Apostas online se popularizam nas redes, mas especialistas apontam riscos

Maioria dos sites de apostas possuem sede no exterior, portanto se o consumidor tiver problemas e precisar acionar a Justiça, há dificuldade de responsabilizar a empresa. Além disso, Decon-CE pontua que "não há relação de consumo"

Escrito por Ingrid Coelho , ingrid.coelho@svm.com.br
Legenda: Jogo do foguete ou crash é uma das modalidades de apostas online que se popularizaram nos últimos anos
Foto: Reprodução

Blackjack, poker e roleta são algumas das modalidades de entretenimento oferecidas por uma gama de sites de apostas online. Entre as características que esses jogos possuem em comum está a premissa de empenhar algum dinheiro com a expectativa de que a sorte faça esse valor voltar em dobro, triplo ou até mais para o apostador.

Mais recente sensação quando se fala em jogos de azar online, o “foguetinho” ficou conhecido após influenciadores famosos como Carlinhos Maia, Viih Tube e outras páginas de humor e celebridades no Instagram divulgarem o entretenimento com possibilidade de ganhos atraentes.

Há vários sites de cassino online que possibilitam jogar o "foguetinho". Em todos, a ideia é apostar um valor e ver até onde o foguete sobe. Quanto mais ele subir, mais o apostador ganha, porém o jogador precisa “prever” quando o foguete vai parar. Caso o usuário não saia da aposta antes de o foguete parar, perde o valor apostado.

Ao passo que esses jogos ficam cada vez mais populares, cresce também o número de queixas dos mais diversos teores relacionadas a esses sites de apostas.

Legenda: Páginas de Instagram divulgam jogos de azar online, o que ajuda a popularizar a prática
Foto: Reprodução

De acordo com um levantamento feito pelo Reclame Aqui, foram registradas contra empresas do gênero 36.647 reclamações entre janeiro e julho de 2022 - dado que supera todo o ano de 2021, quando foram feitas 26.635 queixas.

Ainda de acordo com o Reclame Aqui, os principais motivos de reclamações contra sites de apostas em 2022 são: pagamento, atendimento, usabilidade do site, problemas ao apostar e propaganda enganosa. De janeiro a julho deste ano, das 17 empresas do segmento analisadas, 8 possuem indicador acima de 70% quando o assunto é solução dos problemas dos consumidores.

Porém ainda olhando para esse mesmo universo de 17 empresas, seis possuem reputação “Não Recomendada" e 11 possuem reputação entre “Regular” e "RA 1000" (empresa com excelente índice de atendimento).

Diante disso, a orientação é estar consciente dos riscos que a atividade pode oferecer antes de se aventurar nessas plataformas.

De acordo com o diretor de Marketing do Reclame Aqui, Felipe Paniago, é fundamental pesquisar a reputação e detalhes da empresa antes que o consumidor coloque o seu dinheiro nessas plataformas.

“Tem muita empresa se aproveitando da boa fé e da esperança do apostador, mas tem muita empresa que está fazendo negócios legítimos. Por isso, ficar de olho e ter prudência nunca é demais”
Felipe Paniago
Diretor de Marketing do Reclame Aqui

O presidente da Associação Cearense de Defesa do Consumidor (Acedecon), Thiago Fujita, destaca que o apostador precisa estar ciente dos riscos que envolvem a operação antes de apostar. “Se a pessoa gosta desse tipo de atividade e o faz, é preciso que esteja ciente de que, em caso de um problema, há uma dificuldade maior em responsabilizar essa empresa”.

Essa dificuldade de responsabilização ocorre porque a maioria das plataformas de apostas possuem sede no exterior. “Fica mais complicado para a Justiça acionar essa empresa, então há uma insegurança. Nesses casos, é preciso enviar uma carta rogatória para a empresa no exterior, é uma insegurança jurídica”. Ele reforça, porém, que não é crime efetuar apostas nesses sites.

Apostas esportivas

Outra modalidade de aposta online que se popularizou nos últimos anos é a aposta esportiva - conhecidas também como esporte bet. Nesse tipo de jogo, o usuário se cadastra em uma plataforma, aposta em um time e acompanha os jogos para conferir se ganhou ou não. As apostas esportivas no universo do futebol são bem famosas no Brasil, mas elas podem ser realizadas em outros esportes.

Em nota à reportagem, o Decon-CE corrobora que não há legislação robusta sobre jogos de azar online e informa ainda que, nesse caso, não há relação de consumo, “por isso não se posiciona sobre”.

“No entanto, existe uma lei de 2018 (Lei nº 13.756) permitindo a prática de apostas esportivas, assinado pelo ex-presidente Michael Temer e aprovado pela Câmara dos Deputados, mas sem sanção do presidente da República, que tem até o dia 12 de dezembro para sancionar a lei”, diz o Decon-CE.

'Robô'

Na esteira do crescimento desses jogos, avança também o número de cursos e até mesmo surgiu um robô que pode ser utilizado pelo para melhorar o desempenho do apostador. 

No Hotmart, um curso de R$ 145 promete um robô, um curso e uma "sala de sinais" para ajudar o apostador a lucrar em vários jogos online de um site de apostas específico.

Ainda de acordo com a descrição, por meio de inteligência artificial o robô identifica padrões e gera dados para que o jogador faça mais acertos.

 

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