Vinicius Drumond, filho do bicheiro e ex-patrono da Imperatriz Luizinho, é alvo de operação da Polícia
Relação complexa entre jogo do bicho, assassinato e perfuração de dutos de petróleo é base para investigação
A Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ) deflagrou, nesta quarta-feira (5), a Operação Ouro Negro. Os agentes executam mandados de busca e apreensão em residências dos alvos, empresas de fachada e depósitos clandestinos contra integrantes de uma organização criminosa especializada no furto de petróleo e derivados de dutos subterrâneos. Um dos alvos da ação policial é Vinícius Drumond, considerado o chefe da quadrilha.
A operação ficou a cargo da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD). Vinícius é um contraventor com ligações com o jogo do bicho, filho de Luizinho Drumond (1940 - 2020), bicheiro histórico da área da Leopoldina, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro e ex-patrono da Imperatriz Leopoldinense. A escola de samba é atualmente comandada pela irmã de Vinícius, Cátia Drumond. Ele atua como vice-presidente executivo.
"O mesmo homem já esteve relacionado a investigações anteriores da Polícia Civil, mas sua atuação sempre foi marcada pelo uso de 'laranjas' e intermediários para dificultar o rastreamento de suas atividades. De acordo com a DDSD, as provas coletadas evidenciam sua participação direta e liderança nesse esquema", diz a PCERJ.
Veja também
Ainda conforme as investigações, Vinícius está relacionado com uma gama de atividades ilícitas, que incluem jogo do bicho, agiotagem, lavagem de dinheiro e corrupção. A operação foca tanto no furto de combustível quanto nas bases financeiras do envolvimento da contravenção.
A operação foi deflagrada como resultado de outra investigação que resultou na prisão de cinco pessoas na Bahia, ocorrida em setembro de 2024. Na ocasião, eles tentavam furtar petróleo de um duto.
Os investigadores apontam que esse grupo era ligado a Vinícius. Nesta operação da PCERJ, o filho de Luizinho Drumond será investigado, dentre outros crimes relacionados, por organização criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro.
Estrutura hierarquizada e especializada
Na investigação preliminar da PCERJ, a organização criminosa liderada por Vinícius Drumond tinha setores destinados somente para a perfuração de dutos, transporte e armazenamento de combustíveis furtados.
Também consta no material da Polícia que a quadrilha mantinha uma rede informantes para monitorar as ações policiais e evitar operações de repressão, além de empresas de fachada e "laranjas" para lavagem de dinheiro.
"Toda a atividade ilegal era financiada com recursos do jogo do bicho, que era empregado para comprar equipamentos sofisticados de perfuração de dutos, para alugar veículos para transporte de combustíveis e movimentação de recursos e para pagar colaboradores e intermediários envolvidos na proteção do esquema criminoso", frisa a investigação.
A operação ainda apura se há relação entre Vinícius Drumond com o homicídio de Rodrigo Marinho Crespo, advogado assassinado em fevereiro de 2024 em frente à sede da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ). Conforme a polícia, "a locadora de veículos utilizada pelo grupo criminoso para facilitar o furto de petróleo é a mesma envolvida no caso".
"Essa possível ligação evidencia a complexidade da rede criminosa, mostrando que o grupo não se limita a delitos financeiros, mas também está envolvido em crimes violentos, incluindo execuções ligadas à disputa de poder no submundo da contravenção", completa o trecho da investigação.
Além de Vinícius Drumond, outros dois nomes surgiram como alvo das operações: Franz Dias Costa e Mauro Pereira Gabry, personagens já conhecidos, conforme a PCERJ, pela "longa trajetória na prática desse tipo de crime".
"Ambos possuem um histórico consolidado em esquemas de furto de combustíveis e outras atividades ilícitas, atuando como peças-chave na estrutura do grupo", acrescenta a Polícia.