'Nos perdemos em um mundo de ódio, intolerância e golpismo', diz Barroso sobre atentado em Brasília
O presidente do STF falou pela primeira vez publicamente sobre o episódio de explosões no DF, e defendeu punição a todos os envolvidos, além de fazer um apelo por um "recomeço"
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, falou pela primeira vez publicamente sobre atentado de 13 de novembro em Brasília e falou em um "novo recomeço" para a sociedade brasileira. "Onde foi que nós nos perdemos nesse mundo de ódio, intolerância e golpismo?", questionou o ministro nesta quinta-feira (14), em discurso de abertura dos trabalhos da Corte.
Essa é a primeira sessão do STF após Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, ter explodido um carro e arremessado vários artefatos em frente à Estátua da Justiça. Em seguida, ele provocou um autoextermínio com uma das bombas.
"Apesar de ainda estarmos no calor dos acontecimentos e no curso das apurações, nós precisamos como país e sociedade fazer uma reflexão profunda. Onde foi que perdemos a luz da nossa alma afetuosa, alegre e fraterna para a escuridão do ódio, da agressividade e da violência?", disse Barroso.
Ao relembrar de episódios recentes de ataques à democracia, como o 8 de janeiro, os acampamentos de extremistas e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, e os crimes do ex-parlamentar Daniel Silveira, Barroso pontuou que na democracia "há lugar para todos", menos para quem tem ódio.
"A democracia, como sempre digo, tem lugar para conservadores, liberais, e progressistas. Somos todos livres e iguais, só não há lugar para que não respeita as regras da própria democracia e para quem pensa que a violência é uma estratégia de ação. E uma causa que precisa de ódio, de mentira, e violência, não pode ser uma causa boa", declarou o presidente da Corte.
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Punição
Barroso defendeu punição a todos os envolvidos em episódios que atacam a democracia e a integridade dos Podres. Para ele, o atentado de Brasília "reforça também, e sobretudo, a necessidade de responsabilização de todos que atentem contra a democracia".
O ministro finalizou seu discurso de abertura da sessão fazendo um apelo, no sentindo do feriado da Proclamação da República, nesta sexta, 15 de novembro.
"Quero fazer um apelo a sociedade brasileira por um novo recomeço. Estamos precisamos retomar um tempo de civilidade, e fazer essa pequena revolução de volta ao que sempre fomos: um povo afetuoso e que se dá com respeito e consideração', disse.
O atentado na Praça dos Três Podres segue em investigação pela Polícia Federal, em colaboração com as forças de segurança do DF. O STF também instaurou um inquérito, e Alexandre de Moraes deve ser o relator.