Evandro Leitão diz que desfiliação do PDT é tendência natural: 'Estão expulsando a maioria'
Presidente da Alece está em processo de desfiliação da sigla
Em processo de saída do PDT, o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Evandro Leitão, disse que a “tendência natural” é que outros deputados estaduais e federais tomem a mesma decisão de buscar a porta de saída da sigla.
“É uma tendência natural porque estão empurrando, estão expulsando, basicamente, a grande maioria dos deputados tanto estaduais como federais para fora do partido”
O parlamentar lamentou a decisão tomada na noite de quinta-feira (5), quando o PDT Nacional, presidido pelo deputado federal André Figueiredo (PDT), dissolveu o diretório do partido no Ceará, também presidido pelo parlamentar.
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A medida neutralizou um movimento anunciado no início da semana por Cid Gomes, que coletou assinaturas de integrantes do então diretório para convocar o colegiado e eleger uma nova presidência do partido no Ceará.
“É uma discussão que, infelizmente, eu só tenho que lamentar. A gente lamenta que esteja acontecendo tudo isso em partido, no meu caso, meu primeiro e único partido até o momento, mas não precisa ser nenhum grande estudioso da política para saber que iria acontecer, tendo em vista os tensionamentos e os interesses individuais acima dos interesses coletivos”, comentou o parlamentar.
'Esgotar todas as possibilidades'
A deputada Lia Gomes (PDT) chamou a decisão tomada pelo PDT nacional de "fraude" e "antidemocrática". "A condução do presidente André está cada dia mais tornando impossível e nos tirando a condição de convivência democrática dentro do partido", ressaltou a parlamentar, que é irmã de Cid e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT).
Apesar disso, ela considera que é preciso "esgotar todas as possibilidades" antes de pensar na saída da legenda. Uma das medidas que será tomada pelos parlamentares do PDT ligados a Cid Gomes é a apresentação de ação na Justiça comum para anular a dissolução do diretório estadual do partido.
Segundo Lia, estão sendo reunidos os dados dos parlamentares que irão ajuizar a ação, mas que ela deve ser apresentada ainda hoje.
Líder do Governo Elmano de Freitas (PT) na Assembleia Legislativa, Romeu Aldigueri (PDT) disse que irão ingressar com a ação todos os parlamentares "que se sentem afrontados com esse golpe, uma verdadeira fraude feita, extinguindo, dissolvendo o diretório que tinha validade até 31 de dezembro na Justiça Eleitoral sem avisar a ninguém, sem uma reunião prévia, mostrando que é uma ditadura".
Ele disse ainda que a dissolução do diretório estadual, logo após a convocação de nova eleição para a Executiva, caracteriza "a perseguição oficial do partido conosco", diz em referência a ala cidista do PDT.
"Temos total legitimidade, caso a nossa democracia não prevaleça, para que os deputados estaduais e federais possam pedir, como o presidente Evandro, a ação de Justificação. (...) Se continuar esse ritmo de perseguição, acho que o que vamos ter que fazer é sair do partido porque estamos sendo discriminados, oficialmente discriminados", disse.
Ação e reação
Nesta sexta-feira, Cid Gomes (PDT) enviou uma notificação extrajudicial ao secretário da Executiva Nacional do PDT, Manoel Dias, questionando as “razões de fato e de direito levaram a repentina alteração nos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral, atribuindo o status de inativo ao Diretório Estadual do PDT-CE, bem como de seus membros".
Na notificação Cid questiona "quais as razões de fato e de direito levaram à repentina alteração nos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral, atribuindo o status de inativo ao Diretório Estadual do PDT-CE, bem como de seus membros".
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No texto, o senador diz que foi surpreendido "com a informação constante no site do TSE de que o Diretório Estadual desta agremiação, no Estado Ceará, foi 'inativado por decisão do partido”', em 05/10/2023".
O político ressalta ainda que o PDT Ceará está "em plena atividade partidária e no regular exercício de suas funções, inclusive com realização de reuniões e demais atos partidários pertinentes, fato público e notório, de farta cobertura dos órgãos de imprensa".
Comissão provisória
O movimento tomado pelo PDT Nacional alterou a validade do diretório estadual no sistema da Justiça Eleitoral, antecipando de 31 de dezembro deste ano para 5 de outubro. Nesta sexta-feira (6), foi nomeada a comissão provisória presidida por Cristhina Brasil.
Em nota, a direção nacional do PDT informou que, a partir desta sexta-feira (6), uma comissão provisória passa a comandar a sigla no Estado. O grupo conta com 12 integrantes, sendo seis homens e seis mulheres.
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Além de Cristhina Brasil, que irá presidir a comissão, o grupo terá ainda o ex-senador, professor Flávio Torres como vice-presidente, além do presidente do movimento negro nacional, Ivaldo Paixão, representantes do PDT diversidade, juventude e membros do interior do Estado.
Na nota, a nova presidente da legenda diz que buscará o "equilíbrio para uma gestão compartilhada e democrática, composta pela representação parlamentar, os movimentos sócio-políticos e a militância aguerrida filiada ao nosso PDT do Ceará”.
Ainda conforme o PDT nacional, o grupo está com a missão de "consolidar uma desejada pacificação" na sigla.
"Uma comissão provisória se justifica pelo fato de que o mandato do diretório estadual, eleito em 5 de outubro de 2019, havia expirado, depois de ter sido prorrogado por dois anos, encerrando-se na quinta-feira, dia 5 de outubro", conclui a nota.