Sororidade: o que é, exemplos e por que pode cair no Enem

Prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias e redação podem abordar assunto, de acordo com professora

Foto: Benes

O conceito de sororidade tem sido amplamente difundido por movimentos de mulheres e o termo ganhou popularidade entre usuários de redes sociais. Devido à característica do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de debater assuntos da atualidade, a palavra pode compor textos base da redação ou integrar questões das provas.

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O que é a sororidade

Sororidade é uma palavra originada do latim “sóror”, que significa “irmãs”. De acordo com a professora de História da rede pública estadual do Ceará Roberta Bezerra de Freitas, a ideia da sororidade é incentivar uma aliança entre mulheres, criando uma rede de apoio e acolhimento. “É através desta união, que podemos combater uma antiga narrativa que nos foi imposta de desunião”, afirma.

Sororidade e o feminismo

A prática da sororidade está ligada a movimentos feministas devido ao propósito de unir mulheres para lutar pela igualdade de gênero, contra a violência sofrida pelo grupo ou para garantir representatividade. Para a professora, a ideia de empatia entre mulheres já existia, no entanto, a sororidade tem sentido mais amplo. “Não está atrelado apenas ao movimento feminista, também pode ser relacionado a igualdade racial, de gênero e de relações homoafetivas”, diz Roberta.

Como a sororidade pode cair no Enem?

Como é de costume para o Enem, questões relacionadas a direitos humanos sempre são cobradas. Portanto, o conceito de sororidade pode aparecer na prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias ou levantar debates na redação, segundo a professora. 

Em 2015, o tema da redação do exame foi “A persistência da violência contra a mulher”. O assunto é diretamente ligado às pautas do feminismo, assim como a sororidade. No mesmo ano, um texto da escritora Simone de Beauvoir abriu uma questão sobre as origens de manifestações feministas. 

Exemplos de questões ligadas a sororidade

Mulheres na política

O fortalecimento de candidaturas femininas nas últimas eleições tem sido motivado pela procura por representatividade de gênero. Apesar de corresponderem a metade da população brasileira, terem poder de voto há quase 90 anos e contarem com leis que obrigam partidos a lançarem candidaturas de pessoas do gênero feminino, o espaço que mulheres ocupam na política ainda é pequeno. Na Câmara dos Deputados, por exemplo, apenas 15% das vagas são de deputadas. A escolha feita por mulheres de votar em candidatas pode ser ligada à sororidade e a união entre o grupo. 

Movimento feminista na América Latina

O movimento feminista tem apresentado crescimento na América Latina. Pautas como violência de gênero, luta pelo aborto legal e justiça em casos de feminicídio mobilizam milhares de mulheres em países como México, Argentina e Chile. Em dezembro de 2019, a música que denunciava abusos e injustiças contra mulheres chamada  “Um estuprador em seu caminho”, cantada por chilenas durante protestos contra o governo do presidente Sebastián Piñera, foi reproduzida em diversos países. “Esse evento desencadeou diversos outros na América Latina com um grito uníssono pela luta por justiça, respeito e igualdade de gênero”, lembra Roberta.

Cultura do estupro

Devido a noções preconceituosas, práticas e valores machistas, a sociedade acabou criando uma cultura propícia para um padrão normalizado de abuso sexual de mulheres. De acordo com o 14º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2019 foram registrados 66.123 boletins de ocorrência relatando estupros, com 85,7% das vítimas sendo do gênero feminino. Diante deste cenário, mulheres buscam compor redes de solidariedade para lidar com a violência, com as consequências emocionais e procurar punição para os atos.