Renato Cariani e sócios sabiam de desvio dos produtos para produção de crack, diz delegado

Segundo a PF, os envolvidos agiam de 'maneira consciente' em relação ao esquema criminoso

O influenciador fitness Renato Cariani e seus sócios tinham "conhecimento pleno" do desvio de produtos químicos para a produção de crack, informou o delegado da Polícia Federal (PF) Fabrizio Galli nesta terça-feira (12) em entrevista à GloboNews.

Conforme o delegado, os envolvidos agiam de "maneira consciente" em relação ao esquema criminoso. "Os sócios tinham conhecimento pleno do desvio de produtos químicos. Há diversas informações bem robustas nas investigações que determinam a participação de todos eles de maneira consciente. Não há uma 'cegueira deliberada' em relação a outros funcionários. Eles tinham conhecimento daquilo que estava acontecendo dentro da empresa", detalhou Galli.

As drogas produzidas no esquema da empresa seriam enviadas para os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, segundo o delegado.

Cariani se tornou alvo das investigações nesta terça e deve prestar depoimento à polícia. "Todos os envolvidos e que sofreram busca e apreensão hoje serão ouvidos na PF. O material apreendido será analisado, e vamos solicitar as próximas medidas ao Judiciário assim que tivermos as informações feitas", afirmou Galli.

OPERAÇÃO 

A Anidrol, uma indústria química que fica em Diadema (SP), é um dos alvos da força-tarefa deflagrada nesta terça. Segundo a PF, ao todo foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão, sendo 16 em São Paulo, um em Minas Gerais e um no Paraná.

O grupo alvo é suspeito de desviar 12 toneladas de produtos químicos para a produção de crack, entre eles, fenacetina, acetona, éter etílico, ácido clorídrico, manitol e acetato de etila. O total corresponde a mais de 19 toneladas de cocaína e crack prontas para o consumo.

As investigações revelaram que o esquema abrangia a emissão fraudulenta de notas fiscais por empresas licenciadas a vender produtos químicos em São Paulo, usando “laranjas” para depósitos em espécie, como se fossem funcionários de grandes multinacionais, vítimas que figuraram como compradoras.

Foram identificadas 60 transações dissimuladas vinculadas à atuação da Organização Criminosa alvo da operação.