De Luizianne a Evandro: o que dizem as correntes do PT sobre a escolha da candidatura em Fortaleza
Apesar de a maioria das lideranças das correntes defender "unidade política" no partido, a escolha pode ficar para a militância devido à falta de acordo
Com cinco pré-candidaturas postas à mesa, as correntes internas do PT têm "batido-cabeça" para definir quem será o candidato à Prefeitura de Fortaleza na eleição de outubro. Enquanto alguns movimentos já decidiram apoiar um nome, outros esperam por um consenso.
Apesar de a maioria das lideranças das correntes defender "unidade política" no partido, a escolha pode ficar para a militância devido à falta de acordo. O ponteiro da balança, inclusive, tem pesado para essa tendência até o momento.
Veja também
Ao todo, o diretório municipal do PT tem 46 membros com direito a voto, e são eles quem vão definir o método de escolha do candidato da sigla. Os dirigentes, todavia, estão distribuídos em nove correntes distintas da seguinte forma:
- Resistência Socialista: 13
- Democracia Socialista: 10
- Construindo um Novo Brasil (CNB): 7
- Movimento PT: 6
- Diálogo e Ação Petista: 3
- Articulação de Esquerda: 2
- Militância Socialista: 2
- Esquerda Popular Socialista: 2
- Articulação Unidade na Luta: 1
Para que um nome seja escolhido de forma direta, é necessário o apoio de uma maioria superior a 2/3 dos membros do diretório. Isso significa 31 integrantes. Caso o número não seja atingido, prévias serão realizadas — modalidade em que os filiados votam para escolher o candidato da legenda.
Além dessas duas formas, há, ainda, uma outra possibilidade de escolha de candidato, que é por meio do voto de delegados escolhidos em encontros municipais. Esse modelo, no entanto, também requer o apoio de uma maioria superior a 2/3 dos membros do diretório municipal.
Os cinco pré-candidatos que concorrem à preferência das correntes são: a deputada estadual Larissa Gaspar; o deputado estadual em exercício e presidente municipal do PT, Guilherme Sampaio; o assessor especial do Governo do Ceará, Artur Bruno; a deputada federal e ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins; e o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Evandro Leitão. Estes dois últimos têm protagonizado a disputa interna mais acirrada na sigla.
Em busca de consenso
Até o momento, cinco correntes se posicionaram em favor de um candidato. São elas: Resistência Socialista, Democracia Socialista, Movimento PT, Articulação de Esquerda e Esquerda Popular Socialista.
Os apoios, por sua vez, variam entre três nomes: Guilherme Sampaio, Luizianne Lins e Evandro Leitão. A disputa maior, no entanto, é entre Luizianne e Evandro. Os dois estão sendo ouvidos por lideranças de correntes petistas a fim de chegar um consenso.
Todavia, a ex-prefeita de Fortaleza já defendeu que a definição ocorra por prévias. As correntes que a apoiam somam pelo menos 15 votos, segundo revelaram à reportagem. São elas: Democracia Socialista, Diálogo e Ação Petista e Articulação de Esquerda.
Caso esses votos se confirmem — e ela consiga mais um —, a possibilidade de escolha direta do candidato petista é inviabilizada — uma vez que a medida precisa de 31 votos dos 46 membros do diretório para se concretizar. Nesse cenário, prévias seriam realizadas.
Em paralelo, Evandro tem se reunido com lideranças de diversas correntes para aglutinar os votos necessários em torno de seu nome. A estratégia é necessária para evitar que a definição saia do raio do consenso.
Até agora, a distribuição dos apoios oficiais das correntes está assim:
Luizianne Lins
- Democracia Socialista (10)
- Diálogo e Ação Petista (3)
- Articulação de Esquerda (2)
Evandro Leitão
- Movimento PT (6)
Guilherme Sampaio
- Resistência Socialista (13)
Não se posicionou
- Construindo um Novo Brasil (7)
- Esquerda Popular Socialista (2)
- Militância Socialista (2)
Não foi localizado
- Articulação Unidade na Luta
A reportagem tentou contato com o ex-senador José Pimentel, liderança com direito a voto da Articulação Unidade na Luta, mas não conseguiu contato. Os demais pré-candidatos não foram citados, por isso não estão na lista.
Apoio tradicional
Líder da Articulação de Esquerda, Deodato Ramalho declarou que a posição de sua corrente está definida "há muito tempo".
"A nossa corrente já tem uma posição muito clara desde o primeiro momento: nós somos favoráveis à pré-candidatura da Luizianne. A gente tem cobrado para que seja respeitado os movimentos do partido no seu regramento, o momento de a militância participar ativamente do processo, a realização de prévias", declarou o petista, que é superintendente do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) no Ceará.
Líder do Diálogo e Ação Petista, o professor Eudes Baima declarou que defende há meses uma "candidatura autêntica do PT".
"Identificamos a candidatura da deputada Luizianne Lins como aquela que representa esta perspectiva na disputa interna e, mais importante, a que manterá seu pleito até o fim"
A reportagem tentou ouvir Luizianne Lins como líder da Democracia Socialista, mas ela não respondeu.
Novo nome
Líder do Movimento PT, o deputado federal José Airton declarou que "mantém o indicativo" de apoio a Evandro Leitão, mas irá ouvir todo os pré-candidatos em busca de "unidade" no partido.
"(O Movimento PT) mantém o indicativo, mas vamos ouvir os outros pré-candidatos e, no final, vamos decidir. Vamos trabalhar pela unidade política do partido. Na verdade, o que queremos é que haja um entendimento para que a gente possa estar unido para o nosso projeto de Fortaleza"
Já o líder do Construindo um Novo Brasil, deputado federal José Guimarães declarou apenas que sua corrente "ainda não definiu apoio, está em aberto". O grupo dele já realizou encontro com Evandro Leitão e deve ouvir também Luizianne Lins.
Em busca de consenso
Presidente do PT Fortaleza e liderança da Resistência Socialista, Guilherme Sampaio declarou que está otimista em torno de um "consenso" na legenda para a eleição pelo Paço Municipal.
"Eu estou otimista em termos de consenso progressivo. Senão houver (consenso) em relação ao nome, deve ter em relação ao método de escolha do candidato. Na próxima segunda-feira (26), eu vou reunir de novo o GTE. Eu vou propor uma data para nós chamarmos a Executiva, porque o GTE não tem poder deliberativo, e, por fim, convocarmos o diretório municipal — que é quem de fato toma as decisões relativas ao processo eleitoral", declarou Guilherme Sampaio.
Veja também
Ainda segundo ele, o apoio Resistência Socialista continua sendo em prol do seu nome. "O posicionamento da corrente continua o mesmo de antes", ressaltou.
Caso um nome não seja definido por consenso, o processo de escolha do candidato pode ficar para abril, e não março como o partido havia anunciado anteriormente. A informação foi repassada pelo presidente da sigla na Capital.
Líder da Militância Socialista, o ex-deputado estadual Acrísio Sena disse que seu grupo "vai trabalhar para um consenso progressivo", para que não haja disputa interna.
"O nome que a gente vai defender é o nome que possa ter maior capacidade de coesão interna, ter capacidade de aglutinar nossa base — que não é pequena, são 9 partidos — e, acima de tudo, que seja uma expressão para unificar o partido. Um nome que tenha os nossos principais líderes à frente desse projeto: presidente Lula, ministro Camilo e governador Elmano de Freitas", declarou o petista, que também é presidente do Centro de Ensino Tecnológico do Ceará (Centec).
Ex-vice-governador do Ceará e líder da Esquerda Popular Socialista, Professor Pinheiro informou que está dialogando com outras correntes para tentar construir uma "posição comum". O objetivo, segundo ele, é analisar qual candidatura oferece maior possibilidade de fortalecimento do PT nas eleições, desde chapas de vereadores a discussões mais amplas.
"Na hora que o processo ocorrer, nós vamos nos posicionar publicamente. Vamos ouvir cada um. Eu, pessoalmente, devo ter uma conversa com o deputado Evandro, irei conversar com ele com maior prazer, como conversarei com Luizianne que é uma companheira valorosa do partido", pontuou Pinheiro.