Preferência é por funcionalidade e pouco espaço
Mercado imobiliário cearense precisou se adaptar para atender ao público que quer morar sozinho
Um dos setores mais beneficiados com a crescente demanda dos solteiros por produtos e serviços é exatamente o mercado imobiliário, tendo em vista que muitas pessoas estão procurando o primeiro imóvel para viverem sozinhas. De acordo com representantes do setor, o que este público mais busca são apartamentos pequenos e funcionais, mas que sejam bem localizados, com áreas de lazer diversificadas e até ambientes para trabalho, como, por exemplo, uma sala para home office.
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A pesquisa Raio-X FipeZap do primeiro trimestre de 2016, divulgada em maio deste ano, mostrou, por exemplo, que 46% das pessoas que compraram imóvel no Brasil nos últimos 12 meses o fizeram com a intenção de morarem sozinhas, enquanto apenas 10% estavam investindo para viverem com alguém. Além disso, 46% dos entrevistados afirmaram que pretendiam adquirir um imóvel nos próximos meses.
"O público solteiro vem crescendo, pois essas pessoas estão começando a trabalhar cedo e querem um lugar para chamar de seu. Assim, a procura por apartamentos menores, que exigem menos trabalho para manutenção, tem aumentando bastante", ressalta o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), André Montenegro.
Área menor
Segundo ele, um levantamento realizado recentemente pelo Sinduscon-CE apontou, inclusive, que os imóveis mais procurados pelos fortalezenses estão na faixa de 45 a 50 metros quadrados (m²) e que o estoque de residências assim ainda é muito reduzido na Capital cearense, o que dá margem para o mercado crescer. Ele destaca, porém, que os solteiros não abrem mão de uma localização privilegiada para fecharem negócio.
"Essas pessoas trabalham, estudam, gostam de estar com os amigos. Assim, elas não desejam morar longe disso tudo. Querem investir suas economias em apartamentos situados em bairros bons e que ofereçam opções de lazer", destaca Montenegro.
Sinuca, choperia e até pub
Além da localização e do tamanho, outro detalhe bastante observado pelos solteiros na hora de investir em um imóvel são os serviços que aquele empreendimento pode oferecer. Segundo Marcos Novaes, presidente da Novaes Engenharia e ex-presidente da Cooperativa da Construção Civil do Ceará (Coopercon-CE), é preciso oferecer um produto que contenha "uma base logística de trabalho e lazer".
"Ter piscina e uma churrasqueira não é mais suficiente para atender a demanda desses consumidores. Eles querem sinuca, querem uma choperia para receber os amigos, um home office para trabalhar. Os solteiros, aliás, são um público ainda mais exigente", afirma o empresário sobre o comportamento destes consumidores.
Lançamentos
Com obras iniciadas em janeiro de 2015, o Open Residence, da Novaes Engenharia, mostra o leque de serviços buscados pelos solteiros. O condomínio ainda contará, por exemplo, com deck molhado na cobertura, quadra poliesportiva, salão de jogos, home office com banheiro, cadeiras de relaxamento, sauna, deck gourmet com churrasqueira, forno de pizza e chopeira, além do SportBar, um pub tipicamente londrino.
"Também vamos lançar, no início de 2017, o Inovatto, na Cidade dos Funcionários, que será um empreendimento completamente voltado para o público jovem e solteiro, com apartamentos de 49 m². Essa tendência começou em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, mas já está chegando com força total em Fortaleza", reforça Novaes.
Valor do condomínio
Outro detalhe que pesa na escolha do imóvel é o custo do condomínio. Segundo o presidente da Novaes Engenharia, um empreendimento voltado para o público solteiro não pode exigir uma despesa mensal superior a R$ 350,00. "Acho que um condomínio acima deste valor já perde um pouco o apelo", pondera.
Conforme diz, é importante, portanto, que o empresário calcule bem na hora de apostar em um produto assim, já que os jovens não possuem, em sua maioria, um poderio financeiro que permita sustentar despesas muito elevadas todo mês.
"São pessoas que começam a trabalhar, fazem uma poupança e decidem investir em um imóvel, que pode ser parcelado em até 35 anos. Tem gente que abre mão até do primeiro veículo para conseguir morar sozinho", observa o empresário.
Marcos Novaes reforça ainda que a tendência vem para ficar, já que pesquisas de mercado apontam uma demanda cada vez maior por imóveis compactos, principalmente quando a demanda parte da classe média.
"A geração canguru, que vivia com os pais até os 40 anos, está dando espaço para um nova geração que não é muito apegada às bases ortodoxas do passado. Eles querem experimentar. E viver sozinho é uma das maiores experiências", diz o presidente da Novas Engenharia.