Com expectativa de aquecimento, Ceará tem 283 vagas de estágio abertas; veja por área

Fortaleza concentra cerca de 60% das vagas disponíveis. Até o fim de fevereiro, serão abertas 385 oportunidades

Escrito por Carolina Mesquita ,
Legenda: Ao longo de 2023, CIEE aposta na recuperação da perda de vagas de estágio durante a pandemia
Foto: Fabiane de Paula

O mercado de trabalho para estudantes no Ceará deve se recuperar em 2023 do baque causado pela pandemia de Covid-19. Apesar de ter iniciado janeiro com uma leve redução no número de vagas de estágio em comparação com o ano passado, o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) aposta na reversão do cenário e anuncia 283 vagas disponíveis atualmente. 

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Erika Araújo, diretora regional do CIEE no Nordeste, atualmente sediado em Fortaleza, detalha que, das oportunidades abertas, 219 são para estágio e 64 para aprendizes. Além dessas, a perspectiva é que a oferta de vagas alcance 385 até o fim de fevereiro, para estágio, e 97, para aprendizagem. 

Ela indica que o ritmo de geração de novas oportunidades deve continuar crescendo ao longo do ano, à medida que novas empresas firmem parceria com a instituição e as já parcerias disponibilizem mais vagas, revertendo uma tendência de queda na contratação de estagiários em função da pandemia. 

A gerente explica que, durante os períodos mais graves de contaminação pela Covid-19, as empresas encerraram os contratos de estágio e tiveram dificuldades de preencher essas posições na reabertura da economia. 

Esse entrave acontece principalmente porque 62% dos estagiários são estudantes de instituições privadas de ensino e 34% deles apontam o pagamento da mensalidade como a principal destinação da bolsa que ganha. 

“Com a redução das oportunidades de estágio, a gente percebeu uma grande evasão escolar. A gente sempre falou muito de evasão escolar no Ensino Fundamental, Ensino Médio, mas a gente começa a falar de evasão escolar também no ensino superior. Quando a gente conversa com nossas parcerias de instituição de ensino, a gente vê que muita gente está com dificuldade de retomar os estudos, precisou trancar, abandonar, porque não tinha mais condição de se manter na faculdade”. 

Sem um vínculo estudantil, os jovens não podem ser contratados como estagiários, provocando a dificuldade das empresas em preencher as vagas. 

Em contrapartida, a oferta de oportunidades de aprendizagem vem crescendo no pós-pandemia. Araújo pontua que as contratantes, percebendo que os jovens não estavam conseguindo se manter na faculdade, migraram parte da oferta de estágio para aprendizes, como forma de incluir também esses que precisaram trancar o curso. 

Podem participar de programas de aprendizagem estudantes do ensino fundamental e médio, que estejam cursando ou mesmo que já tenha concluído os estudos. 

“Esse estudante de faculdade que trancou pode ser um aprendiz. Ele não pode ser um aprendiz se estiver no ensino superior”, esclarece Araújo. 

Digitalização do atendimento

Como diversos serviços durante a pandemia, o atendimento do CIEE passou por uma forte digitalização. Atualmente, a organização possui site e o aplicativo “Meu CIEE” que permitem a realização de cadastro, verificação de oportunidades disponíveis, candidatura dos interessados e acompanhamento do status da seleção. Um terceiro canal virtual é o WhatsApp, através do número (11) 3003-2433, por onde é possível tirar dúvidas e conseguir assistência. 

Com as opções disponíveis, Araújo revela que o atendimento presencial caiu de forma significativa, mas que isso não provocou queda na demanda dos estudantes. “Os estudantes têm procurado mais os nossos meios digitais. A gente tem tido um volume muito grande de buscas dentro do nosso aplicativo. Além disso, hoje em dia é muito difícil um estudante atender uma ligação, mas WhatsApp ele responde na hora”, afirma. 

A gerente regional também indica que, até o final de fevereiro, deve haver uma elevação considerável de procura dos estudantes por vagas, já que coincide com o retorno das aulas de muitas instituições de ensino, assim como a oferta de oportunidades no pós-Carnaval.

Legenda: Popularização dos canais digitais do CIEE está reduzindo demanda por atendimento presencial da instituição
Foto: Fabiane de Paula

Concentração de oportunidades

A demanda por estagiários vem mudando nos últimos anos. Enquanto os cursos de Administração e Direito seriam os grandes campeões em geração de oportunidade para os estudantes antigamente, hoje os mais contemplados, segundo o CIEE, são aqueles que estudam gestão da administração, incluindo Administração, Contabilidade, Processos Gerenciais, entre outros; seguidos por Marketing e Publicidade e Propaganda; e pela área da Educação, como Pedagogia e as Licenciaturas. O Direito, por exemplo, aparece apenas em quarto lugar nesse ranking. 

Além da concentração por área de atuação, o CIEE detalha a concentração por região. No Ceará, Araújo revela que cerca de 60% das vagas estão alocadas em Fortaleza, enquanto os 40% restantes ficam divididos nos postos de atendimento da organização em Sobral e Juazeiro do Norte. 

Legenda: Gerente regional do CIEE explica que, na pandemia, as empresas encerram os contratos de estágio e tiveram dificuldades de preencher essas posições
Foto: Fabiane de Paula

Áreas de oportunidades

  • Administração
  • Contabilidade
  • Processos gerenciais
  • Marketing e Publicidade e Propaganda
  • Pedagogia 
  • Direito

Bolsa-Auxílio

Em 2021, a média de bolsa-auxílio paga a estagiários no Brasil foi de R$ 1.023,69. Mesmo durante a retomada da economia, o valor é 14% maior que a média observada no ano anterior, de R$ 895,22. A gerente regional do CIEE ressalta que, apesar do reajuste, o valor das bolsas está subindo ainda de forma lenta. 

Ela também argumenta que isso se deve muito ao maior criticismo dos próprios estudantes em aceitarem oportunidades de estágio. Tendo em vista que uma boa parcela utiliza a bolsa para o pagamento da faculdade, vagas que pagam valores mais baixos acabam sendo descartadas. 

“O valor tem estado estável, até por conta do reaquecimento da economia, mas a gente tem percebido uma melhora no valor de bolsa, até porque hoje o estudante é muito mais crítico e criterioso. Muitas vezes, ele olha pro valor de bolsa e opta por não participar da oportunidade, até porque ele precisa dessa bolsa pra se deslocar pra faculdade, pra pagar mensalidade, pra ajudar em casa”, reitera. 

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