Taxativo sobre não apoiar uma candidatura do PDT em Fortaleza, o presidente do PSB Ceará, Eudoro Santana, afirmou que vai dialogar com a direção nacional pessebista a fim de garantir que a posição se mantenha. De toda forma, o dirigente disse à Live do PontoPoder, nesta quinta-feira (16), que tem segurança de que a cúpula não interferirá nesse processo.
"Isso nunca foi discutido (no PSB) porque não está na pauta do partido, mas nós vamos discutir isso com o presidente, até porque há uma demanda de conversas de parlamentares (de saída do PDT) com o próprio partido. Não podemos fazer conversa com um negócio desse atrapalhando, querendo torpedear essa relação", esclareceu.
A declaração do ex-deputado estadual ocorre após o presidente nacional interino do PDT, André Figueiredo, afirmar diversas vezes que o partido só apoiará o PSB em demais capitais se houver a reciprocidade em Fortaleza. O caso de Recife com o prefeito João Campos (PSB), é citado reiteradamente.
Segundo o presidente do PSB Ceará, a federação ventilada com o PDT sequer tem sido discutida na legenda. "Mas houve uma pergunta: como é a relação do PSB com o PDT nos vários estados? Todos responderam de forma muito fria. Em alguns, a relação não está existindo, é ruim, como no Ceará. Não há ambiente, agora, pelo menos, para falarmos de federação", explicou.
"Depois, levantaram se o PSB vai fazer um acordo porque em Pernambuco precisa do PDT para apoiar o PSB, mas isso não existe. Conversei com o presidente do partido, isso não existe. Grande parte são fofocas que começam a surgir para enfraquecer o próprio Cid, o próprio PSB, já que todo mundo sabe das nossas ligações", completou.
Apesar da segurança de que não haverá interferências, Eudoro conclui que em política tudo pode acontecer. E pondera: "(Mesmo assim) tudo pode acontecer, só que conosco não acontecerá, eles vão passar por cima, pisar e tal, porque nós não aceitaremos essa imposição", assinalou.
Aliança e federação
O dirigente também comentou sobre uma possível federação entre PSB e PDT, que poderia mudar o rumo das discussões eleitorais para os próximos quatro anos, pelo menos. O assunto é estudado há cerca de oito meses, mas não avançou.
As alianças locais em vários pontos do País barram essa associação, como é possível observar em capitais como São Paulo, Salvador, Recife, Natal, Curitiba e, claro, Fortaleza. Isso porque, uma vez federadas, as legendas passam a funcionar como uma só pelo quadriênio seguinte, incluindo eleições e configurações no Legislativo.
Muito em razão da aliança nacional entre PSB e PT, que governam o Brasil nas figuras de Geraldo Alckmin e Luiz Inácio Lula da Silva, respectivamente, a capital cearense se torna um exemplo emblemático por romper essa relação. O vice-prefeito Élcio Batista deixou o partido, que meses depois passou a ser comandado por Eudoro, pai do ministro Camilo Santana (PT).
Ex-pedetistas no PSB?
O dirigente deixou claro o interesse em incorporar – se não toda – boa parte dos dissidentes pedetistas à legenda socialista. No intervalo de uma semana, 14 deputados (além de suplentes) e 43 prefeitos decidiram se desfiliar do PDT, decisão tomada sob a liderança do senador Cid Gomes.
A proximidade de Eudoro e do grupo petista ao ex-governador pode garantir espaço no PSB para alguns dos ex-PDT. O destino dessas figuras, entretanto, segue incerto. Uma definição nesse sentido pode ser consolidada durante a janela partidária, que ocorre seis meses antes das eleições municipais de 2024, marcadas para outubro.
Em última hipótese, caso a cúpula pessebista defendesse o apoio a uma candidatura do PDT, que deve seguir sob o comando do grupo ligado a Ciro Gomes e André Figueiredo, Eudoro foi direto: "não só deixaria (o partido) como lutaria muito antes de deixar para inviabilizar isso".