Dólar sobe pela 5ª sessão com temores sobre classificação de risco do Brasil

O dólar avançou 0,15%, a R$ 3,3690 na venda. Na máxima da sessão, a moeda norte-americana avançou 2% e atingiu R$ 3,4353, maior nível intradia desde 21 de março de 2003 (R$ 3,4600)

Escrito por Reuters ,

O dólar fechou em alta pela quinta sessão consecutiva nesta terça-feira, depois que a Standard & Poor's sinalizou que o País pode perder o grau de investimento, mas o avanço foi limitado porque investidores ponderaram que a deterioração da nota do País já estava parcialmente embutida nos preços.

O dólar avançou 0,15%, a R$ 3,3690 na venda. Na máxima da sessão, a moeda norte-americana avançou 2% e atingiu R$ 3,4353, maior nível intradia desde 21 de março de 2003 (R$ 3,4600). Nas últimas cinco sessões, incluindo essa, a divisa já acumulou alta de 6,17%. "O mercado estava esperando algo semelhante. A surpresa é que veio da S&P, e não da Moody's", afirmou o economista da 4Cast Pedro Tuesta, lembrando que a Moody's está prestes a avaliar a nota do país novamente.

Tuesta argumentou ainda que a alta do dólar perdeu força à tarde após a analista da S&P Lisa Schineller dizer que espera que o cenário fiscal melhore e que o país evitará o rebaixamento. "Não sei por que pioraram a perspectiva, então", afirmou o economista.

A agência, que já tem a nota do Brasil no último degrau antes de perder o grau de investimento, argumentou que sua decisão vem da série de investigações de corrupção envolvendo empresas e políticos, que pesam cada vez mais sobre os cenários econômico e fiscal brasileiros. Informou ainda que o país enfrenta circunstâncias políticas e econômicas desafiadoras.

Investidores já vinham demonstrado preocupação com a possibilidade de o Brasil perder seu grau de investimento, após cortes nas metas fiscais do governo deste e dos próximos anos surpreenderem e decepcionarem os mercados financeiros.

O cenário político conturbado também pesa neste momento, em que o governo depende muito do Congresso --em pé de guerra com o Executivo-- para aprovar as medidas de ajustes fiscais. Nesta manhã, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, voltou a afirmar que fará todos os esforços junto ao Legislativo "para garantir a previsibilidade fiscal".

O atual momento do mercado de câmbio também fez investidores redobrarem a atenção sobre a intervenção do Banco Central, já que a valorização da moeda norte-americana tende a pressionar a inflação ao encarecer importados. O sinal mais imediato será o anúncio da rolagem dos swaps cambiais que vencem em setembro, equivalentes a venda futura de dólares.  

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.