“Não percam a fé”, diz mulher que deu à luz na UTI após infecção por Covid-19

O bebê, José Bernardo, nasceu prematuro e se recupera na UTI neonatal do Hospital Geral César

Escrito por Redação ,
Maryene da Rocha Santos aguarda a chegada do filho, José Bernardo, na UTI após parto durante tratamento para Covid-19
Legenda: Maryene da Rocha Santos aguarda a chegada do filho, José Bernardo, na UTI após parto durante tratamento para Covid-19

Os preparativos para a chegada de José Bernardo em casa já começaram: a mãe Maryane da Rocha Santos, 31, monta o enxoval do pequeno enquanto aguarda que ele seja liberado da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal do Hospital Geral César Cals (HGCC), em Fortaleza. O menino nasceu prematuro após Maryane dar à luz enquanto sedada na UTI durante um agravamento de infecção por Covid-19.

A descoberta da gravidez veio no começo do ano, já no terceiro mês de gestação. Naquele momento, a pandemia ainda era algo distante mas, com o avanço de casos no Estado, os cuidados durante as saídas de casa foram reforçados. Mesmo com as medidas, Maryane, o marido e o filho mais velho acabaram se infectando. 

Apesar dos sintomas terem sido leves na família, em Maryane o que começou com febre, dor de cabeça e dor no corpo avançou para falta de ar. O agravamento do quadro clínico fez com que a mãe recorresse a uma unidade de saúde para atendimento no começo de maio. De lá, foi com o marido para o Hospital César Cals, já com dificuldade para respirar. “Eu cheguei [no hospital] com tanta falta de ar que não conseguia nem falar”, relembra Maryane.   

Nascimento

A situação evoluiu para uma parada cardiorespiratória e a mulher precisou ser encaminhada para a UTI, onde passou pelo processo de entubação. Os pulmões da gestante já estavam mais de 50% comprometidos. Após cinco dias de piora, foi preciso colocá-la em coma induzido. A partir dali, a ideia era salvar o bebê, que estava no sexto mês de gestação. Por isso, a equipe realizou uma cesária de emergência no dia 8 de maio, enquanto Maryane ainda estava sedada. 

O nascimento não foi acompanhado nem por Maryane, que só abriu os olhos dez dias depois do parto, nem pelo pai, dada a fragilidade da situação. O filho foi o primeiro pensamento da mulher ao acordar. “A primeira coisa que eu falei quando eu acordei foi 'cadê meu bebê?' Uma enfermeira me atendeu e disse que ele estava bem, que tinha nascido prematuro naquele hospital e foi me confortando”, recorda. 

Os detalhes vieram por videochamada com o marido, 11 dias depois da chegada de Maryane ao Hospital. Soube por ele que José Bernardo chegou para a família pesando 1,359 Kg e com 40 centímetros. “Foi muita emoção. Queria saber tudo o que tinha acontecido. Fiquei feliz”, lembra.

Em casa

Maryane recebeu alta no dia 22 de maio e já está em casa se preparando para receber o filho. O acompanhamento é feito por telefone. “Ele tá se recuperando bem e já é danado. Se mexe, tira os tubos, rola no leito”, brinca a mãe. Agora, a família comemora a primeira grande vitória. Bernardo já respira sem a necessidade de aparelhos invasivos. “O pulmão dele tá amadurecendo, ele não precisa mais usar tanto a máquina”, conta, feliz. 

De acordo com Maryane, a todo momento a equipe atualiza o estado de saúde da criança em ligações. “Nunca pensei que eu seria tão querida por uma equipe. Ser amada é fundamental. Meu filho tá na UTI, mas todo santo dia eu recebo notícias, fotinhas dele”, conta a mãe.  

A chamada mais esperada é a que avisará da liberação do pequeno. “Quando receber a ligação de que posso buscar meu filho, se eu pudesse, me teletransportar na mesma hora. Eu boto na minha cabeça que ele ainda está na minha barriga para não ficar tão ansiosa. A evolução dele está sendo boa, sendo rápida. Vai dar certo”,confessa. 

Enquanto aguarda a chegada do filho, Maryane agradece e encontra conforto na fé. “O meu filho está estável. Logo ele vem pra casa. Nunca pensei que eu seria tão querida. Recebi oração do Brasil todo. Por isso eu rezo e decidi ser forte por mim, pela minha família, e por ele que tá me esperando”, reflete.

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