Composta por 45 questões objetivas, a prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, tradicionalmente cobrada no segundo dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), exige dos candidatos conhecimentos em Língua Portuguesa, Língua Estrangeira (Inglês ou Espanhol), Artes, Educação Física e Tecnologias da Informação e Comunicação.
Contudo, para Tom Dantas, professor da rede privada de Fortaleza, essa prova é, sobretudo, de habilidades e competências. “E essas habilidades é que se repetem” ano a ano, indica.
De acordo com a matriz de referência da prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, disponível no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a prova cobra dos concorrentes nove competências e 30 habilidades. Mas, o que são?
“Competências, a grosso modo, seriam como áreas do conhecimento. Você tem competência, por exemplo, no uso de gêneros textuais, competência artística, literária, em processos de argumentação, em tecnologias de informação e comunicação, corporal, que é a questão da educação física. Então, seriam os conhecimentos amplos que você tem sobre aquilo. E as habilidades são as formas como aquilo vai ser cobrado, explorado”, diferencia Tom.
Competências e habilidades na prática
A competência 1 da prova cobra que os candidatos saibam “aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida”. Dentro dessa competência, a habilidade 4 exige que se saiba “reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação”. Na prática, essa associação pode vir na forma de tirinha, charge ou de uma crônica em que se vai explorar o posicionamento crítico do autor do texto, por exemplo.
O professor Tom Dantas dá outra dica. Às vezes, segundo ele, a prova cobra interpretações considerando o momento da produção e da recepção de um mesmo texto.
“Os textos mudam, as interpretações mudam. Os atores que estão envolvidos mudam. O aluno tem que ser instigado a compreender que o sentido se constrói de ‘n’ formas. Hoje a gente usa figurinha, emojis. Será que a pessoa os recebe com o sentido que eu quis transmitir? O significado vai se construindo a depender de quem recebe e de quem envia”.
Contextualizando com a realidade
Em Educação Física, por outro lado, podem ser cobradas questões envolvendo o padrão estético contemporâneo e a influência da mídia no culto ao corpo perfeito, incluindo os distúrbios alimentares, segundo o professor da rede estadual do Ceará, Leonardo Almeida.
Com base no que mais caiu nas edições anteriores do Enem, o professor alerta que o candidato pode ainda se deparar com questões relacionadas a práticas corporais, esportes, atividade física, condicionamento físico, prevenção de doenças e saúde. “E aquela relação direta entre fazer atividade física, rejuvenescimento e prolongar a vida”. “Tem ainda a questão multidisciplinar, que são as questões de Educação Física combinadas com outras disciplinas. A gente teve muitas associadas a Português e interpretação de texto”, opina.
Veja o que pode ser cobrado no Enem em Linguagens, Códigos e suas Tecnologias:
- Coesão e coerência;
- Análise linguística;
- Gêneros textuais;
- Produção e recepção de textos;
- Funções de linguagem;
- Linguagens dos sistemas de comunicação e informação;
- Impacto das novas mídias (redes sociais) no mundo contemporâneo;
- Gêneros digitais (currículo web; GIFs; montagem de imagens que se sucedem automaticamente criando uma espécie de vídeo curto; vlog, que deriva do blog, mas, normalmente, trata de temas por meio de vídeo e não por texto escrito; wikis, que são páginas que permitem escritas colaborativas e outros);
- História da arte e vanguardas artísticas;
- Utilização das línguas estrangeiras e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturas;
- A importância da ludicidade no dia a dia, a partir de jogos e brincadeiras;
- Lutas e defesa pessoal;
- Linguagens corporais;
- Exercícios físicos atrelados ao fortalecimento do sistema imunológico em tempos de pandemia de Covid-19.
Fontes: Tom Dantas, professor de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias | Leonardo Almeida, de Educação Física | Ana Paula Campos, coordenadora pedagógica da rede estadual de ensino e professora do pré-universitário do Sesc Fortaleza | Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).