Banco Mundial aprova US$ 6,5 milhões para o Ceará ter centro tecnológico de combustíveis sintéticos no Pecém
O Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) já tem US$ 6,5 milhões — o equivalente a R$ 33,3 milhões — aprovados pelo Banco Mundial para investir em um centro de inovação para combustíveis sintéticos renováveis (sem a utilização do petróleo) para a descarbonização dos transportes, incluindo o aéreo. A assinatura do contrato está prevista para 2025.
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O equipamento será instalando em uma área de 7 hectares e deve sair do papel em até cinco anos após a liberação dos recursos, segundo o Cipp.
O plano é unir a indústria e academia para estimular tecnologias voltadas para o desenvolvimento de produtos a partir do Hidrogênio Verde (H₂V) a ser fabricado no próprio complexo para atrair investidores.
Potencial do Ceará
Conforme explica o integrante da Assessoria Técnica para Transição Energética do Sesi-Senai Ceará, Felipe Frutuoso, os combustíveis sintéticos são produzidos a partir de processos químicos para unir o hidrogênio e o carbono.
Portanto, o Ceará terá condições favoráveis para desenvolvê-lo, já que terá H₂V em abundância e poderá extrair o carbono do biogás ou de biomassas feitas da casca do coco e da castanha.
No centro de inovação localizado no Cipp, o objetivo é construir uma planta para produção de combustíveis verdes, utilizando o H₂V e a biomassa residual, que são rejeitos de produção e possuem pouco valor comercial, para extrair o carbono e, por meio de processos químicos, produzir combustíveis verdes”, detalha.
Frutuoso enumera que poderão ser fabricados:
- Combustível sustentável de aviação;
- Diesel verde;
- Gasolina verde;
- Metanol;
- Outros a serem utilizados em motores, geradores e plantas industriais para descarbonizar os processos.
A descarbonização por meio dos biocombustíveis
Frutuoso observa que a transição energética mira nos transportes porque o setor é responsável por ¼ das emissões globais dos gases do efeito estufa (CO2), conforme a Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena, na sigla em inglês). Ou seja, o segmento é mais responsivo para alcançar as metas climáticas.
No entanto, pondera, é preciso avaliar questões regionais e como ganhar velocidade nos planos de mobilidade carbono zero. “No mundo inteiro, há um movimento de transição para substituir os veículos de combustão pelos elétricos, mas isso avança mais em alguns mercados, como a Europa, onde o território é menor e a comercialização é mais rápida”, avalia.
Contudo, acrescenta, países como o Brasil, Índia e Estados Unidos, cuja extensão territorial é maior, precisam de uma nova infraestrutura para um conjunto de automóveis exclusivamente elétricos, como pontos de recarga, além de altos investimentos. Por outro lado, o setor brasileiro tem vocação para biocombustíveis e o etanol hidratado.
“Para os veículos deixarem de poluir, no Brasil, seria necessário trocar toda a frota existente, mas demoraria décadas porque o tempo médio de cada frota é de cerca de 10 anos*. No entanto, se o governo investir em fabricar e melhorar a eficiência do etanol, por exemplo, poderia descarbonizar toda a frota circulante e não apenas os carros novos”, avalia.
É necessário atuar com urgência para adotar tecnologias aplicáveis com os veículos que estão circulando nas ruas, como planos de produção do etanol e combustíveis sintéticos, inclusive o diesel, que poderia ser utilizado para ônibus sem precisar substituí-los agora por frotas elétricas”, completa.
Além de combinar os biocombustíveis e a troca por automóveis menos poluentes a longo prazo, para descarbonizar o segmento, é necessário ampliar e incentivar o uso do transporte público, trens e bicicletas.
*Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), a idade média para as frotas circulantes é de 10 anos e 9 meses para automóveis.