Nem toda mudança de preço de combustível tem relação com Petrobras, diz presidente da estatal
O presidente da Petrobras esteve hoje em debate com o plenário da Câmara dos Deputados
O presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, disse nesta terça-feira (14) que nem todas as alterações de preços de combustíveis têm relação direta com atuações da estatal.
"Quando há flutuação dos preços, não quer dizer que a Petrobras teve alguma atuação sobre o preço", afirmou, durante um debate sobre a situação da operação das usinas térmicas, o preço dos combustíveis e outros assuntos relacionados à empresa no plenário da Câmara dos Deputados.
Segundo ele, a parte que corresponde à estatal é de aproximadamente R$ 2, considerando um preço de R$ 6. "O que impacta é o ICMS e outros impostos federais, como PIS e Cofins", comentou.
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No governo Michel Temer, a Petrobras alterou a sua política de preços de combustíveis para seguir a paridade com o mercado internacional. Ou seja, os preços de venda dos combustíveis praticados pela estatal passaram a seguir o valor do petróleo no mercado internacional e a variação cambial.
Impacto das commodities
Dessa forma, uma cotação mais elevada da commodity e uma desvalorização do real têm potencial para contribuir com uma alta de preços no Brasil.
A formação do preço dos combustíveis é composta pelo preço cobrado pela Petrobras nas refinarias (a maior margem), mais tributos federais (PIS/Pasep, Cofins e Cide) e estadual (ICMS), além do custo de distribuição e revenda. Há ainda o custo do etanol anidro na gasolina, e o diesel tem a incidência do biodiesel.
Bolsonaro já reclamou publicamente da alta dos preços e tirou Roberto Castelo Branco do comando da estatal no início deste ano. Ele foi substituído por Silva e Luna.
Em algumas cidades do País, o preço do litro da gasolina já passa dos R$ 7 - e se transformou num dos vilões da inflação deste ano, responsável por afetar duramente o orçamento das famílias brasileiras.
Alta do dólar
Silva e Luna salientou que o dólar forte torna todas as commodities mais caras. "Repassamos aumentos estruturais, não os conjunturais, para reduzir volatilidade", argumentou.
Respondendo ao questionamento de um parlamentar, o general disse que a estatal compensou a queda de entrega de gás para o Nordeste com diesel e comentou que a Petrobras saiu da Operação Lava Jato "sozinha" e passou a ser empresa sólida.
Sobre campanha publicitária, ele disse que a decisão foi tomada para esclarecer à sociedade o que cabe à empresa na formação de preço dos combustíveis. "Não é provocação", garantiu.
Reservas em riqueza
O presidente da Petrobras disse também ter pressa de que as reservas brasileiras se transformem em riqueza. "Vamos produzir cada vez mais", previu.
Segundo o general, a estatal teve momento difícil, mas já saiu dessa fase e, direto aos brasileiros afirmou: "orgulhe-se da Petrobras".
Comentou também que os uniformes da companhia emprestam uma espécie de "elegância moral" a todos que têm orgulho de vesti-los. "O que importa para o Brasil, importa para a Petrobras", disse.
Silva e Luna salientou ainda que duas vendas de refinarias foram frustradas, mas que a empreitada será retomada. Além disso, destacou que outras quatro estão em curso.
Presidente culpa ICMS
Os preços cobrados nas bombas viraram motivo de embate entre o presidente e os governadores. Bolsonaro tem cobrado publicamente que os estados reduzam o ICMS, imposto estadual, para que, dessa forma, os preços da gasolina e do diesel recuem.
Na noite de segunda-feira (13) o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), criticou a gestão da Petrobras, causando forte reação nos papéis da petroleira em Nova York. A mensagem foi publicada no Twitter após a Casa confirmar que o presidente da estatal participaria do debate.
"Tudo caro: gasolina, diesel, gás de cozinha. O que a Petrobras tem a ver com isso? Amanhã [hoje], a partir das 9h, o plenário vira Comissão Geral para questionar o peso dos preços da empresa no bolso de todos nós. A Petrobras deve ser lembrada: os brasileiros são seus acionistas", escreveu o presidente da Câmara.
Após as declarações do presidente da Câmara, o ADR da Petrobras em Nova York mergulhou mais de 2% na sessão estendida. Depois de certa oscilação, o papel encerrou o pregão extra da segunda-feira em US$ 10,19, baixa de 1,16%.
Crise hídrica
Já sobre a crise hídrica, com a consequência de uma crise energética, o presidente da estatal disse que se arrasta "há algum tempo" e deve perdurar até novembro. "Estamos necessitando de várias mãos para encontrar um caminho", afirmou.
Ele destacou que a companhia ampliou a capacidade instalada e de entrega de gás de 2 GW para 8 GW. "Nosso comprometimento é com a situação que vivemos nesse momento", afirmou, repetindo que a estatal é controlada por vários setores.
O general comentou há um contrato com a térmica de Linhares (ES) até 2025 e que a Petrobras vai cumprir com o fornecimento o gás.
Ele disse que a térmica Norte Fluminense tinha problema, mas voltou a funcionar de forma plena hoje, que a Térmica Santa Cruz está em manutenção programada, mas que volta a operar em 30 de setembro, e que a companhia atende hoje quase toda a demanda de gás no Nordeste.
O presidente da Petrobras também previu que, em outubro, estará com operações em 100%, além de citar a situação da produção em vários outros Estados questionados pelos parlamentares.