Articulações do PSB
Já Sobreira diz que, ao lado de Sá Vilarouca, vai buscar construir unidade, inclusive com o PT. “Vamos procurar dialogar com todos os partidos que possam compor. Para você ter uma ideia, ontem, estava com o presidente do PT, do PCdoB, do PV, do Podemos, do PDT, do PSB. Todos eles referendam a candidatura do Sá”, afirmou, nesta sexta, acrescentando que também procurará o União Brasil.
A intenção, segundo ele, é unir a oposição à candidatura de Ilo Neto, com quem, pessoalmente, prefere não se aliar. “Eu escuto um conjunto. Pessoalmente, (aliança de Ilo) comigo é muito improvável. Nunca diga nunca, mas comigo... Tenho absoluto respeito a ele, mas nós sempre marchamos em campos opostos. Então, eu imagino que permaneça assim”, completou.