Componentes importantes do cálculo do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), as taxas de reprovação e abandono escolar — chamadas de “taxas de insucesso” — na rede municipal de Fortaleza, apuradas pelo Censo Escolar, caíram de 19,3% em 2011 para 1,9% em 2019. O dado, que representa queda de 90,1%, foi destacado na tarde desta quarta-feira, 16, pela secretária municipal da Educação (SME), Dalila Saldanha, em transmissão ao vivo nas redes sociais para comentar os resultados da Capital no último Ideb.
Na prática, significa que, no início desta década, quase 20% dos alunos que se matriculavam na rede municipal não concluíam o ano. Por reprovação ou abandono/evasão da escola. “Hoje, a gente comemora uma taxa de sucesso de mais de 98%. Este resultado está diretamente associado ao fluxo escolar, em que a gente garante os direitos das crianças de ingressarem, permanecerem e concluírem” os anos letivos, analisou a gestora educacional.
Dentre as razões para a queda da taxa de insucesso na rede municipal, Saldanha cita estratégias continuadas como, por exemplo, pactuação de metas com a comunidade escolar, valorização de professores, reconhecimento de alunos e profissionais por mérito, ampliação da jornada escolar, monitoramento da frequência em sala de aula e avaliações periódicas.
A melhoria na qualidade do ensino municipal proporcionada por essa política tem ajudado Fortaleza a começar a se destacar em avaliações da educação básica. No caso do Ideb, a Capital ultrapassou, em 2019, as metas previstas tanto para os anos iniciais quanto para os anos finais do ensino fundamental. No primeiro caso, alcançou a nota 6,2 (quando a meta para o ano era 5,2) e, no segundo caso, alcançou a nota 5,2 (quando a meta era 4,4).
No início da transmissão, o prefeito Roberto Cláudio (PDT) atribuiu os resultados da Capital ao esforço da comunidade escolar ao longo de suas duas gestões à frente do executivo municipal. “Essa transformação aconteceu graças a um pacto feito ao entender que a educação deve ser a maior prioridade, principalmente numa cidade desigual”, afirmou.
Comparando os resultados do Ideb entre capitais brasileiras, no período entre 2011 e 2019, a Prefeitura celebrou ter saído do 18º lugar para o 5º lugar nos anos iniciais do ensino fundamental e, nos anos finais, do 17º lugar para o 4º lugar.
Representação das escolas
Das 191 escolas municipais avaliadas nos anos iniciais do ensino fundamental, 93,5% superaram a meta projetada pelo Ideb, 1,6% tiveram nota igual à meta e 4,9% ficaram abaixo. Já nos anos finais, das 124 escolas avaliadas, 89,5% superaram a meta, 4,4% tiveram nota igual e 6,1% ficaram abaixo.
“As escolas que já atingiram (a meta) a gente motiva e acompanha e as que estão fora do nível de desempenho a gente olha se o problema é a frequência dos estudantes, se o professor está precisando de ajuda, se a estrutura da escola está impedindo que ela avance, enfim, a gente encontra as dificuldades e, a partir daí, atua nas causas”, assegura a secretária da SME.
Mudança na avaliação da educação básica fortalece política educacional local, diz secretária
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) informou na última terça-feira, 15, na ocasião da divulgação dos dados do Ideb 2019, que o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), outro componente importante do cálculo do Ideb, deve passar por mudanças a partir do próximo ano.
Segundo o presidente do Instituto, Alexandre Lopes, o Saeb passa a ser anual e aplicado em todas as séries do ensino fundamental e do ensino médio. Além disso, passa a englobar todas as áreas do conhecimento, não mais apenas português e matemática.
Para Dalila Saldanha, titular da Educação em Fortaleza, a mudança na avaliação da educação básica acompanha a política educacional adotada no Ceará e replicada na Capital. “O Ceará está na vanguarda. Instituiu a alfabetização até os sete anos (de idade) ainda em 2007 e o Ministério da Educação só veio fazer isso dois anos atrás. No nosso sistema interno, a gente já acompanha os indicadores de aprovação e reprovação em todas as disciplinas e em todas as séries. A gente já aplica avaliações sistemáticas e periódicas do 1º ao 9º ano. Pra gente, vai fortalecer um processo que a gente já trabalha e implementa na rede”, afirma.