Bombas, ameaças e planos de mais ataques são encontrados em casa alugada para atentado no DF
Segundo a PF, o crime foi um ato terrorista planejado a longo prazo e que mostra a atividade grupos extremistas no País
A Polícia Federal (PF) informou nesta quinta-feira (14) que foram encontradas muitas bombas, carta com ameaças e planejamento de mais ataques na casa alugada pelo homem responsável pelo atentado na frente do Supremo Tribunal Federal (STF), no Distrito Federal (DF). Em coletiva de imprensa que terminou no início da tarde, a corporação disse estar investigando a ocorrência como um ato terrorista, e ainda deu detalhes sobre as circunstâncias que levaram às explosões na Praça dos Três Poderes, em Brasília. O crime teria sido planejado a longo prazo.
Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, amarrou uma bomba no pescoço e se autoexterminou na frente da Estátua da Justiça, antes de também explodir um carro no anexo da Câmara dos Deputados. Foi detalhado que ele vestia uma roupa com imagens relacionadas a cartas de baralho, e portava um extintor de incêndio carregado de gasolina que simulava um lança-chamas.
Segundo o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, há indícios de que o homem agiu sozinho de forma premeditada "há meses", apesar de haver grupos criminosos em atividade com este tipo de pensamento.
Quero fazer um registro da gravidade dessa situação que nós enfrentamos ontem. Que apontam que esses grupos extremistas estão ativos e precisam que nós atuemos de maneira enérgica. Não só a Polícia Federal, mas todo o sistema da Justiça Federal. Entendemos que o episódio de ontem não é um fato isolado, mas conectado com várias outras ações
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Mensagem ameaçadora em espelhos
Na residência alugada por Wanderley, em Ceilândia, no entorno de Brasília, foi encontrada uma mensagem nos espelhos, referente a uma pichação feita na estátua da Justiça nos atos violentos do 8 de janeiro de 2023.
“Debora Rodrigues, por favor não desperdice batom! Isso é para deixar as mulheres bonitas! Estátua de merda (sic) se usa TNT [um explosivo]", diz o escrito no espelho. Débora é uma das pessoas presas pelos atos de 8 de janeiro, que foi flagrada pichando a estátua do STF.
"Esse trailer que foi alugado há alguns meses estava em um ponto estratégico nas proximidades do STF. Não sabemos ainda a motivação do crime, estamos trabalhando com hipóteses de ação terrorista como também de ação de abolição do estado democrático de direito", indicou o diretor da PF.
Uma carta atribuída a Wanderley também foi encontrada, e nela havia ameaças a pessoas públicas como o jornalista William Bonner, e autoridades como o ex-presidente José Sarney e o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin.
Robô explodiu ao procurar bombas em casa
Ainda segundo informações do diretor-geral da PF, um robô do Esquadrão Antibombas da Polícia Militar explodiu durante buscas na casa alugada por Wanderley, pois encontrou um artefato escondido em uma gaveta.
"Ao abrir uma gaveta para fazer uma busca houve uma explosão gravíssima. O uso do robô salvou a vida de alguns policiais que se tivessem entrado na residência provavelmente não sobreviveria", declarou Andrei Rodrigues.
Os agentes encontraram artefatos que ainda serão destruídos. As investigações descobriram ainda que o homem planejava ataques até o dia 16 de novembro, mas ainda há detalhes que serão divulgados, visto que as apurações ainda acontecem, tanto em Brasília quanto no estado natal do homem responsável pelo ataque.
"Não é aceitável anistia", diz diretor da PF
Assim como já havia defendido o ministro Alexandre de Moraes, que vai receber o inquérito da investigação, o diretor Andrei Rodrigues falou que "não é aceitável que se proponha anistia para esse tipo pessoa [que comete ataques terroristas]".
"Não é razoável pessoas cometerem atos terroristas, tensionarem, atentarem contra um poder do Estado, tentar assassinar os policiais. Deixou lá um artefato para tentar matar os policiais que acessaram sua residência. Estamos falando de ações violentas contra o Estado Democrático de Direito, tentativa de homicídio, armadilhas pra tentar matar policiais", disse.