Mais de 93 mil candidatos realizaram a prova de reaplicação do Enem 2023 nesta terça-feira (12). Estudantes de todo o País responderam questões de Linguagens e Ciências Humanas, além da produção da redação, que teve como tema "Desafios para a (re)inserção socioeconômica da população em situação de rua no Brasil".
O exame foi aplicado para os candidatos que solicitaram a reaplicação do exame e para as pessoas privadas de liberdade (Enem PPL).
Conforme o Inep, estão aptas a realizar a nova prova pessoas que possuem doenças infectocontagiosas, problemas logísticos relacionados a desastres naturais, como também distâncias dos locais de prova superiores a 30 quilômetros da residência dos alunos.
Prova
O formato da avaliação é o mesmo da versão regular, com 180 questões objetivas de Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e uma redação.
O segundo dia de provas ocorre nesta quarta-feira (13), que consiste em 45 questões de Ciências da Natureza e suas Tecnologias e 45 questões de Matemática e suas Tecnologias.
Segundo informações da EBC, há provas em penitenciárias, cadeias públicas, centros de detenção provisória e instituições de medidas socioeducativas. Os resultados desta modalidade que, entre outros aspectos, contribui para elevar a escolaridade da população prisional brasileira, são comparáveis aos do exame regular. A única diferença está na aplicação, que ocorre dentro de unidades prisionais e socioeducativas indicadas pelas unidades da Federação.
Segundo o Inep, neste ano, 84.169 do total de inscritos para reaplicação são pessoas privadas de liberdade (PPL) e 9.451 de pedidos de reaplicação.
O gabarito oficial será divulgado no dia 27 de dezembro e o resultado será disponibilizado no dia 16 de janeiro em cada página do participante.
Professores analisam o tema da redação e propõem soluções
Sobre o tema da redação escolhido neste ano para o Enem PPL, Ademar Celedônio, diretor de ensino e inovação do SAS Educação, pontua que a população em situação de rua representa um segmento significativo e frequentemente marginalizado, com fatores socioeconômicos que incluem desemprego, desigualdade, falta de moradia acessível e muitas vezes questões de saúde mental e dependência química.
"Muito importante o Enem ter abordado esse tema porque traz um processo que a gente poderia pensar numa reintegração socioeconômica dessa população de rua. É um desafio que exige uma abordagem holística, empática. Tem que reconhecer a dignidade e o potencial de cada indivíduo, que é possível avançar em direção a uma sociedade mais inclusiva, mais justa, uma solução que passa por políticas públicas eficazes, parcerias entre setores e uma mudança na percepção social sobre essa questão tão urgente", avalia.
Soluções
Segundo o profissional, os alunos poderiam propor como solução programas de primeiro emprego, apoio à saúde mental e combate à dependência, programas de capacitação e qualificação profissional, principalmente adaptadas à necessidade dessa população, e incentivos fiscais para que empresas empreguem pessoas em situação de rua.
Já Vinicius Beltrão, coordenador de ensino e inovação do SAS Educação, argumenta que o estudante precisa trazer um repertório que comprove o conhecimento sobre o assunto. Ele citou dados de que, no Brasil, entre 2019 e 2022, houve um crescimento de 38% da população em situação de rua e os estados em que isso mais ficou explícito foram São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal. São quase 300 mil pessoas nesse quadro hoje no país
Causas
O coordenador indica que o problema tem como motivos, não só o pós-pandemia, mas a crise econômica que abalou o mundo. "Muitas famílias perderam o seu poder econômico, mas a gente tem questões como a ausência de vínculos familiares também, perda de algum ente querido, vítimas da violência, do alcoolismo, do uso de drogas que aumentou bastante e também de doenças mentais", detalhou.
De acordo com Beltrão, o candidato também deve estar ciente do contexto de políticas públicas aplicadas no Brasil hoje.
"As políticas públicas que têm sido implementadas na atual gestão, que inclusive recentemente aprovou um pacote bastante interessante que prevê, pensando no orçamento de 2024, tratar as pessoas em situação de vulnerabilidade social, em situação de rua, pensando na assistência social, familiar, à saúde, trabalho, emprego e no combate à fome", afirma.
"Não é simplesmente fornecer abrigos ou lares, mas também trabalhar com propostas para que essas pessoas consigam ter acesso à educação, à saúde e ao trabalho para que elas possam não só se manter, mas se desenvolver, de fato, se reinserir na sociedade de forma digna", conclui.