O que é burnon, o novo vilão do mundo corporativo

Legenda: Pessoas com Burnout apresentam exaustão, performance reduzida e uma distância mental do trabalho, enquanto com o Burnon, as pessoas afetadas descrevem uma conexão demasiadamente próxima e entusiástica com seu trabalho
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Nos últimos anos, um termo tem ganhado destaque nos corredores das empresas e nos escritórios ao redor do mundo: Burnon. Enquanto o Burnout já é uma condição amplamente reconhecida, o Burnon surge como uma nova perspectiva sobre o estresse crônico no trabalho, destacando uma realidade preocupante: profissionais continuam produtivos apesar da exaustão, funcionando no limite, sem entrar em colapso. Será?

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O termo "Burnon" foi criado pelos psicólogos Timo Schiele e Bert te Wildt, da clínica psicossomática em Kloster Dießen, próximo a Munique, que oferece tratamento a pacientes com síndrome de Burnout. Essa definição nasceu da necessidade de descrever uma realidade cada vez mais comum nos ambientes corporativos. Ela se refere ao estado de estresse crônico no trabalho, no qual os profissionais enfrentam demandas excessivas e pressão constante, mas ainda conseguem manter uma aparente produtividade.

Pessoas com Burnout apresentam exaustão, performance reduzida e uma distância mental do trabalho, enquanto com o Burnon, segundo Timo Schiele, as pessoas afetadas descrevem uma conexão demasiadamente próxima e entusiástica com seu trabalho, às vezes mais como uma superexcitação. Você conhece algum profissional que passa a sensação de estar sempre eletrificado? Cheio de compromissos, eventos, grupos de networking e que é apaixonado pelo trabalho? Pois é, essa pessoa pode estar com Burnon, colocando em risco sua saúde física e emocional.

Diversos fatores contribuem para o desenvolvimento dessa síndrome, incluindo paixão pelo trabalho, carga de trabalho excessiva, busca pelo reconhecimento, pressão por resultados, dificuldade de lidar com os próprios erros e limitações, negligenciar as próprias necessidades, perfeccionismo e ambientes tóxicos. Para prevenir o Burnon, é essencial que tanto os profissionais quanto as organizações adotem medidas que promovam o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, incentivem uma cultura de apoio e respeito mútuo e reconheçam a importância do bem-estar dos colaboradores. Qual seria o primeiro passo? Reconhecer que esse ritmo intenso pode ser um problema, apesar da sensação de satisfação de realização. 

Quais são os sintomas e os seus impactos?

Os sintomas do Burnon são diversos e variam de pessoa para pessoa, e incluem uma combinação de sinais físicos, emocionais e comportamentais. Embora os profissionais afetados possam parecer funcionar normalmente, internamente estão enfrentando um verdadeiro desgaste emocional e físico, que pode levar a consequências graves para sua saúde e bem-estar. Alguns dos sintomas mais comuns são:

  1. Cansaço extremo: sensação constante de fadiga e exaustão, mesmo após períodos de descanso adequado.
  2. Irritabilidade: tendência a ficar facilmente frustrado, impaciente ou irritado, mesmo em situações cotidianas.
  3. Dificuldade de concentração: incapacidade de manter o foco nas tarefas, dificultando o desempenho eficaz no trabalho.
  4. Insônia: dificuldade em adormecer ou permanecer dormindo durante a noite, mesmo quando se está cansado.
  5. Alterações de humor: variações frequentes de humor, que podem incluir sentimentos de tristeza, ansiedade ou apatia.
  6. Problemas de saúde física: dores de cabeça, dores musculares, problemas gastrointestinais e outros sintomas físicos relacionados ao estresse crônico.
  7. Isolamento social: tendência a se afastar de amigos, familiares e colegas de trabalho, devido à exaustão emocional e ao desgaste.

Os impactos do Burnon são profundos e amplos, afetando tanto o indivíduo quanto o ambiente de trabalho. Essa condição pode desencadear uma série de problemas de saúde física, como hipertensão, problemas cardíacos, comprometimento do sistema imunológico e distúrbios do sono, ao mesmo tempo em que contribui para o desenvolvimento de problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e síndrome do pânico.

Além disso, profissionais afetados pelo Burnon tendem a apresentar um desempenho prejudicado no trabalho, devido à dificuldade de concentração, redução da produtividade e maior propensão a erros. Esse quadro também impacta negativamente os relacionamentos pessoais e profissionais, comprometendo significativamente o bem-estar geral do indivíduo, levando-o a sentimentos de desesperança, desânimo e desespero em relação ao trabalho e à vida em geral.

As organizações, por sua vez, com colaboradores sobrecarregados e estressados, tendem ao aumento do absenteísmo e da rotatividade, além de impactos negativos na cultura organizacional. Portanto, é fundamental que as empresas adotem políticas e práticas que promovam um ambiente de trabalho saudável e equilibrado.

O que as empresas podem fazer para prevenir o Burnon?

Algumas ações básicas podem fazer toda a diferença! Estabelecer e negociar metas realistas, com prazos coerentes; definir prioridades considerando todo o escopo de atividades do profissional; contar com líderes mais humanizados e situacionais; oferecer programas de apoio ao bem-estar mental e emocional dos colaboradores; promover uma cultura organizacional que valorize o equilíbrio entre vida pessoal e profissional; incentivar pausas regulares durante o trabalho para descanso e recuperação de energia; e proporcionar oportunidades de desenvolvimento profissional e crescimento pessoal.

Essas são apenas algumas das medidas que as empresas podem adotar para prevenir o Burnon e criar um ambiente de trabalho mais saudável e sustentável para todos os colaboradores.

A roda de hamster de Regina

Regina tem 37 anos e é gerente de uma indústria que possui um quadro de funcionários predominantemente masculino. Iniciou sua carreira na empresa em cargo operacional e sempre se destacou pela sua força de trabalho e competência. Assumia sempre atividades extras as suas reais atribuições e suas entregas sempre foram vistas como relevantes para a empresa. 

Regina foi evoluindo ao longo de sua trajetória e, depois de dez anos na organização, assumiu um cargo gerencial de grande responsabilidade. Apaixonada pelo que fazia, nunca sentiu a necessidade de parar e os vários sintomas que começou a sentir foram ignorados. Dores no pescoço, nas costas, enxaquecas e, em alguns momentos, até desesperança com relação às melhorias no ambiente de trabalho. 

Depois de dois anos no cargo, Regina foi afastada por ser diagnosticada com síndrome de Burnout. Seria ela vítima de Burnon que virou mais tarde burnout? Depois do seu afastamento, em pouco tempo, quis voltar à rotina de trabalho, mesmo contrariando as orientações da área de recursos humanos. Hoje, Regina atua em home office e afirma se sentir mais feliz, acolhida e capaz. Afirma que o retorno não prejudicou a sua recuperação. Será? 

Reflexões: 

Para a empresa:
Como podemos garantir que nossos colaboradores se sintam apoiados e valorizados em seu ambiente de trabalho, promovendo equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional?

Para o profissional:
Como posso priorizar meu bem-estar emocional e mental, garantindo que estou cuidando de mim mesmo enquanto busco alcançar meus objetivos profissionais?

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*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.

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