Solteiros agitam mercado consumidor

Com mais pessoas morando sozinhas, diversos segmentos do Estado se adaptaram para atender a esta demanda que, a cada dia, torna-se mais evidente e motivadora de novos negócios

Escrito por Áquila Leite - Repórter ,

Viver com os pais até o casamento, até os 30, 40 anos, ou, em alguns casos, nunca sair de casa. A chamada "geração canguru" já foi bastante presente na sociedade brasileira, mas, nos últimos anos, tem dado espaço para jovens cada vez mais inquietos e dispostos a experimentar as mais diferentes experiências, dentre as quais morar sozinho. Atualmente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 33,9% dos brasileiros entre 20 e 34 anos já vivem sozinhos, demandando um série de produtos e serviços diferenciados. É neste cenário que muitas empresas têm se destacado, já que conseguem ver a tendência como oportunidade.

>Supermercados apostam nas porções menores

>Preferência é por funcionalidade e pouco espaço

Para se ter uma ideia, entre 2004 e 2013, o número de pessoas morando sozinhas cresceu 35% no Brasil, mostrando que a tendência não é recente, mas faz parte de todo um processo social. De acordo com o IBGE, já são mais de 89 milhões de solteiros no País, além de quase 16 milhões de pessoas viúvas, separadas ou divorciadas. Desse total, o Instituto estima que mais de 10 milhões morem sozinhos. Diferentemente das pessoas que vivem em família, os solteiros emergem com novas exigências para diversos segmentos da economia, seja demandando alimentos em embalagens menores, refeições prontas e individuais, frutas fatiadas, imóveis mais compactos e até serviços de limpeza ou reparos em domicílio. "A palavra da vez é praticidade. É isso que as pessoas que moram sozinhas estão procurando e é importante que o mercado entenda esta demanda", destaca o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, Severino Ramalho Neto.

Alta na crise

A praticidade e funcionalidade, portanto, despontam como principais requisitos para atrair as pessoas que vivem sozinhas, que já formam um mercado consumidor muito importante. Para se ter uma ideia, algumas empresas que apostam neste público têm apresentado crescimento de mais de 50% em seu faturamento deste ano, mesmo com o Brasil passando por cenário de instabilidade econômica e elevação do desemprego.

"Há, sem dúvida, um grande aumento deste público nos últimos anos, o que exige que as empresas estejam antenadas nas oportunidades que surgem. É exatamente a visão de longo prazo que está dando lucro para quem sabe usar a criatividade e transformar esta demanda em negócio", diz a diretora institucional da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), Cláudia Brilhante.

Segundo ela, as pessoas que moram sozinhas acabam trazendo demandas que também são aproveitadas por famílias de três, quatro pessoas. "Um pai ou uma mãe que passa o dia trabalhando, por exemplo, pode comprar porções individuais de alimentos e deixar para os filhos. O leque é muito grande. Em praticamente qualquer lugar que você chega atualmente há comida em pote, em embalagens práticas. As demandas que surgem entre os solteiros crescem e impactam em todo o mercado".

Espaço para crescer

Ainda segundo a diretora institucional da Fecomércio-CE, é importante que as empresas entendam que esta demanda alavancada pelas pessoas que vivem sozinhas veio para ficar, e que provavelmente crescerá ainda mais nos próximos anos. "O comportamento dos brasileiros está mudando. Assim, é fundamental que as empresas, os comerciantes e prestadores de serviços acompanhem este crescimento", reforça. "O importante é ser criativo. E neste quesito o cearense sai na frente", opina.

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