Caso Evandro: pai de santo garante ser inocente e que 'trama diabólica' não vai mais afetá-lo

Foi a primeira vez que ele comentou publicamente sobre o desaparecimento e a morte de uma criança de sete anos no litoral do Paraná, em 1992

Escrito por Redação ,
Caso Evandro
Legenda: Na época, a Polícia Militar havia concluído que a criança foi morta em um ritual religioso encomendado pela esposa e pela filha do então prefeito de Guaratuba, Aldo Abagge, e por três pais de santo
Foto: Reprodução/Globoplay

Um dos pais de santo acusados pelo desaparecimento e pela morte do menino Evandro Ramos Caetano, em Guaratuba, no litoral do Paraná, no ano de 1992, comentou pela primeira vez publicamente sobre o caso. Nas redes sociais, Osvaldo Marcineiro garantiu ser inocente e que a "trama diabólica" não vai mais afetá-lo. As informações são do G1.

"Sofri muito que essa mentira manchou esse sobrenome tão glorioso da nossa família. Essa trama diabólica não irá nos afetar mais pois somos todos inocentes. #7inocentesdeguaratuba", escreveu na postagem da última terça-feira (15), no Facebook.

Post de Osvaldo Marcineiro sobre o Caso Evandro
Legenda: Post de Osvaldo Marcineiro sobre o Caso Evandro
Foto: Reprodução/Facebook

À época, o fato também ficou conhecido como "As Bruxas de Guaratuba", quando o garoto de sete anos sumiu no trajeto entre a casa e a escola. Dias depois, um corpo foi encontrado em um matagal sem alguns órgãos e com mãos e pés cortados.

Ritual religioso

De acordo com a Polícia Militar, a criança foi morta em um ritual religioso encomendado por Celina e Beatriz Abagge, esposa e filha do então prefeito da cidade, Aldo Abagge, e os pais de santo Osvaldo Marcineiro, Davi dos Santos Soares e Vicente de Paula.

Os cinco confessaram a participação no crime, mas depois alegaram que foram torturados pelos agentes para admitir o ritual religioso.

Francisco Sergio Cristofolini e Airton Bardelli também foram acusados na época, mas foram absolvidos posteriormente.

Revisão criminal

Ao G1, a defesa de Beatriz Abagge, representada pelo advogado Figueiredo Bastos, disse que pedirá uma revisão criminal do processo sobre o caso no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJ-PR) e também vai pedir na Corte Interamericana de Direitos Humanos a condenação do Estado por ato de tortura das autoridades contra os acusados.

Segundo Osvaldo Marcineiro, ele preferiu não se pronunciar antes porque não se sentia seguro. Entretanto, depois do lançamento da série que retrata o Caso Evandro, no Globoplay, ele tomou coragem.

"Por tudo que me aconteceu, tudo que passei. Me tornei uma pessoa incrédula em certas situações, principalmente em acreditar no ser humano, não acreditava que poderia ter tantas pessoas boas no mundo ainda, ou simplesmente não acreditava mais na mídia. Então fiquei somente observando e analisando", afirmou ele na postagem.

Julgamentos

O Caso Evandro teve cinco julgamentos diferentes. Celina Abagge ficou presa por três anos e sete meses na Penitenciária Feminina do Paraná. Ela também cumpriu prisão domiciliar por mais dois anos. Já Beatriz ficou presa por cinco anos e nove meses.

Em 1998, um dos tribunais do júri foi o mais longo da história do Poder Judiciário do Brasil, totalizando 34 dias. À época, Celina e Beatriz foram inocentadas porque não houve a comprovação de que o corpo encontrado no matagal era mesmo da criança de sete anos.

Contudo, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) recorreu da decisão e, em 2011, um novo júri foi realizado. Beatriz foi condenada a 21 anos de prisão, e Celina não foi julgada porque, como já tinha mais de 70 anos, o crime já tinha prescrito.

Na época, os pais de santo Osvaldo Marcineiro, Davi dos Santos Soares e Vicente de Paula também foram condenados pelo sequestro e homicídio de Evandro Ramos Caetano.

 

 

 

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