Omar Aziz pede prisão de Roberto Dias durante sessão da CPI da Covid-19; veja como foi
Ex-diretor do Ministério da Saúde foi exonerado do cargo em junho após denúncia de que teria solicitado acréscimo de US$ 1 por dose de vacina em contrato
O presidente da CPI da Covid-19, Omar Aziz, pediu a prisão do ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, ouvido pelos senadores nesta quarta-feira (7). Dias foi exonerado do cargo em junho após denúncia de que teria pedido propina de US$ 1 por dose de vacina da AstraZeneca em negociação.
Aziz afirmou que o depoente mentiu em diversos pontos de sua fala e por isso determinou que a Polícia Legislativa "recolhesse" o ex-diretor do MS.
Veja o momento do pedido de prisão
"Ele vai ser recolhido agora pela polícia do Senado. Ele está mentindo desde a manhã, dei chance para ele o tempo todo. Pedi por favor, pedi várias vezes. E tem coisas que não dá para admitir. Os áudios que nós temos do Dominghetti são claros", afirmou Aziz.
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Os senadores afirmam ter provas de que o ex-diretor negociou a compra de vacinas em nome do ministério, algo que Dias negou durante a oitiva. "O senhor está detido pela presidência", afirmou Aziz.
O presidente da CPI pediu para que o sistema de som da sala reproduzisse áudios que, segundo ele, confirmavam a participação de Dias na compra de vacinas sob suspeita de corrupção. Os áudios foram publicados no site da CNN Brasil e, segundo a emissora, contestam a versão de que o encontro entre Dias e o policial Luiz Paulo Dominghetti foi acidental.
A advogada do ex-diretor protestou e afirmou que a prisão seria uma ilegalidade, e que ele estaria colaborando com a CPI desde a manhã desta quarta.
Senadores pediram que Omar Aziz reconsiderasse o pedido de prisão por isonomia com outros depoentes que, segundo eles, também mentiram e tiveram negados os pedidos de prisão.
Aziz negou: "Tenho sido desrespeitado aqui na presidência da CPI ouvindo historinhas. Não aceito que a CPI vire chacota. Ele está sendo preso por mentir, por perjúrio, e se eu estiver cometendo abuso de autoridade, que a advogada dele ou qualquer outro senador me processe".
O depoimento de Dias
O ex-diretor de logística do Ministério da Saúde confirmou o jantar no dia 25 de fevereiro com o policial militar Luiz Paulo Dominghetti Pereira, revelado pelo jornal Folha de S.Paulo, mas negou ter cobrado propina para negociar vacinas ao Governo Federal.
O diretor, exonerado logo após a denúncia de propina, disse aos senadores que não tratava da compra dos imunizantes, apesar de reconhecer que conversou por mensagens de celular e por email com representantes da Davati Medical Supply.
Durante o depoimento, Dias disse que negou um cargo a Luís Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, que junto com o irmão, o deputado Luís Miranda (DEM-RJ), denunciou suspeitas de irregularidades na negociação do governo de Jair Bolsonaro para compra de vacinas contra o coronavírus
O deputado do DEM acusou Ferreira Dias de mentir e de ser corrupto. O ex-diretor é acusado de ser o autor de algumas das pressões para agilizar a importação do imunizante indiano Covaxin.
"Confesso que neguei um pedido de cargo para seu irmão servidor. E por um momento pensei que pudesse ser uma retaliação. E confesso que sempre achei desproporcional demais. Mas agora, o que se deslinda, é a possibilidade de ter ocorrido uma frustração no campo econômico também", afirmou Dias.
Luís Miranda atribuiu a fala do ex-funcionário da Saúde a uma estratégia do governo. O parlamentar disse ao Estadão que o único pedido feito por ele a Dias foi para reservar 500 mil respiradores para Brasília.
"É o famoso comentário que segue a mesma estratégia de todos. Desconstruir a testemunha. Fazer ter uma dúvida para que a base bolsonarista faça um recortezinho", afirmou Miranda.
O político do DEM negou que o irmão tivesse qualquer pretensão de mudar de cargo. O servidor é chefe de importação do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, setor que era comandado por Dias.
"O que me recordo era que meu irmão queria sair desse departamento pela quantidade de denúncias de rolos, para não chamar de corrupção que esse departamento tem, o DLOG", disse Miranda.
Na CPI, Roberto Dias também negou ter pedido vantagens a Luiz Paulo Dominghetti. O policial militar que o acusou de pedir propina em negociações para compra da vacina AstraZeneca atuou como representante da Davati Medical Supply e, em depoimento à CPI da Covid, na semana passada, ele confirmou ter recebido um pedido de propina de US$ 1 por dose na compra de 400 milhões de doses da vacina.
Veja como foi o depoimento à CPI
[17h50] Omar Aziz ressalta não aceitar que a CPI vire "chacota". O presidente da CPI altera o tom da voz e reafirma a prisão de Roberto Dias por perjúrio. Ele acrescenta que, caso a defesa de Dias discorde, ele pode ser processado. Em seguida, ele termina a sessão.
[17h48] Parlamentares continuam discutindo acerca do pedido de prisão de Roberto Dias.
[17h45] Senador Fabiano Contarato defende, sob arranjos constitucionais, que a prisão de alguem só pode ser feita em flagrante. Ele argumenta que Dias, ao cometer perjúrio frente a CPI, configurando um delito, e que a não prisão de outros depoentes, mesmo tendo mentido frente aos parlamentares, foi um erro da Comissão.
[17h44] Simone Tebet sugere uma acareação imediata com participação de Roberto Dias e Élcio Franco. Senadores voltam a discutir sobre pedido de prisão.
[17h40] Thronicke pergunta quem seria o responsável pela negociação da vacina Covaxin no Ministério da Saúde. Roberto Dias pontua que todas as negociações foram feitas pelo ex-secretário-executivo Élcio Franco. A advogada adverte que o depoente não responderá.
[17h38] Soraya Thronicke faz novas perguntas a Roberto Dias, mas a advogada dele alerta afirmando que o depoente não responderá. A parlamentar segue fazendo indagações. Simone Tebet se junta à bancada e conversa com a advogada de Dias.
[17h35] Senadores discutem devido à decisão de Omar Aziz. O relator da CPI, Renan Calheiros, menciona perjúrio por parte do depoente. O presidente da CPI mantém decisão e volta a discutir com outros parlamentares. A advogada de Dias questiona se ex-diretor da Saúde continua em posição de testemunha ou se tornou investigado.
[17h31] Comissão reproduz áudio publicado pela CNN que indica participação de Roberto Dias em tratativas.
[17h26] Omar Aziz interrompe novo questionamento de Randolfe Rodrigues e alerta que Roberto Dias será recolhido pela Polícia do Senado. Advogada de Roberto Dias alega que pedido é um "absurdo" e que o depoente deu "contribuições valiosíssimas".
A deputada Soraya Thronicke (PSL) diz querer inquirir o depoente ainda durante a sessão. Eliziane Gama faz apelo a Dias e à advogada dele para que a verdade seja dita à Comissão e a prisão seja evitada.
[17h21] Fabiano Contarato destaca esperar que Roberto Dias seja indiciado criminalmente, ao fim dos trabalhos da CPI, após a coleta de provas.
[17h20] O senador Contarato retoma afirmação de Dias sobre a negociação com a Davati ter sido "uma das várias frustradas" das quais o depoente tinha notícia, perguntando-lhe quais seriam as outras. O depoente aponta as tratativas a cargo do reverendo Amilton Gomes.
[17h16] Após contextualização de Contarato sobre contratos, Roberto Dias se defende: "Se existe algum tipo de irregularidade no contrato, não necessariamente eu a cometi". Ele argumenta que foi o responsável por apontar "vício insanável" acerca do documento, e o parlamentar assegura que a CPI verificará o assunto.
[17h09] Fabiano Contarato (Rede) inicia sua inquirição. Ele critica a participação de Dias na CPI e o equipara à servidora Regina Célia, que depôs aos parlamentares nessa terça (6), classificando-o como um "burocrata com pouco ou nenhum poder e sem qualquer informação útil sobre os esquemas sob investigação".
[17h07] Randolfe Rodrigues pergunta a Dias quem era o consultor jurídico na época da assinatura do contrato. O depoente indica o nome de Jailor Capelossi.
[17h04] Ao finalizar considerações, Tebet apequena o assunto hidroxicloroquina dados os assuntos tratados ao longo da CPI.
[16h57] A parlamentar pergunta se Dias teve acesso ao processo para assinatura da nota de empenho relativa a contrato relacionados à Precisa e à Bharat Biotech. Dias, inicialmente, explica alguns pontos sobre contratos internacionais.
[16h49] A senadora Simone Tebet (MDB) começa seus questionamentos. Ela inicia trazendo algumas percepções acerca do andamento dos trabalhos da CPI. Em seguida, faz algumas indagações sobre as funções de militares na Pasta, as quais são respondidas pelo depoente.
[16h39] Senador Luís Carlos Heinze (PP) inicia considerações. Ele começa rebatendo afirmações dos senadores Eduardo Girão e Fernando Bezerra.
[16h37] Omar Aziz pergunta se Dias sabe quem foi o responsável pela nomeação dos diretores dos hospitais federais do Rio de Janeiro. Roberto Dias diz "não fazer a menor ideia".
[16h33] Alessandro Vieira pergunta se Roberto Dias esteve em alguma reunião com o senador Davi Alcolumbre sobre respiradores. Dias afirma não se lembrar desse encontro.
O parlamentar, em seguida, indaga se ele se reuniu com Alcolumbre na condição de diretor de Logística em relação a crise sobre indicação da Anvisa. O depoente diz que não.
[16h30] Roberto Dias diz que, na altura da primeira verificação feita com Cristiano, a empresa era a Latin Air Support, e que tal proposta está em e-mail do dia 22 de fevereiro. Ele diz que escutou falar da Davati apenas no dia 26 de fevereiro e que não houve contato contínuo com Dominguetti posteriormente.
[16h25] O parlamentar pergunta se a presença de militares no MS gerou benefícios ao serviço público ou à melhoria do trabalho da Pasta. O depoente diz que não houve melhorias, ressalvando a opinião ao setor dele.
[16h22] Senador Alessandro Vieira (Cidadania) inicia indagações. Ele faz sequência de perguntas objetas acerca do trabalho de Dias na Pasta em relação a contratos. O depoente ressalta já ter trabalhado com uma grande quantidade de documentos do tipo.
[16h21] Depois de considerações de Dias, Randolfe Rodrigues, agora na presidência da mesa, conclui que o MS majorou o preço da vacina.
[16h09] Roberto Dias, em resposta a série de questionamentos, enumera detalhes de procedimentos realizados por ele na Pasta. Ele pontua não ter estado no MS após sua exoneração. Izalci Lucas pergunta se ele conhece o servidor Thiago Fernandes, e o depoente diz que sim. Logo depois, ele pergunta sobre a recomendação de Thiago, e Roberto Dias diz desconhecer proposta problematizada pelo servidor.
[15h59] Senador Izalci Lucas (PSDB) começa questionamentos. O parlamentar indaga, retoricamente, o porquê de o termo de referência do contrato só ter sido concluído duas semanas após assinatura do documento contratual. Ele menciona, na pergunta, a recomendação da Diretoria de Integridade de suspensão do contrato e o fato de o servidor Thiago Fernandes da Costa ter recomendado renegociação ao Departamento de Logística. Ele emenda outras perguntas.
[15h54] Omar Aziz pergunta a Roberto Dias se houve alguma ordem dada pelo ex-ministro Eduardo Pazuello a ele ou ao coronel Élcio Franco que não fora cumprida no Ministério da Saúde (MS) por desacordo ou por achar que ela não era correta. O depoente diz não ter ordem cumprida ou descumprida na memória.
[15h40] Senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), líder do Governo no Senado, inicia considerações. Ele inicia citando intenções de Bolsonaro de colaborar com a CPI. Em seu discurso, ele também diz que nenhum ato jurídico de negociação fora realizado por Dias, mas "meras sondagens iniciais" com o intuito de verificar a viabilidade da oferta. O parlamentar finaliza pontuando não ter questionamentos a ele, e apenas cumprimenta o depoente.
[15h39] Randolfe Rodrigues pergunta se Roberto Dias teve algum contato com o deputado Ricardo Barros. O depoente diz que algumas vezes, mencionando o período e sua estada em Brasília. Calheiros emenda se ele conhece Ronaldo Dias e o que ele fazia, e o depoente responde que se trata de seu primo, presidente de um laboratório na Bahia.
[15h31] Rogério Carvalho pergunta, de modo retórico, por que o depoente autorizou o contrato da vacina Covaxin com indício de fraudes, fazendo considerações sobre o andamento da CPI. Ele ressalta que a intenção dele era de fazer duas indagações, concluindo que Dias se manteve no cargo por pressão política e que o depoente mantinha relações estreitas com a Davati por meio de Cristiano Carvalho e Luiz Paulo Dominguetti.
"A gente tá diante de mais uma pessoa que vem aqui para confundir a opinião pública e tenta não esclarecer o que a gente tá vivendo".
[15h20] Questionado sobre o primeiro encontro com Luiz Paulo Dominguetti, Roberto Dias afirma que o conheceu no dia 25 de fevereiro. Após ler documento, Rogério Carvalho aponta que o primeiro contato ocorreu em 10 de fevereiro, sendo contestado por Dias — o depoente diz que se tratava de Cristiano Carvalho, outro representante da Davati.
Em seguida, o senador reproduz sequência de áudios pontuando contatos entre pessoas relativas ao assunto, concluindo que o contato ocorrera no dia 10. "Acho que esses áudios mostram e deixam para todos os brasileiros uma dúvida: quem está falando a verdade?", questiona.
[15h18] Sessão é retomada. No momento, o senador Rogério Carvalho (PT) faz considerações. O parlamentar pergunta a Dias se o Departamento de Logística (DLog) é subordinado ao Ministério da Saúde, o que é confirmado pelo depoente.
[14h55] - Sessão inicia pausa de 20 minutos.
[13h45] - Dias afirma que Dominghetti é "um mentiroso". A afirmação ocorreu após Jorginho pedir que ele respondesse sobre o que pensa de cada um dos envolvidos, citando o nome deles.
Além da fala sobre Dominghetti, ele disse que o deputado Luis Miranda "precisaria dar algumas explicações de todas as ligações e conexões que acidentalmente apareceram".
[13h40] - O senador Jorginho Mello (PL-SC) diz que, depois das acusações levantadas pelos irmãos Miranda, os seus amigos teriam dito que eles queriam fazer "uma cortina de fumaça". Dito isso, ele questiona a Dias se há uma tentativa de golpe contrao o governo.
"Não consigo fazer leitura se existe golpe ou não, mas um fato claro é a presença e aparição desse senhor com denúncias tão absurdas", respondeu Dias.
[13h47] - Questionado se Miranda havia falado sobre algum diálogo com o presidente, Dias disse que, "no domingo (20 de março), esteve com o deputado Luis Miranda, que o cumprimentou e disse: ‘poxa, obrigado pela força que você dá ao meu irmão’ lá", afirmou. Ele disse que, no dia, estavam em Guarulhos recebendo uma carga.
[13h34] - Sessão foi retomada
[13h30] - Sessão foi pausada brevemente
[13h19] - Dias confirmou o jantar com o tenente-coronel Marcelo Blanco e Dominguetti, mas negou que tenha marcado o evento. Segundo ele, foi um econtro casual. "Fui sozinho", afirmou ao senador Randolfe Rodrigues.
[12h47] - Senador Humberto Costa (PT-PE) lê atribuições do cargo de direitor de Departamento de Logística do Ministério da Saúde.
[12h30] - Dias afirma novamente que não era responsável por negociar vacinas antiCovid na pasta federal.
"Negociação de preço de vacina de Covid-19 não era minha atribuição"
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) questina por que o ex-diretor realizou reunião com Dominguetti parar tratar de vacinas, se não era responsável pelas negociações de imunizantes no Ministério da Saúde.
"Na reunião oficial, em agenda oficial, ela foi tão somente para que lhe entregasse o documento que atestaria que a empresa dele representa a AstraZeneca. Não entregou e isso não foi à frente", responde.
[12h10] -
"Por que que o senhor, depois dessa portaria, foi discutir vacina se o senhor não tinha autoridade nenhuma para discutir vacina?"
[12h00] - Senadores batem boca por documento apresentado por Renan Calheiros (MDB-AL). Documento cita "Memória de Reunião", quando relator chama arquivo de "proposta".
[11h39] - O ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias negou que tenha intermediado uma reunião entre o policial militar Luiz Paulo Dominguetti e o coronel Elcio Franco, então secretário-executivo da pasta. Dias também negou que tenha encaminhado a instâncias superiores a proposta de Dominguetti para venda de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca.
[11h18] - Em resposta a Omar Aziz, Roberto Dias disse que não participou dos processos de compra das vacinas Pfizer, AstraZeneca ou Janssen. Esclareceu que sua participação nesses processos se dava apenas "a nível operacional". Em relação a negociações com a Davati, disse que sua participação limitou-se a comprovar a disponibilidade para venda dos 400 milhões de doses.
Não me coube negociar vacinas com Pfizer, com Janssen, com ninguém
[11h06] - O relator Renan Calheiros (MDB-AL) mostrou aos senadores print com um diálogo entre o policial militar e representante comercial Luiz Paulo Dominguetti Pereira e Cristiano Alberto Carvalho, CEO da Davati no Brasil. No diálogo, Cristiano diz que cada secretário-executivo do Ministério da Saúde tem nas mãos um orçamento de R$ 5 bilhões. Dias negou o fato e voltou a criticar Dominguett.
[11h05] - Omar Aziz (PSD-AM) comentou que as Forças Armadas devem estar envergonhadas de algumas pessoas que estão na mídia atualmente.
[10h58] - Dias relata que conversas com Dominguetti não continuaram por que ele não apresentou carta que comprovasse vínculo com a AstraZeneca.
[10h40] - Presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), chama a atenção do suposto envolvimento de militares em escândalos de corrupção.
“Os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados… Fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das forças armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo”
[10h30] - Dias relata que estava tomando um "chope casual" com um amigo, chamado José Ricardo Santana, em um restaurante quando foi surpreendido pelo coronel do Exército Marcelo Blanco, ex-assessor no departamento de logística do Ministério da Saúde na gestão de Roberto Ferreira Dias. O militar levou ao jantar o policial Dominguetti.
O depoente confirma que foi mencionado a proposta de vacina na ocasião, mas volta a negar que pediu propina ao suposto representante da empresa Davati.
"Não combinei encontro com outras pessoas além desta [amigo], agora, muito possivelmente o coronel Blanco sabia que eu estava nesse restaurante por alguma mensagem ou telefonema", detalha.
Senadores concluem que "empresário" mencionado por Dominguetti em depoimento à CPI se trata de José Ricardo Santana. Segundo Dias, ele não é empresário.
[10h20] - Ao ser questionado sobre qual é sua relação com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Dias afirma que nunca falou com ele ou com os seus filhos.
"O mais próximo que cheguei do presidente foi cinco metros. Nunca falei com ele", explica.
[10h15] -
"Fui acusado por um picareta [Dominghetti] que tentava dar golpes em estados e municípios. E por um deputado [Luiz Miranda] que possui um currículo controverso."
[10h08] - Roberto Dias nega que tenha chegado ao Ministério da Saúde por indicação do deputado Ricardo Barros (PP-PR). Em seguida, ele explica que o então deputado Abelardo Lupion enviou seu currículo ao então ministro da Saúde Henrique Mandetta, que o nomeou.
[10h06] - Relator da CPI Renan Calheiros [MDB-AL] inicia perguntas.
[10h03] - Ex-servidor questiona o fato de seu caso e da Covaxin envolver o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF). "Teria eu atrapalhado algum negócio do deputado?", questiona Roberto Dias e, em seguida, revela que negou um pedido feito pelo político para indicar o irmão dele, Luis Ricardo Miranda, a um cargo do Ministro da Saúde.
[10h] -
"Nunca houve nenhum pedido [de propina] meu a esse senhor [Dominguetti], além de documentos que nunca foram apresentados".
[09h59] - O ex-servidor contaria denúncia de irmãos Miranda, dizendo que não participação na escolha da empresa no caso da Covaxin: "Nunca houve pressão minha sobre o funcionário"
[09h56] - O ex-diretor diz que está há dez dias sendo "massacrado" na imprensa e afirma que nunca pediu propina a Dominguetti.
"Em 25 de junho, fui injustamente acusado nessa CPI de pressionar um servidor".
[09h53] - Depoente Roberto Ferreira Dias se junta à sessão.
[09h51] - Senadores aprovam três requerimentos de convocação apresentados pelo vice-presidente da comissão Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Confira os nomes:
- reverendo Amilton Gomes;
- Andreia Lima, CEO da VTC Operadora Logística,
- William Amorim, servidor do Ministério da Saúde.
Os pedidos de quebra de sigilos e outras informações que, inicialmente estavam na pauta do dia, foram retirados até que relatórios que chegaram à CPI sejam analisados.
[09h48] - Sessão é aberta.
Pedido de propina
O suposto esquema envolvendo Dias foi revelado pelo policial militar Luiz Paulo Dominguetti, que se diz representante da empresa Davati Medical Supply. Em oitiva na comissão ele confirmou ter recebido a proposta ilegal de Dias ao oferecer 400 milhões de doses do imunizante ao Ministério da Saúde.
"[Dias disse] que a vacina, naquele valor [US$ 3,50], não seria feita a aquisição pelo Ministério. A conversa começou assim: 'Olha, nós temos que melhorar esse valor'. Aí, eu disse: 'Mas eu tenho que tentar um desconto, eu não tenho [como dar desconto]'"
"[Ele respondeu] 'não, mas não é [para baixo]. É para cima, é para mais'. E, aí, se pediu [a propina], porque se tinha que compor dentro do Ministério, e se pediu o acréscimo de US$ 1 por dose. Eu, já de imediato, já disse que não teria como fazer", completou Dominguetti.
Ao portal G1, a empresa Davati Medical Supply negou que o cabo da PM seja representante do empreendimento no Brasil e admitiu que não tem convênio com a AstraZeneca. O laboratório ainda afirmou que não possui empresas privadas como representantes e que só vende imunizantes contra a Covid para governos e organismos multilaterais.
Trajetória no Ministério da Saúde
Dias resistiu as trocas de três ministros, e ao pedido para sua demissão, que havia sido encaminhado em outubro de 2020 pelo general Eduardo Pazuello ao Palácio do Planalto.
O servidor público, porém, foi exonerado em 29 de junho, horas após o jornal Folha de S.Paulo publicar a entrevista de Luiz Paulo Dominguetti Pereira.
Dias comandava, desde janeiro de 2019, uma das áreas mais cobiçadas por partidos políticos no Ministério da Saúde, que é responsável por pagamentos de cerca de R$ 10 bilhões anuais para compra de medicamentos e outros insumos.
O valor nas mãos do ex-diretor disparou na pandemia. Apenas em 2021, o Departamento de Logística empenhou mais de R$ 30 bilhões, principalmente para a compra de vacinas contra a Covid-19. Esse quantitativo representa, por exemplo, cerca de três vezes o orçamento total aprovado para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
Depoimento
Na oitiva desta quarta-feira, os senadores desejam conhecer a versão de Dias sobre o suposto pedido de propina e destrinchar dúvidas sobre a aquisições da pasta durante a pandemia, especialmente a da vacina indiana Covaxin.
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Dias reconhece o encontro com Dominguetti em um restaurante de Brasília, mas nega ter conversado sobre a venda de vacinas e cobrado propina. Em nota, ele ainda disse que pode ter sido usado como "fantoche para algo".
'Nada acontece se o Roberto não quiser'
Os requerimentos para a convocação de Dias foram apresentados pelos senadores Humberto Costa (PT-PE) e Otto Alencar (PSD-BA). Nos pedidos, os parlamentares querem esclarecer também o suposto envolvimento de Roberto Ferreira Dias em irregularidades na compra de outro imunizante: o indiano Covaxin.
Segundo Costa, Dias assinou um “contrato bilionário” para a compra da vacina, o que vem sendo investigado pela CPI.
A existência de denúncias de irregularidades em torno da Covaxin foi revelada pela Folha de S.Paulo no dia 18 de junho, com a divulgação do depoimento sigiloso do servidor da Saúde Luis Ricardo Miranda ao Ministério Público Federal.
Esse mesmo servidor e o irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), falaram na comissão parlamentar que alertaram o presidente Jair Bolsonaro sobre as supostas irregularidades.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o deputado Miranda contou que Dias é quem dá as cartas no setor das compras do Ministério da Saúde. "Nada ali acontece se o Roberto não quiser."