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Cinco cidades cearenses nunca reelegeram prefeitos; 27 cidades só reelegeram prefeito uma vez

O sucesso ao tentar reeleição é majoritário no Ceará, com 97,2% dos municípios já tendo reeleito pelo menos um prefeito

Escrito por Luana Barros , luana.barros@svm.com.br
Juazeiro do Norte
Legenda: Juazeiro do Norte é um dos cinco municípios cearenses que nunca reelegeu um prefeito
Foto: Divulgação/ Lanio Silva

Em Juazeiro do Norte, há quem fale de uma profecia de Padre Cícero para justificar o fato de a cidade jamais ter reeleito um prefeito. A cada eleição municipal, quem está no comando da Prefeitura tenta quebrar a 'tradição', mas sem sucesso. A cidade do Cariri cearense, contudo, não é a única sem registros de reeleição para a prefeitura. 

No Ceará, cinco municípios nunca reelegeram um chefe do Executivo. Além de Juazeiro do Norte, as cidades de Baturité, Maranguape, Santana do Acaraú e São Luís do Curu possuem esse histórico. A informação é de levantamento do Diário do Nordeste a partir de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

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A reeleição é permitida no Brasil desde 1997, quando uma Proposta de Emenda à Constituição foi aprovada pelo Congresso Nacional. Antes disso, só era possível permanecer no cargo por um mandato. Desde então, seis eleições municipais foram realizadas com a possibilidade dos gestores municipais concorrerem à reeleição. Em 97,2% dos municípios cearenses, os prefeitos conseguiram permanecer oito anos consecutivos no comando da prefeitura. 

Apesar disso, em algumas dessas cidades, a reeleição não é tão fácil: 27 delas só reelegeram o prefeito uma vez ao longo desses mais de 25 anos. 

O que pode explicar o fenômeno?

A cientista política Mariana Dionísio pontua que existe no Brasil "uma forte tendência" à reeleição. Algo que não é exclusividade das disputas municipais — afinal, governadores e presidente também podem ser eleitos para o segundo mandato consecutivo. 

Professora de Teoria Política da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Monalisa Torres pontua que aqueles que são candidatos à reeleição partem "de outro nível". "Existe um capital político conquistado no cargo, além da possibilidade de uso das realizações durante a gestão, o que coloca o prefeito "em um cenário favorável em relação aos demais concorrentes". 

Torres elenca hipóteses pelas quais os municípios de Juazeiro do Norte, Baturité, Maranguape, Santana do Acaraú e São Luís do Curu não seguem essa tendência. 

"Por exemplo, não há uma única elite política consolidada. É possível haver elites, elites no plural, grupos políticos no plural, que conseguem se alternar. E isso acaba pluralizando, diversificando muito mais a competição eleitoral e favorecendo a alternância no poder. Diferente de outros lugares, a gente vê elites políticas que conseguem se concentrar e vão minando e vão engolindo, em alguma medida, a oposição e isso acaba favorecendo a permanência do mesmo grupo no poder", pontua. 

Dionísio cita que os eleitores tendem a "seguir a mesma legenda do último pleito na hora de votar, sobretudo se essa legenda tiver nomes conhecidos e aprovados". Mas existem variáveis que podem modificar essa tendência, "como a estabilidade de nomes no cenário eleitoral local e a visibilidade sobre os interesses prioritários dos eleitores".

Ela também lista algumas razões prováveis para que os municípios citados sejam uma exceção à 'regra' da reeleição. 

"A combinação perfeita entre a cultura política local, que projeta novo fôlego de seus candidatos a cada eleição, e uma possível baixa capacidade para a reunião de recursos da máquina pública. Somado a isso, a tradicional falta de coesão entre governadores e candidatos à prefeitura desses municípios nos processos eleitorais recentes torna ainda mais complexa a ideia de continuidade", argumenta.

Eleitos mais de uma vez

Não ter sucesso na reeleição não significa que políticos não tenham conseguido comandar a prefeitura mais de uma vez. Em Baturité, Juazeiro do Norte e Maranguape, por exemplo, o mesmo político foi eleito mais de uma vez para o cargo de prefeito. 

Em Juazeiro, o já citado Padre Cícero ficou à frente da cidade — fundada por ele — em duas ocasiões. A primeira delas entre 1911 e 1912, logo que o povoado foi elevado à cidade. Em 1913, foi deposto pelo governador do Ceará na época, Franco Rabelo. 

Ele retorna ao cargo em 1914 e fica até 1926 — sendo o prefeito que passou mais tempo no posto, na história de Juazeiro do Norte. 

Em um período mais recente, Raimundo Antônio Macedo, o Raimundão, também esteve na cadeira de prefeito de Juazeiro do Norte mais de uma vez. Ele foi eleito em duas ocasiões: 2004 e 2012. Ele foi candidato à reeleição apenas uma vez, em 2016. Na época, perdeu para Arnon Bezerra. 

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Nas cidades de Baturité e Maranguape também existem casos de prefeito que foram eleitos mais de uma vez, apesar de nenhum deles ter sido reeleito. 

Em 1996, por exemplo, Fernando Lima Lopes foi eleito prefeito de Baturité. Apesar de ter concorrido, ele não conseguiu se reeleger em 2000 — por uma diferença de menos de 100 votos com Clovis Amora, o Clovim, eleito naquele ano. Em 2004, Dr. Fernando voltou a ser eleito e ficou no cargo de 2005 a 2008, quando não foi candidato à reeleição.  

O atual prefeito de Maranguape, Átila Câmara (PSB) também está pela segunda vez à frente do Município. Ele foi eleito pela primeira vez em 2012 para a Prefeitura de Maranguape, mas não conseguiu se reeleger em 2016. Em 2020, venceu novamente uma disputa eleitoral e retomou o posto. Neste ano, é pré-candidato à reeleição.

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