'Não muda nada', diz Zezinho sobre apoio do PP a Elmano após a federação com o União Brasil

Secretário de Cidades assegura que a atuação regional das legendas não será afetada

Escrito por
Inácio Aguiar inacio.aguiar@svm.com.br
(Atualizado às 10:16)
Legenda: O PP ocupa postos estratégicos no governo Elmano como a Secretaria de Cidades
Foto: Divulgação

Apesar do lançamento da federação nacional entre União Brasil e Progressistas — batizada de União Progressista —, a direção política do PP no Ceará indica que, pelo menos por enquanto, o novo arranjo não altera os alinhamentos locais. “Não muda nada”, afirmou o secretário das Cidades do Governo Elmano de Freitas (PT), Zezinho Albuquerque, ex-presidente da Assembleia Legislativa e uma das principais lideranças do partido no Estado. 

O movimento nacional, oficializado nesta terça-feira (29), cria uma força política de perfil conservador para disputar, unificada, as eleições de 2026. Como toda federação partidária, União Brasil e Progressistas passam a atuar de forma conjunta em todo o país, o que inclui candidaturas proporcionais para a Câmara dos Deputados e as Assembleias Legislativas. O entendimento também sugere a construção de uma candidatura presidencial alinhada ao campo da direita. 

Alinhamentos locais preservados — por enquanto 

No Ceará, há questões a serem resolvidas. O Progressistas integra, atualmente, a base de apoio do governador Elmano de Freitas (PT). A aliança passa, inclusive, por cargos estratégicos no governo — como é o caso da própria Secretaria das Cidades, ocupada por Zezinho. O deputado federal AJ Albuquerque, filho de Zezinho e presidente estadual do PP, também mantém relação política próxima ao grupo governista. 

O União Brasil, por sua vez, tem uma configuração mais fragmentada no Estado. Enquanto uma ala liderada pelo prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa, também caminha ao lado do Palácio da Abolição, outro segmento puxa a oposição ao Executivo. 

Em contato com esta Coluna, Zezinho procurou minimizar os impactos da federação no tabuleiro cearense. Segundo ele, as articulações para as eleições de 2026 ainda estão distantes e serão tratadas em seu devido tempo. “Isso será discutido em 2026. Agora, o apoio ao governador Elmano continua firme”, disse. 

Descompasso entre nacional e estadual 

A União Progressista revela mais um capítulo do descompasso recorrente entre decisões partidárias em Brasília e suas repercussões nos estados, especialmente em regiões onde lideranças locais mantêm alianças pragmáticas com governos de campo oposto ao das legendas no plano federal. A costura da federação, por exemplo, se alinha à tentativa de construção de um bloco de oposição ao presidente Lula (PT) em 2026. No entanto, nos estados, e até mesmo em Brasília, essa unidade encontra resistências. 

Na prática, a federação obriga uma atuação conjunta dos dois partidos no Legislativo, com fidelidade partidária nos votos, distribuição de recursos e tempo de rádio e TV. Ainda assim, a atuação das legendas tem algum grau de autonomia. O curioso é que os dois partidos têm grupos internos nos governos – Federal e Estadual – e outros na oposição.