Ex-deputada Flordelis é presa no Rio de Janeiro: 'algo que eu não fiz'
Pedido vem dois dias após a ex-parlamentar ter o mandato cassado
A ex-deputada federal Flordelis, acusada de mandar matar o marido Anderson do Carmo, em 2019, foi presa na noite desta sexta-feira (13), em casa, em Niterói (Rio de Janeiro). A informação foi confirmada pelo advogado dela, Jader Marques.
Nas redes sociais, Flordelis divulgou um vídeo falando que estava sendo presa e pediu: "Olá gente, chegou o dia que ninguém desejaria chegar. Estou indo presa por algo que eu não fiz, por algo que eu não pratiquei. Eu não sei para quê, mas estou indo com força e com a força de vocês. Orem por mim. Orem, orem. Uma corrente de oração na internet. Busquem a deus, está bom? Um beijo, amo vocês".
A decisão saiu poucas horas após pedido feito pelo Ministério Público do estado. "Mostra-se essencial para a garantia da ordem pública, da eventual aplicação da lei penal e conveniência da instrução criminal, afastando, assim, novas possíveis tentativas de obstrução da justiça, e possibilitando a busca da verdade real de forma escorreita", diz a decisão da juíza Nearis dos Santos.
A ex-deputada também está proibida de manter contato com qualquer um dos outros acusados e, por isso, será encaminhada a uma unidade prisional diferente.
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O pedido aconteceu dois dias após a Câmara dos Deputados aprovar em plenário a cassação do mandato da agora ex-parlamentar. Foram 437 votos a sete. Doze parlamentares se abstiveram.
"Com a perda do mandato de parlamentar, a situação jurídica da ré deve ser revista, para sanar a desproporcionalidade que havia entre as medidas cautelares impostas e os fatos imputados e as condutas que a ré praticou para interferir na instrução e se furtar no momento da aplicação da lei penal", diz pedido de prisão enviado para a 3ª Vara Criminal de Niterói.
O MPRJ argumentou ainda que é claro que a liberdade da acusada punha em risco a "instrução criminal e a aplicação da lei penal". Segundo o órgão, a decretação da prisão só não havia sido concretizada devido à imunidade parlamentar.
Ainda conforme o MP, "além da gravidade da conduta criminosa, a ex-deputada, poucos dias após o homicídio, orientou os demais corréus para que o celular da vítima fosse localizado e suas mensagens comprometedoras fossem apagadas, bem como que fossem queimadas as roupas com possíveis vestígios forenses".
Retirada de tornozeleira negada
Nesta quinta-feira (12), a Justiça do Rio negou pedido para a retirada da tornozeleira eletrônica de Flordelis, equipamento usado por ela desde outubro de 2020.
Conforme o magistrado, a defesa não apresentou elementos suficientes que justificassem a suspensão imediata da medida cautelar. Segundo ele, os mesmos argumentos já tinham sido apreciados em outro pedido de habeas corpus que foi negado.
A ex-deputada descumpriu várias vezes a medida cautelar de monitoramento eletrônico. Ela ainda treinou os outros acusados para mentir e alterar versões já fornecidas em depoimentos à polícia.
Crimes
Flordelis é ré por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada. Ela foi denunciada em agosto de 2020.
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Anderson foi morto a tiros dentro de casa na madrugada de 16 de junho de 2019 em Niterói, Região Metropolitana do Rio.
Segundo a investigação, Flordelis planejou o homicídio e foi responsável por arregimentar e convencer o executor direto e demais acusados a participarem do crime sob a simulação de ter ocorrido um latrocínio. A deputada também financiou a compra da arma e avisou da chegada da vítima no local em que foi executada, de acordo a denúncia.
O motivo do crime, descreve a denúncia, seria o fato de a vítima manter rigoroso controle das finanças familiares e administrar os conflitos de forma rígida, não permitindo tratamento privilegiado das pessoas mais próximas a Flordelis, em detrimento de outros membros da numerosa família (ela tem 54 filhos).
Além de Flordelis, mais dez pessoas foram denunciadas pelo crime: sete filhos dela, uma neta, um ex-policial militar e a esposa dele.