Com cenário dividido, quadro eleitoral em Aquiraz deve ser acirrado até outubro
Até o momento, há duas pré-candidaturas postas na cidade: a do atual prefeito, Bruno Gonçalves (PL), e do vereador Jair Silva (PP)
O cenário eleitoral em Aquiraz para 2024 já se desenhava, pelo menos, desde o início do atual mandato. Os embates entre o prefeito Bruno Gonçalves (PL) e a Câmara Municipal evidenciaram uma figura que deve encabeçar a chapa de oposição: o vereador Jair Silva (PP). Ambos devem disputar o comando da cidade nas urnas em outubro.
Até o momento, esses são os dois nomes postos, e o cenário não deve mudar muito até agosto, prazo para a apresentação de candidaturas. Isso porque os dois concentram partidos e lideranças no seu entorno para dar sustentação à empreitada eleitoral.
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Com um amplo arco de aliança, Bruno Gonçalves e Jair Silva podem conquistar, de cada lado, volumosos recursos de financiamento de campanha, o Fundo Eleitoral.
Diante do cenário dividido, a tendência é que o clima se acirre cada vez mais na política aquirazense até outubro.
Na base
Há cerca de um mês, o prefeito Bruno Gonçalves mostrou certeza sobre a sua pré-candidatura à reeleição, só não confirmou se será pelo PL. O grupo estuda migração para o PRD, o Democracia Cristã (DC) ou “algumas correntes maiores”, disse o gestor.
A primeira legenda é resultado de fusão recente do PTB com o Patriota, que acomodou Acilon e seus seguidores antes da filiação ao PL, em 2019. Com isso, a sigla passou a ter acesso a um Fundo Partidário de R$ 22 milhões, que custearão as suas atividades e que atraem olhares de políticos em busca de estruturar aliados em um mesmo bolo.
Questionado sobre a possibilidade de embarque no PRD, Acilon Gonçalves – seu pai, prefeito de Eusébio e tutor do grupo político – disse que “este deverá ser um dos partidos que vai compor o arco de aliança nos diversos municípios”, sem dar mais detalhes.
Já em relação ao posto de vice-prefeito na chapa, Bruno afirma que haverá troca para as eleições devido ao seu atual parceiro de gestão, Agenor Mota (PSD), já ocupar o cargo pelo segundo mandato consecutivo. Em 2016, ele foi eleito ao lado de Edson Sá (à época, do PMDB, hoje, MDB), que encabeçou a chapa. Agenor foi procurado pelo Diário do Nordeste para comentar sobre os próximos passos, mas ainda não deu retorno.
O prefeito enfrentou um mandato turbulento nos primeiros três anos, pelo menos, com a formação de um volumoso bloco de oposição. Este era representado por nove vereadores contra seis da base.
Entre críticas e obstruções, o grupo também emplacou processos administrativos na Câmara Municipal. A denúncia de maior repercussão foi a que tratava sobre a suposta aquisição superfaturada de merenda escolar, que também ocorreria fora do período letivo. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigava o assunto já concluiu os trabalhos e enviou o relatório para as autoridades.
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Com o passar do tempo, Bruno Gonçalves conseguiu reverter parte do conflito no Legislativo, incorporando cinco parlamentares do G9 para a base. Ganho para o atual prefeito, perda para o presidente da Câmara, Jair Silva, que deve rivalizar com o chefe do Executivo nas eleições de outubro.
Na oposição
Eleito pelo PP em 2020, Jair Silva deve aproveitar a janela partidária e se filiar ao PT entre março e abril, angariando apoio direto à empreitada ao Executivo. O vereador está munido do capital político não só da cúpula petista, mas também do senador Cid Gomes (PSB) e do ex-prefeito Edson Sá (PSB), que governou Aquiraz por dois mandatos, entre 2009 e 2012 e entre 2017 e 2020.
A união com o ex-gestor mostra que a estratégia eleitoral ocorre em dobradinha com Eusébio não apenas na base, mas também na oposição, uma vez que o pessebista é pré-candidato ao Executivo da cidade vizinha. Essa é uma chance de emplacar um aliado em Aquiraz um pleito após a derrota de Edson para Bruno Gonçalves, na sua tentativa de reeleição.
Até o momento, Jair Silva afirma ter o apoio de PT, PCdoB, PV, PSB, Podemos, Republicanos, MDB, Solidariedade, Rede e Psol, dez partidos. Além disso, frisa o apoio expresso de lideranças como o ministro Camilo Santana (PT), o governador Elmano de Freitas (PT) e os deputados Evandro Leitão (PT) e José Guimarães (PT), além de Cid.
Quanto à posição de vice-prefeito na sua chapa, a cautela é a mesma: o vereador informou que esse assunto ainda está em discussão. Um direcionamento mais claro será dado após a janela partidária. “Estamos conversando até com (os nossos) opositores, tentando construir. Os diálogos vão se intensificar até as convenções”, explicou.
O período de convenções partidárias é aquele destinado à escolha dos candidatos ao pleito, indicados em ata enviada à Justiça Eleitoral. Neste ano, as atividades duram de 20 de julho a 5 de agosto. Para a oficialização dos postulantes, as agremiações terão até 15 de agosto.
“Toda a oposição fechou com esse projeto. (Estamos trabalhando) com intermédio de vereadores, ex-vereadores, ex-prefeitos, ex-vice-prefeitos, presidentes de partidos, de associações, com representantes de movimentos sociais e outros”, afirma Jair.
Impasse
Como também concorreu a Prefeitura em 2020, o PDT foi procurado pelo Diário do Nordeste para entender se deve estar na disputa local novamente. À época com Edson Sá, que buscava a reeleição, a legenda foi derrotada pelo PL com Bruno Gonçalves.
Até o momento, contudo, não houve resposta. Atualmente, o partido estrutura diretórios em todo o Estado, após o desmonte com a saída de lideranças para o PSB, por isso alguns chaveamentos ainda são difíceis de visualizar.
Pré-candidatos em Aquiraz:
- Bruno Gonçalves (PL): atual prefeito e busca a reeleição. É ex-deputado e filho do prefeito do Eusébio, Acilon Gonçalves (PL);
- Jair Silva (PP): presidente da Câmara Municipal de Aquiraz, vereador há vários mandatos e forte rival de Gonçalves. Deve se filiar ao PT na janela partidária.