Formação de gelo nas asas pode ter causado queda de avião da Voepass, diz especialista

Além do gelo, acidente também pode ter sido causado por falha nas hélices

Escrito por Redação ,
Avião da Voepass, que caiu em Vinhedo
Legenda: Acidente deixou 57 passageiros e quatro tripulantes mortos
Foto: AFP

A queda do avião da Voepass Linhas Aéreas, nessa sexta-feira (9), pode ter sido causada por formação de gelo nas asas da aeronave ou por falha nas hélices, acreditam especialistas. O acidente, que deixou mais de 60 vítimas, ocorreu em Vinhedo, no interior de São Paulo.

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De acordo com fontes ouvidas pela Folha de S. Paulo, as hipóteses baseiam-se na forma como o avião caiu. Em vídeos compartilhados nas redes sociais, é possível observar a aeronave rodopiando em posição horizontal enquanto despenca do céu, movimento conhecido como “parafuso chato”.

VEJA REGISTRO DA QUEDA

A manobra ocorre quando o piloto perde o controle do avião, não conseguindo mais apontar o “nariz” da aeronave para baixo ou usar os motores para recuperar a sustentação no ar.

HIPÓTESES LEVANTADAS POR ESPECIALISTAS

Apesar de ainda ser muito cedo para determinar o que causou a queda do avião com exatidão, o especialista em segurança de voo Roberto Peterka destacou a possibilidade da formação de gelo nas asas da aeronave como um possível motivo para o acidente.

"Esse avião voa num nível [de altitude] onde tem muito gelo. Então, pode ser que o gelo tenha se acumulado nas asas e alterado o perfil de sustentação. Assim, ele perde a velocidade e a sustentação, e vem abaixo", esclareceu.

O especialista ainda reforçou a hipótese explicando que, para recuperar a sustentação do avião no ar, é comum que o piloto utilize manobras que envolvem o “parafuso chato”.

"O piloto tem as suas medidas de segurança para tirar o avião dessa situação [de perda de sustentação no ar], e numa dessas [manobras] ele passa pelo 'parafuso chato'. E se ele entrar no parafuso chato, é muito difícil de sair", afirmou Peterka.

Professor aposentado de Ciências Aeronáuticas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), o engenheiro Hildebrando Hoffman acredita ser pouco provável que o gelo tenha sido a causa do acidente, argumentando que o ATR-72, modelo do avião, possui sistemas antigelo e que, dificilmente, a condição resultaria em um “parafuso chato”.

Para Hoffman, a queda pode ter sido provocada por uma falha nas hélices da aeronave, que teriam prejudicado a tração do avião.

“Essa situação [o modo como o avião caiu] se deve fundamentalmente porque por algum motivo ele deixou de ter tração, os motores deixaram de funcionar em regime normal. Ele perdeu a tração e veio em queda livre praticamente na vertical, girando. Isso pode ter ocorrido porque algo aconteceu com o sistema de hélices, que precisa estar numa posição correta para causar tração”, explicou o engenheiro.

ACIDENTE

De acordo com informações da Voepass Linhas Aéreas, 61 pessoas estavam a bordo do voo 2283, sendo 57 passageiros e quatro tripulantes.

“A companhia lamenta informar que todas as 61 pessoas a bordo do voo 2283 faleceram no local. Neste momento, a Voepass Linhas Aéreas prioriza prestar irrestrita assistência das famílias das vítimas e colabora efetivamente com as autoridades para apuração das causas do acidente", informou a empresa.

Ainda conforme a companhia, a aeronave decolou de Cascavel, no Paraná, "sem nenhuma restrição de voo, com todos os seus sistemas aptos para a realização da operação".

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