Um ano sem Aldir Blanc: saiba quais foram as músicas mais tocadas e porque ele virou Lei

Escritor, compositor e cronista, o carioca foi um dos primeiros nomes da arte brasileira a morrer por conta da covid-19

Escrito por Antonio Laudenir , laudenir.oliveira@svm.com.br
Legenda: A Covid-19 levou um dos mais importantes letristas da música brasileira
Foto: Foto: Reprodução/Instagram

Há um ano, a cultura brasileira perdia Aldir Blanc (1946-2020). O compositor, escritor, cronista e médico é uma das mais de 400 mil pessoas mortas na pandemia. Camisa 10 da MPB, o carioca é autor de clássicos como “O bêbado e a equilibrista”, “Entre a serpente e a estrela”, “Dois pra lá, dois pra cá” e “Querelas do Brasil”. 

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Os versos desta última, vale destacar, explicam o quanto ele é um observador atento do País. “O Brazil não merece o Brasil. O Brazil tá matando o Brasil”, nos diz a canção feita em parceria com Maurício Tapajós (1943-1995). Veio a irreparável perda e o legado artístico do poeta foi homenageado ainda ano passado.  

É dele o nome da lei emergencial que veio socorrer os trabalhadores que vivem da arte. Fruto da mobilização do setor cultural, a Lei Aldir Blanc consolidou-se como importante apoio para o difícil momento vivido por estes profissionais.  

As mais tocadas de Blanc

A relevância de Aldir Blanc segue intacta. Dados do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) revelam que o compositor conta com 613 obras musicais e 43 gravações cadastradas no banco de dados da instituição.  

Para celebrar a memória do artista, o Ecad fez um estudo que revela as músicas de Blanc que mais tocaram nos últimos cinco anos. As cinco primeiras foram “Coração pirata”, “O bêbado e a equilibrista”, “Entre a serpente e a estrela”, “A viagem” e “Corsário”. 

"Mas sei que uma dor assim pungente. Não há de ser inutilmente. A esperança. Dança na corda bamba de sombrinha. E em cada passo dessa linha. Pode se machucar"
Aldir Blanc e João Bosco

Duas da lista foram sucessos na voz do Roupa Nova e foram temas de novelas. Isso mostra a versatilidade de Blanc na TV. Com João Bosco, emplacou algumas trilhas como “Doces Olheiras” (novela Gabriela, da TV Globo, em 1975) e “Visconde de Sabugosa” (para O Sítio do Pica-Pau Amarelo, em 1977).

Outros hits foram “Suave Veneno” (na novela homônima, de 1999), “Chocolate com Pimenta” (tema da novela homônima de 2003)  e “Bijuterias” (minissérie “O Astro”, de 2011).

Segundo o Ecad, “O bêbado e a equilibrista” é sua música mais gravada. A obra é uma das mais marcantes da MPB e foi coescrita com João Bosco. Na lista dos intérpretes que mais interpretaram as suas músicas, João Bosco está na liderança, seguido por Moacyr Luz e Elis Regina (1945-1982).  

Trajetória

Aldir Blanc Mendes nasceu em 2 setembro de 1946. O berço foi o bairro Estácio, Centro do Rio de Janeiro. Ingressou em 1966 na Faculdade de Medicina. Especializou-se em psiquiatria. Observador das ruas e da alma suburbana carioca, optou por deixar o curso e dedicar-se exclusivamente à música.

Legenda: Composições de Aldir Blanc fizeram sucessos nas vozes de Elis Regina, João Bosco e Tom Jobim
Foto: Divulgação

Como escritor, Blanc publicou “Rua dos Artistas e Arredores” (1978), “Porta de tinturaria” (1981), "Brasil passado a sujo" (1993), "Vila Isabel - Inventário de infância" (1996) e "Um cara bacana na 19ª" (1996). Consta na antologia "As cem melhores crônicas brasileiras" (2007), organizada pelo jornalista Joaquim Ferreira dos Santos.

As mais tocadas de Aldir Blanc nos últimos cinco anos*

1 "Coração pirata" (Cleberson Horsth / Ricardo Feghali / Paulinho / Aldir Blanc / Eurico Filho / Nando / Serginho Herval)

2 "O bêbado e a equilibrista" (João Bosco / Aldir Blanc)

3 "Entre a serpente e a estrela" (Paul Alexander Fraser / Aldir Blanc / Stafford Terry)

4 "A viagem" (Cleberson Horsth / Ricardo Feghali / Paulinho / Aldir Blanc / Nando / Eurico Filho / Serginho Herval)

5 "Corsário" (João Bosco / Aldir Blanc)

*Fonte: Ecad