Até o fim deste mês de fevereiro, o Partido dos Trabalhadores (PT) deverá formalizar o processo de escolha do pré-candidato ou pré-candidata à sucessão em Fortaleza. Formalmente, o partido tem três caminhos, um dos quais o mais democrático e, ao mesmo tempo, desgastante: as prévias.
Elas só não acontecerão caso dois terços do diretório municipal optem por um dos cinco nomes na disputa interna ou então submeta a decisão a um grupo de delegados em um encontro Municipal.
Sem convergência de 31 dos 46 membros, a disputa vai para o voto dos militantes do partido na Capital.
A vivência interna petista fez com que essa metodologia, determinada pelo comando nacional petista, sofresse críticas de uma parte dos militantes. Estes acreditam que a decisão do diretório poderia “reduzir a democracia interna”, por retirar o momento das prévias.
Essa metodologia, por outro lado, ao mesmo tempo que reforça as correntes da legenda e a democracia interna, gera preocupação das lideranças pela possibilidade de um desgaste antecipado entre líderes e militantes em uma campanha eleitoral que promete ser acirrada, como é o caso da Capital cearenses.
Em todo o Brasil, há exemplos de disputas em que o partido rachou internamente nas prévias e perdeu força para o embate com os concorrentes em disputas por prefeituras ou governos estaduais.
Esforço de diálogo
Em conversa com esta Coluna, o presidente municipal do partido em Fortaleza, Guilherme Sampaio, relata que o esforço atual é de construir consensos.
“Já conversei com todos os pré-candidatos mais de uma vez. Os diálogos não são conclusivos, mas vão criando avaliações. Acredito muito no diálogo franco, com maturidade política, que parte do sentimento de responsabilidade por termos o governador do Estado e o presidente da República”.
Sob os holofotes, o discurso das lideranças é de busca por entendimentos. Nos bastidores, entretanto, o clima anda quente. Há rusgas, principalmente, entre as pré-candidaturas de Evandro Leitão e Luizianne Lins, as duas de mais destaques para quem olha de fora da legenda.
Recentemente, em um ato de apoio à Luizianne, o secretário de articulação política do governo Elmano, Waldemir Catanho, deu uma declaração indigesta ao presidente da Assembleia Legislativa.
Catanho disse o seguinte: “quem está mais capacitado para vencer essa eleição, a Luizianne ou o deputado Evandro Leitão que se acabou de se filiar ao PT? É simples a resposta”. A declaração caiu como uma bomba no Legislativo e na ala do Palácio Abolição mais simpática a Evandro.
Interlocutores do presidente da Casa consideram que, por ocupar a Secretaria de Articulação Política, e por Evandro ser um presidente de Poder, Catanho não deveria ter feito a citação.
Um conflito a mais para o governador Elmano de Freitas administrar entre seu grupo de aliados.
Correntes internas e seus líderes
Internamente, a corrente com mais votos no diretório municipal é a Resistência Socialista, com 13 votos. O grupo é liderado por Guilherme Sampaio, presidente e um dos pré-candidatos.
Em seguida a aprece a Democracia Socialista, comandada pela deputada federal e pré-candidata Luizianne Lins, com 10 votos.
Na sequência, a corrente Construindo um Novo Brasil ou Campo Democrático, cujo comandante é o deputado federal e líder do governo Lula na Câmara, José Guimarães. Ela tem 7 votos.
O Movimento PT é a tendência liderada pelo deputado federal José Airton, com 6 votos. Essa corrente, recentemente, anunciou apoio ao nome de Evandro Leitão.
O restante da composição é feito por correntes minoritárias como a Militância Socialista, do ex-deputado Acrísio Sena, com dois votos. E a Esquerda Popular Socialista, do ex-vice-governador Professor Pinheiro também com dois votos.
São 46 votos em disputa pelo cinco pré-candidatos que, provavelmente, serão resumidos em dois.