Cuidados com bebês e crianças durante a pandemia têm exigido mais precauções; veja dicas

Fragilidade e construção da imunidade são fatores que exigem atenção redobrada dos pais dos pequenos em época de pandemia

Escrito por Redação ,
Legenda: Atenção com o contato com os pequenos deve ser redobrada nesse período
Foto: Carol Domingues

O coronavírus mudou a rotina de muitas famílias, principalmente de quem se enquadra no grupo de risco. Mesmo com todo receio, os cuidados para este público já estão muito claros, diferente das precauções para bebês e crianças. A princípio, este grupo não é considerado de risco, mas aspira atenção como todos os outros.

Sobre este assunto, a dúvida mais comum é se os bebês podem contrair a Covid-19. Segundo a médica neonatologista Candice Bezerra, isso é possível sim, e a doença tem maiores chances de ser repassada por pessoas com quem as crianças convivem. "Eles são um grupo especial, em grande parte devido a contatos familiares próximos, e podem ser suscetíveis à infecção cruzada. De acordo com dados epidemiológicos existentes, a maioria dos casos confirmados foi secundária à exposição a contatos familiares", explica.

Por isso, a estudante Tereza Magda, mãe do Eliot, de 7 meses, já mantém os cuidados com o filho desde antes da pandemia chegar ao Brasil. "Eu sempre fui meio neurótica com os cuidados com limpeza e higiene meus e de quem convive com o Eliot. Agora, todos acham sensato sempre limpar as mãos com álcool em gel antes de pegar no bebê ao chegar da rua, recomendação que sempre tive, pois antes da Covid-19 já existiam gripes, outros tipos de viroses e doenças bacterianas que para um bebê representam um risco imenso".

Legenda: Tereza Magda compartilha os cuidados que está tendo durante o período
Foto: Arquivo pessoal

A administradora de empresas, Eryka Soares, conta que precisa sair de casa algumas vezes durante a semana por causa do trabalho, e isso influencia ainda mais a atenção com a filha Maria Lis, de 1 ano e 6 meses. "Sempre que vamos à rua, quando voltamos, tomamos banho antes de ter qualquer contato com ela. E as roupas sempre vão ao cesto de roupas sujas", afirma.

Candice garante que esses cuidados são essenciais para a segurança das crianças, porque elas ainda dependem de quem faça a higiene adequada e as mantenha em casa. A médica explica que as orientações para evitar que crianças se contaminem são as mesmas dedicadas aos adultos, mas alerta para que sejam fortalecidas.

"É difícil evitar que elas coloquem a mão na boca, nariz ou olhos, ou mesmo garantir que cubram a boca com o braço ao tossir ou espirrar. Devemos reforçar os cuidados básicos de higiene neste momento", acrescenta.

E Maria Lis já começou a aprender a lavar as mãos. "Ela já sabe quando coloco sabonete nas mãos dela. Ela já começa a fazer os movimentos, mas como não entende bem, não falo muito da importância, apenas mostro que temos que lavar as mãos e dou o exemplo", orgulhosa, diz Eryka.

Para introduzir a higiene na rotina das crianças, a médica indica o uso de jogos e de novas tecnologias como aplicativos para estimular o ensino e a conscientização. Vale lembrar que o aprendizado não é imediato e requer exercícios diários até que se torne rotina.

Orientações pediátricas

As mães de crianças menores de 1 ano têm que lidar com algumas mudanças nas consultas pediátricas. "Recebo orientação da pediatra do Eliot via Whatsapp. Já que ela está plantonista em hospital nesta época de pandemia, infelizmente tivemos que interromper as consultas de puericultura dele. Ela me passa algumas dicas sobre épocas de vacina, para evitar aglomerações no posto de saúde e afins", disse Tereza.

Essa interação com o profissional tem ação positiva também para tranquilizar os pais. "Neste momento, cabe ao pediatra acalmar as famílias e até se possível orientar em como superar estes períodos de reclusão em casa", afirma a neonatologista.

Legenda: Eryka Soares já ensina a pequena Maria Lis a lavar as mãos
Foto: Arquivo pessoal

Segundo Candice, os atendimentos nos consultórios estão com um novo fluxo de atendimento para oferecer a melhor assistência possível para todas as famílias. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que os atendimentos ambulatoriais de rotina para pacientes estáveis devam ser adiados na medida do possível, devendo ser priorizados a avaliação de crianças com intercorrências (agendamento prévio para evitar aglomerações na sala de espera). Crianças com sinais de alerta devem ser conduzidas à emergência.

Alimentação

Além dos cuidados com a higiene, a alimentação das crianças também é importante. No início da vida é quando elas começam a adquirir anticorpos e tomam as primeiras vacinas. Neste período, principalmente, comer de forma saudável é essencial para um bom crescimento.

"É extremamente importante manter a dieta e a ingestão de líquidos adequadas para cada idade. Os alimentos possuem papel no crescimento, na prevenção de doenças e na formação da arquitetura cerebral. Devemos ressaltar a importância para prevenção do sobrepeso e obesidade", orienta Candice.

Sobre a amamentação, a médica afirma que ainda não há evidências de infecção do vírus por meio do leite materno. O alimento, inclusive, tem papel insignificante na transmissão de outros vírus respiratórios. Portanto, mesmo que a mãe esteja contaminada pelo coronavírus, a orientação é continuar com o aleitamento, mas seguindo alguns cuidados.

"Para mães sintomáticas suficientemente bem para amamentar, medidas para evitar a disseminação do vírus devem ser rigorosamente seguidas, como lavar bem as mãos sempre antes de tocar no lactente ou em objetos como bomba extratora ou mamadeira, usar máscara facial no momento da amamentação e desinfetar superfícies contaminadas", reforça.

Se existe uma coisa que multiplicou durante este período de pandemia, com certeza foi a preocupação dos pais em relação aos filhos, somada ao estresse causado pelo isolamento social. "Tenho preocupação por causa de pessoas próximas ao Eliot que não estão seguindo a quarentena", diz Tereza. Eryka acrescenta: "se pudesse guardava a Maria Lis em um potinho".

Uma das formas de combater esse efeito é a interação com familiares e amigos, mesmo que distantes. "O estabelecimento de horários para videoconferências com os avós, estimulando conversas alegres e momentos de descontração é uma boa opção neste momento de reclusão", aconselha a médica.

 

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