Após 5 dias foragido, dono do Grupo Petropólis se entrega à PF em Curitiba

O empresário Walter Faria ocupa a 19ª posição no ranking dos mais ricos do Brasil, segundo a revista Forbes

Escrito por Folhapress ,
Legenda: A fortuna de Walter é estimada em US$ 2,3 bilhões
Foto: Reprodução

O controlador do Grupo Petrópolis, Walter Faria, se entregou à Polícia Federal em Curitiba hoje (5), depois de permanecer foragido por cinco dias.

Ele é o principal alvo da Operação Rock City, 62ª fase da Lava Jato, deflagrada na última quarta-feira (31). O mandado de prisão preventiva (sem prazo de duração) foi assinado por volta do meio-dia. Logo em seguida, Faria prestou um depoimento preliminar aos policiais.

O dono do Grupo Petrópolis disse à PF que responde a diversos processos, como na Justiça Federal de Santos (SP) e na Justiça Estadual do Rio de Janeiro. Ressaltou que foi preso no âmbito da Operação Cevada em 2005, mas que não foi denunciado naquele inquérito. 

Sobre os fatos imputados contra ele nessa fase da Lava Jato, Faria disse ainda que já prestou cerca de 12 depoimentos a respeito dos assuntos tratados pela investigação e se colocou à disposição para juntar as respectivas cópias das declarações.

Além de Faria, outras cinco pessoas ligadas ao Grupo Petrópolis foram alvos de mandados de prisão temporária (com duração de cinco dias).

Na sexta-feira (2), a juíza substituta da 13ª Vara Federal de Curitiba, Gabriela Hardt, prorrogou as detenções por mais cinco dias a pedido do Ministério Público Federal (MPF), que apontou contradições e omissões nos depoimentos.

Ainda não há informações sobre a prisão de Naede de Almeida, agente que mantinha relacionamento antigo com Faria, de acordo com o MPF.

Cleber da Silva Faria, um dos sobrinhos do empresário, se entregou à PF só na sexta-feira, pois estava em viagem aos Estados Unidos.

Também foram presos na semana passada a secretária da diretoria do Grupo Petrópolis, Maria Elena de Souza, outro sobrinho de Faria, Vanuê Faria, e o advogado Silvio Pelegrini.

Investigação

A Lava Jato investiga o envolvimento de executivos da Petrópolis na lavagem de R$ 329 milhões no interesse da Odebrecht por meio de contas no exterior entre 2006 e 2014. O dinheiro seria proveniente de contratos com a Petrobras.

Uma das formas de lavagem ocorria por meio de doações eleitorais, de acordo com as investigações. Os pagamentos somariam R$ 121,5 milhões de 2008 a 2014, em operações conhecidas como caixa três, em que se ocultam os verdadeiros doadores.

Faria, de acordo com os investigadores, também usou uma conta na Suíça para intermediar o repasse de mais de US$ 3 milhões de propina relacionada aos contratos envolvendo dois navios-sonda da Petrobras. Essa quantia teria beneficiado políticos do MDB.

Segundo o Ministério Público, as investigações apontam que o empresário tentou repatriar quase R$ 1,4 bilhão que guardava em contas em ao menos oito países pelo mundo, somente em 2017.

O valor, que despertou suspeitas de ilicitude, representa 1% de toda a quantia repatriada pelo Brasil naquele ano, de acordo com a Procuradoria.

Há indícios de que a tentativa de regularização foi irregular e teria origem em um esquema de sonegação com a burla de medidores de produção de cerveja.

O produto seria vendido diretamente a pequenos comerciantes, em espécie, mas os valores eram entregues a operadores ligados à Odebrecht, que utilizava a Petrópolis para lavar dinheiro.