Cidade do México encanta com museus e rica história indígena

Jornalistas Lucas Ribeiro e Mylena Gadelha revelam como aproveitar o destino em apenas três dias

Escrito por Lucas Ribeiro e Mylena Gadelha , lucas.ribeiro@diariodonordeste.com.br | mylena.gadelha@diariodonordeste.com.br

Fizemos uma loucura. Apenas com as bagagens de mãos, encaramos 12 horas em dois voos, partindo de Fortaleza, com uma conexão no Panamá — e o mesmo tempo na volta — para curtir três dias na Cidade do México, no último feriadão do Dia da Criança. O tempo curto, porém intenso, foi suficiente para visitarmos grandes museus da lista dos cerca de 170 que mantém viva a história do País.  

O número um, para nós, é o Museu Nacional de Antropologia que exibe em suas várias salas de exposição, o passado das civilizações indígenas do período pré-colombiano - época antes da dominação europeia – em uma experiência arqueológica e etnográfica. Entre as relíquias do acervo estão originais e reproduções de monumentos maias e astecas, a exemplo da Pedra do Sol, conhecida, de forma equivocada, como Calendário Asteca.  

Um complemento obrigatório nesse tour é a visita às Pirâmides de Teotihuacán, incrível sítio arqueológico que, com toda certeza, é o auge da viagem. Em incontáveis passos e inúmeros lances de escada, atravessamos a cidade que outrora abrigou parte de uma civilização. Subimos as pirâmides do Sol e da Lua para ter a verdadeira experiência de conexão com o antigo e o espiritual, um momento para nunca mais sair da memória. 

É inevitável a comparação do descaso brasileiro, a exemplo do incêndio do Museu Nacional, com o apreço que o mexicano tem com a própria cultura - Lucas

Localizadas a cerca de uma hora do Terminal Central de Autobuses del Norte, próximo de uma das estações de metrô da cidade mexicana, descobrimos que chegar até lá não é uma tarefa tão difícil como parece. Ir por contra própria, a partir deste terminal, é bem mais econômico, em torno de 65 pesos, do que contratar os serviços de empresas de turismo que cobram 119 pesos.  

Num dos movimentados pontos da Cidade do México, com trânsito caótico, acabamos encontrando um dos museus mais intensos: o Memória e Tolerância, localizado na Plaza Juárez, em Cuauhtemoc. Os documentos da época em que a Alemanha atravessava o período mais sombrio com o nazismo e os relatos de genocídio que dizimaram populações pelo mundo - como os casos de Ruanda, Guatemala e Camboja - são fortes e capazes de provocar verdadeiras reflexões. Uma mostra necessária para não retirar da lista.  

Legenda: O Museu Memória e Tolerância exibe vagão original onde os nazistas transportavam judeus aos campos de concentração
Foto: Foto: Lucas Ribeiro

Outro espaço que merece atenção é a Casa Azul, de Frida Kahlo, na qual o visitante é imerso na vida íntima da pintora, símbolo do feminismo mundial. O museu foi o mais caro investimento que fizemos (250 pesos, cerca de R$ 55), e também com a maior fila de espera. O ideal é comprar o bilhete pela internet com antecedência para economizar tempo.  

Obras de arte que resistiram à destruição cultural pelos colonizadores espanhóis, que narram a história mexicana, podem ser apreciadas no Museu Nacional de Arte e no Castelo de Chapultepec. Ambos exibem quadros com traços perfeitos e cores vibrantes aliados a uma estrutura clássica. E é ainda a céu aberto que a cultura do País respira e transpassa o tempo. Monumentos históricos estão espalhados por toda cidade, em praças, bosques ou próximo a importantes avenidas, enchendo os olhos até mesmo dos já acostumados moradores. 

O mais incrível de poder conhecer um lugar com o qual se sonha desde a infância é poder imergir em uma cultura completamente diferente - Mylena

Após o giro pelos museus, fomos encantados por outras atrações. Na Praça da Constituição, no bairro Zócalo, onde ficamos hospedados, podemos ver o centro da cidade efervescente, além da linda Catedral e dos prédios com traços europeus. Do outro lado da cidade, não muito longe, a arquitetura também se mistura às ruínas do Templo Mayor, outra herança deixada pelos astecas. 

Já mais distante do Centro, o Canal de Xochimilco, conhecido como a Veneza mexicana, é a verdadeira definição do espírito local, seja pela vivacidade das cores ou pela alegria de um povo que sabe preservar as tradições. Andar pelas famosas “trajineras” foi um dos passeios mais relaxantes da viagem, colocando-nos em contato direto com a natureza.  

Legenda: O Canal de Xochimilco foi cenário de gravação de grandes produções, como das telenovelas A Usurpadora e Maria do Bairro
Foto: Foto: Lucas Ribeiro

Agora, anote: a caminhada pelo Paseo de la Reforma e o Bosque de Chapultepec devem estar na lista dos viajantes que escolhem o México como destino. Além disso, a Torre Latinoamericana, um dos primeiros arranha-céus do País, e o Estádio Azteca, atualmente com capacidade para 87 mil pessoas. Os cassinos também são boas pedidas para quem quer explorar tudo o que a Cidade do México oferece, mesmo que seja em pouco tempo. 

DICAS E MAIS IFORMAÇÕES:

  • Câmbio 

Um peso mexicano vale R$ 0,20 na cotação atual (comercial). Por se tratar de uma moeda desvalorizada em relação ao real, não é indicada a compra do peso no Brasil. O ideal é levar dólar ou euro e realizar a troca na Cidade do México. Não compre peso com real, você perderá dinheiro. Faça a troca no próprio aeroporto, tanto pela segurança quanto pela praticidade. Os terminais possuem várias casas de câmbio. Não troque na primeira, faça pesquisa. Se tiver cartão de crédito internacional, vale analisar as taxas de uso fora do Brasil. No nosso caso, foi mais vantajoso o uso do cartão do que pagamento em espécie.

  • Transporte 

Para se locomover tem o metrô (5 pesos / R$ 1,15) e o Metrobus (6 pesos / R$ 1,35), consideradas opções de baixo custo para turistas. Os táxis oficiais são cor-de-rosa. Evite pegar carros com envelopamento diferente. Fique atento: há duas formas de cobrança para este modal. Há carros que cobram a corrida pelo taxímetro e também os que estão em pontos turísticos. Estes possuem valores tabelados, bem mais caros do que seria cobrado pelo marcador. Como toda megalópole, o trânsito local tem complicações. 

  •  Comida 

 As refeições típicas são muito temperadas. Procuramos evitá-las pela manhã. A cultura indígena está presente em vários pratos da região, como taco, enchilada, tamal e pozole. A pimenta é recorrente em quase todos os preparos. Há opções para todos os bolsos. Comemos desde tacos por 15 pesos (R$ 3,40) a jantar em ambiente refinado por 500 pesos (R$ 114). 

  • Bebida 

Não vá embora sem provar o mezcal e a tequila local. Muitas contas de restaurantes não incluem a gorjeta, chamada no país de propina. Caso goste do serviço, é sugerido agraciar o atendente com 10% a 15% do valor da conta. 

  • Fuso horário

A Cidade do México está no fuso GMT -6, ou seja, três horas a menos que Fortaleza, que está na faixa -3. No horário de verão, que vai de abril a outubro, o relógio passa a marcar duas horas a menos que a Capital cearense.

  • Como chegar

Voos partindo de Fortaleza pela Copa Airlines, todas segundas e quintas-feiras, às 1h25, chegando ao panamá às 6h14 (horário local). Lá é necessário esperar pela conexão do voo para o méxico, com duração média de 4h.