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Lula critica Maduro, mas não vai romper com a Venezuela: 'O bloqueio prejudica o povo'

Presidente reforçou que não reconhece a vitória de Nicolás Maduro nas eleições

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Lula e Nicolás Maduro
Legenda: Lula disse que Maduro terá de 'arcar com as consequências do seu gesto'
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez críticas a Nicolás Maduro e afirmou que não vai romper relações ou fazer bloqueio contra Venezuela. Em entrevista nesta sexta-feira (6), o mandatário da República declarou que o bloqueio "não prejudica Maduro, prejudica o povo". 

Lula reforçou não reconhecer a vitória de Nicolás Maduro nas eleições venezuelanas de julho até que as atas com o resultado do pleito fossem divulgadas e confirmadas. O discurso destaca uma mudança no tom das declarações de Lula diate das críticas que recebeu por afirmar que não havia observado anormalidades na eleição, marcada por suspeitas de fraudes e diversos protestos da população.

"A gente não aceitou o resultado das eleições, mas não vou romper relações, e também não concordo com a punição unilateral, o bloqueio, porque o bloqueio não prejudica o Maduro. O bloqueio prejudica o povo. E eu acho que o povo não deve ser vítima disso", afirmou o presidente.

O mandatário também ressaltou que não reconhece a vitória de Maduro e nem da oposição. Ele também voltou a rebater a posição do presidente em não apresentar as atas do processo eleitoral. No último mês, Lula disse que Maduro terá de "arcar com as consequências do seu gesto".

"Eu acho que o comportamento do Maduro é um comportamento que deixa a desejar. Eu acho que aqui no Brasil a gente aprendeu a fazer democracia com muito sofrimento", ponderou.

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Fortes protestos

Protestos eclodiram na Venezuela contra a reeleição de Maduro, enquanto a oposição liderada por María Corina Machado e seu candidato, Edmundo González Urrutia, denunciam fraude e reivindicam uma vitória com mais de 60% dos votos.

Os protestos deixaram 27 mortos, 192 feridos e mais de 2.400 detidos, incluindo mais de 100 menores. Maduro responsabilizou Machado e González Urrutia, de 75 anos, pelos distúrbios e pediu que ambos fossem presos.

Uma ordem de prisão contra González Urrutia, de fato, foi emitida na segunda-feira. O Ministério Público o acusa por crimes relacionados às eleições, incluindo "desobediência às leis" e "conspiração".

A investigação contra González Urrutia também se deve à divulgação de atas eleitorais em um site criado pela oposição, que diz que os documentos comprovam sua vitória no pleito.

"Ninguém neste país está acima das leis, das instituições, como tem pretendido esse senhor escondido, o covarde Edmundo González Urrutia", disse Maduro em seu programa. "Não puderam, nem poderão!", "Nem hoje, nem nunca, nem jamais!".

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