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Baú da Política: a história da cidade cearense que nunca reelegeu um prefeito

Prefeito Glêdson Bezerra revelou ao Diário do Nordeste que tentará permanecer por mais quatro ano no comando da cidade, mas, para isso, precisará quebrar uma tradição dos juazeirenses

Escrito por Igor Cavalcante , igor.cavalcante@svm.com.br

Alguns dizem que é profecia de Padre Cícero, outros falam que é apenas coincidência, fato é que a cidade de Juazeiro do Norte, no Cariri, nunca reelegeu um prefeito. Alguns mandatários, como o próprio santo popular, primeiro a comandar a cidade, até assumiram mais de uma vez a Prefeitura, mas jamais de forma contínua — à época, a reeleição ainda não era permitida.

Desde 1997, quando mandatários foram autorizados a disputar dois mandatos consecutivos no Brasil, sete prefeitos já assumiram a chefia da Cidade, sem contar o atual mandatário, Glêdson Bezerra (Podemos), contudo, o tabu segue intacto.

Agora, chegou a vez do próprio Glêdson tentar quebrar a tradição. Em junho, durante entrevista ao Diário do Nordeste, ele disse que planeja disputar novamente o cargo no próximo ano.

“Temos um projeto que eu entendo ser extremamente bem consolidado. Em dois anos e meio, nós temos números impressionantes para apresentar, porém, sabemos que dois anos e meio é um tempo muito curto para realização de grandes políticas públicas que precisam ser desenvolvidas no decorrer dos anos e não apenas de um mandato de um prefeito”, declarou o mandatário.

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No mês passado, durante entrevista à live do PontoPoder, o político voltou a comentar a pretensão de ser o primeiro prefeito reeleito de Juazeiro do Norte e minimizou o tabu.

“Sempre que me perguntam, eu digo que tem um peso e um alívio. O alívio é que Juazeiro do Norte tem gigantes da história política, tem várias pessoas que passaram e foram deputados federais, estaduais e vice-prefeitos, gigantes mesmo que ajudaram a construir nossa cidade, mas nenhum deles foi reeleito. Então, se nenhum deles foi reeleito, calma aí, tira um pouquinho o peso das costas, não existe a obrigação de ser reeleito porque ninguém foi, o peso fica mitigado”, disse.

“Por outro lado, essa mesma variável é um peso gigante, porque tem gente que se aproveita disso para dizer que foi o Padre Cícero que profetizou que ninguém nunca seria reeleito em Juazeiro do Norte. Tenho dito e aprendi hoje que isso é fake news, foi a primeira fake news envolvendo Padre Cícero, porque ele nunca disse isso”
Bezerra (Podemos)
Prefeito de Juazeiro do Norte

Sem reeleição

Se tiver sucesso nas urnas, Glêdson terá, de fato, realizado um feito que nem lideranças políticas tradicionais da região do Cariri, com destaque estadual, como o ex-prefeito Raimundo de Macêdo, conseguiram. 

Raimundão, inclusive, comandou a Prefeitura de Juazeiro do Norte de 2005 a 2008, no primeiro mandato, e de 2013 a 2016, no segundo. Entre uma gestão e outra, assumiu Manoel Santana (PT), derrotado justamente por Raimundão em sua tentativa de reeleição em 2012.

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Na última eleição, quem tentou quebrar o tabu foi o ex-prefeito Arnon Bezerra (PDT). Com apoio de importantes lideranças do Estado, como o senador Cid Gomes (PDT) e o então governador e hoje ministro Camilo Santana (PT), então chefe do Executivo municipal viu Glêdson Bezerra, com apoio de setores conservadores, vencer nas urnas com uma vantagem de 2,6 mil votos. 

Só coincidência?

A um ano da campanha eleitoral do próximo ano, Glêdson diz apostar que a tradição do juazeirense de não reeleger prefeito seja só “coincidência”.

“Acontece que é uma grande coincidência. Por outro lado, o próprio eleitorado traz consigo a ideia de não reeleger. Eu aposto no que estamos apresentando a título de resultado, sou ávido por resultados, acompanho os números na vírgula de Juazeiro, estou com o núcleo de Gestão e Planejamento, Finanças, enfim, Juazeiro tem muita coisa boa a apresentar”
Glêdson Bezerra (Podemos)
Prefeito de Juazeiro do Norte
“Chegamos em Xangri-Lá? Não. Está tudo resolvido? Lógico que não. É uma cidade centenária, com problemas históricos, problemas atuais e estamos ali para apresentar que quem conseguiu fazer isso aqui pode conseguir mais. O pessoal olha e diz, se gostar, vamos seguir. Se não gostar, vida que segue”, concluiu.

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