Fortaleza deve implementar bicicletas elétricas a partir do próximo ano, diz presidente da Citinova
Em painel do Seminário de Mobilidade Elétrica, promovido pela Fiec, o presidente detalhou ações da capital como laboratório de mobilidade elétrica
Diante do cenário de mobilidade elétrica, o Brasil ainda dá os primeiros passos para alcançar a transição por uma malha de transporte mais limpa e sustentável. Em Fortaleza, bicicletas elétricas devem ser implementadas a partir do ano que vem, de acordo com Luiz Alberto Sabóia, presidente da Fundação de Ciência, Tecnologia e Inovação de Fortaleza (Citinova).
No segundo dia do Seminário de Mobilidade Elétrica, realização da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), especialistas em conhecimento e inovação apresentaram os desafios e estratégias que estão sendo realizadas no Brasil para alcançar um desenvolvimento sustentável no setor de transportes.
Veja também
Por meio da Citinova, a capital cearense se insere como um laboratório de mobilidade elétrica trabalhando em quatro eixos: compartilhamento de veículos elétricos, micrologística urbana, ciclomobilidade elétrica e transporte coletivo elétrico.
Conforme Sabóia, além dos projetos já desempenhados – Vamo e Re-Ciclo, há um plano de implantar bicicletas elétricas a partir do próximo ano em algumas estações do Bicicletar. Existe ainda um projeto piloto já desenhado para transportes coletivos elétricos.
O modelo consiste na operação de 15 veículos, inicialmente, em três corredores principais, ajustando-se ao longo do tempo.
“Fortaleza está disposta a tocar projetos pilotos de mobilidade, com parcerias com empresas, startups, instituições de pesquisa para fazer essas experimentações que funcionem como vetor de disseminação”.
O painel trouxe cases do setor de todo o País, além do papel da mobilidade sustentável e do desenvolvimento desse mercado com a moderação de Joaquim Rolim e participação de Luiz Alberto Sabóia, presidente da Fundação de Ciência, Tecnologia e Inovação de Fortaleza (Citinova); Adalberto Maluf, diretor de Marketing, Sustentabilidade e Novos negócios da Build Your Dream (BYD Brasil).
Além de Carlos Eduardo Souza, diretor B2G da Enel X; José Antonio de Souza Brito, gerente Corporativo de Pesquisa e Desenvolvimento da Neoenergia; André Fiuza, gestor de Mobilidade do Grupo Newland; e Carlos Novaes, cofundador e diretor executivo do Grilo Mobilidade e Tecnologia.
Educação como estratégia
O primeiro painel do dia contou com a participação de Roberta Knopki, assessora técnica da GIZ; Iony Patriota de Siqueira, diretor Técnico e VP do CIGRE-Brasil; Fernando Nunes, diretor presidente do Parque Tecnológico da Universidade Federal do Ceará (UFC); Joaquim Rolim, coordenador de Energia da FIEC; e moderação de Sampaio Filho, presidente do SIMEC (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Ceará).
Para Roberta Knopki, que atua ainda no Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica (PNME), o mercado está em transição e não há volta, o que torna imprescindível atualizar os currículos de graduação e pós-graduação.
“É preciso entender o que as empresas demandam para que essa incorporação à educação garanta a empregabilidade desses funcionários”, além de fornecer a mão de obra necessária para que esses projetos sejam implementados no país.
Pelo PNME, o grupo de trabalho realizou a criação de novos conteúdos para o ensino superior sobre mobilidade elétrica com a elaboração de ementas para mais de 15 instituições do país. De acordo com Knopki, essa atualização deve chegar ao mercado em até dois anos.
Tecnologia e integração
Já Joaquim Rolim, por sua vez, destacou a necessidade de investimentos em tecnologias e na garantia de segurança jurídica para que esse processo aconteça. A internet das coisas – que conecta diversos aparelhos, a exemplo de smartwatches e casas conectadas – tem um papel fundamental, segundo Rolim.
"As residências do futuro vão ser integradas e conectadas, com termostatos programados por exemplo. É necessário avançar muito em termos de regulação e tecnologias, as baterias já avançaram bastante, os custos já reduziram muito, mas precisam reduzir ainda mais”.
A tese é reforçada por Iony Patriota de Siqueira, que pontuou os desafios da mobilidade elétrica para o setor, como o gap tecnológico e regulatório, escassez de eletropostos, volatilidade da carga veicular, entre outros.
Ainda há muito a evoluir
Encerrando o evento, Luiz Otávio Goi Junior, gerente de SGI e Sustentabilidade na Vulcabras e especialista em Sustentabilidade Corporativa e ESG, apresentou a palestra “A agenda ESG como impulsionadora da mobilidade elétrica”.
“O Brasil ainda está engatinhando e uma pesquisa aponta que só vamos ter 10% de novos veículos elétricos em 2030. Por mais que tenhamos uma grande evolução, até 2035, somente 30% dos veículos que vão estar circulando vão ser elétricos. Esses desafios nos mostram os caminhos que vamos ter que fazer para alterar isso”.
Apesar disso, há muitas vantagens em todo o país, inclusive no Ceará. Segundo o especialista, o estado tem 200 mil MW de potencial de energia eólica seja no mar seja na terra, além de 650 mil MW de potencial solar.
“Tudo isso mostra o quanto podemos evoluir nessas agendas ESG, não é possível chegar ao carbono zero se não atuar com as plataformas de transporte. Nós precisamos entender que a mobilidade elétrica é fator primordial para essas agendas”, acrescenta.