Depois do cerco feito por partidos do Centrão para atrair a filiação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o presidente deve se filiar ao Partido Liberal (PL) no dia 22 de novembro para concorrer à reeleição no ano que vem. A decisão inicia um processo de reestruturação de alianças capaz de mudar o foco da sigla no Ceará, que, regionalmente, aglutina grupos da base do governador Camilo Santana (PT) e parlamentares bolsonaristas.
"A conta não bate, não tem como o PL agradar o grupo do presidente e do governador", diz o deputado federal Dr. Jaziel que, juntamente com a esposa, a deputada estadual Dra. Silvana, é ex-integrante da base governista e um dos aliados de primeira ordem de Bolsonaro.
Ambos foram eleitos em 2018 como integrantes da base de Camilo, mas, diante do fortalecimento do grupo de apoio ao presidente da República no Estado, passaram a adotar discurso de oposição, principalmente em pautas ideológicas.
No Ceará, o PL também conta com o deputado federal Junior Mano. Ao Diário do Nordeste, não quis comentar a expectativa de mudanças e disse que está aguardando a filiação do presidente e o encontro com a cúpula do partido.
O lado aliado
Em outra ponta, está o presidente estadual do PL e prefeito do Eusébio, Acilon Gonçalves. Próximo a Camilo e com forte influência na Região Metropolitana, Acilon deverá se reunir com o Diretório Nacional do PL na quarta-feira (17). Antes, preferiu não falar sobre as mudanças no partido.
Ele é o integrante da sigla mais próximo da base do governador. Na segunda-feira (8), participou de um evento na Câmara Municipal de Fortaleza ao lado do prefeito José Sarto (PDT) e do ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT). Acilon é pai do também filiado ao PL Bruno Gonçalves, prefeito de Aquiraz, na Região Metropolitana.
Confirmada a entrada de Bolsonaro no PL e às vésperas de um ano eleitoral, aumentarão as pressões por um posicionamento, inclusive porque os aliados de Bolsonaro já se mobilizam por palanque que fortaleça a campanha bolsonarista no Ceará.
União Brasil
Partidos com situação semelhante no Ceará são DEM e PSL, que aguardam oficialização da fusão das legendas, que deve dar vida ao União Brasil. No Estado, o DEM é liderado pelo senador atualmente em exercício, Chiquinho Feitosa, ligado à base governista.
Durante sua posse no Senado, como suplente de Tasso Jereissati (PSDB), no início de novembro, Chiquinho foi prestigiado pelas principais lideranças governistas no Ceará, desde o governador Camilo Santana (PT) ao presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, Antônio Henrique (PDT).
Em contrapartida, o PSL é ligado ao grupo do deputado federal e pré-candidato ao Governo, Capitão Wagner (Pros). Com a criação do União Brasil, os candidatos pelo novo grupo em 2022 contarão com ampla estrutura partidária, tempo de rádio e TV e recursos do fundo eleitoral.