Trump aplica tarifa de 30% sobre importações do México e da União Europeia

Desde segunda-feira (7), cerca de 23 países já receberam as cartas tarifárias do governo norte-americano, com taxas que variam entre 20% e 50%

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Redação producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 16:59)
Trump aponta o dedo
Legenda: Trump pressiona parceiros comerciais para que acordos sejam feitos até a data limite de aplicação das tarifas
Foto: Jim Watson / AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou duas novas cartas informando a aplicação de tarifas de 30% ao México e à União Europeia (UE). A previsão é que as medidas entrem em vigor em 1 de agosto.

Essa é a mais nova rodada de notificações enviada pelo republicano aos seus parceiros comerciais, com o Brasil e Myanmar liderando o grupo com as maiores taxações, de 50% e 40% respectivamente. Até o momento, cerca de 25 países receberam os avisos por parte do governo norte-americano.

Para a presidente do México, Claudia Sheinbaum, Trump indicou que as tarifas estão relacionadas à falha do país vizinho em "lidar com a crise nacional do fentanil", principalmente no controle dos cartéis de drogas.

"Os Estados Unidos impôs tarifas ao México para lidar com a crise do fentanil da nossa nação, que é causada, em parte, pela falha do México em deter os cartéis, que são compostos pelas pessoas mais desprezíveis que já caminharam sobre a Terra, de despejar essas drogas em nosso país", disse Trump em sua carta.

Para Trump, os esforços do México ainda não foram suficientes para controlar a entrada da droga no território americano, e reconhece que o país tem ajudado a proteger a fronteira com os Estados Unidos, mas que essa questão faz parte das negociações comerciais em andamento.

"O México ainda não conseguiu deter os cartéis que tentam transformar toda a América do Norte em um playground do narcotráfico. Obviamente, não posso permitir que isso aconteça!", escreveu o presidente.

O ministério da economia do México disse por meio de nota em que seguirá negociando com os norte-americanos. "Grupo de trabalho buscará alternativas antes de 1º de agosto para proteger empresas e funcionários".

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Já para a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, Trump afirmou que a carta endereçada a ela demonstra a "força e o compromisso" do governo norte-americano em continuar suas relações comerciais com o bloco europeu, mesmo com os déficits comerciais registrados pelo país.

"Tivemos anos para discutir nossa relação comercial com a União Europeia e concluímos que devemos nos afastar desses déficits comerciais persistentes e prolongados, causados por políticas tarifárias e não tarifárias da União Europeia. Nosso relacionamento tem sido, infelizmente, longe de ser recíproco", afirma no documento.

O presidente americano também solicitou a abertura do mercado europeu para os EUA, e além de definir a taxa em 30%, o presidente norte-americano também informou que os produtos americanos reexportados para outro país estarão sujeitos à tarifa mais elevada.

Trump voltou a alertar que medidas de reciprocidade irão forçar o governo a somar o percentual idêntico ao que já foi aplicado. "Se, por qualquer motivo, decidirem aumentar suas tarifas e retaliarem, qualquer que seja o valor, esse aumento será somado aos 30% que cobraremos", reforçou ele.

União Europeia responde Trump

Em rápida resposta a carta de Trump, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, disse que a aplicação das tarifas podem interromper cadeias de suprimento transatlânticas essenciais, como uma quantidade significativa de produtos farmacêuticos.

"A UE tem priorizado consistentemente uma solução negociada com os EUA, refletindo nosso compromisso com o diálogo, a estabilidade e uma parceria transatlântica construtiva", e destacou que os consumidores de ambos os lados aguardam pacientes por uma solução.

"Seguimos prontos para continuar trabalhando em direção a um acordo até 1º de agosto. Ao mesmo tempo, tomaremos todas as medidas necessárias para proteger os interesses da UE, incluindo a adoção de contramedidas proporcionais, se necessário", acrescentou.

A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, disse apoiar as medidas adotadas pela Comissão Europeia, e que devem ser intensificadas as negociações nos próximos dias, e a fim de evitar um tom de polarização que dificulte ainda mais a definição de um acordo.

O primeiro-ministro holandês, Dick Schoof, também se pronunciou, dizendo que as novas taxas impostas por Trump são "preocupantes". "A Comissão Europeia pode contar com o nosso total apoio. Como UE, devemos permanecer unidos e determinados na busca de um resultado com os Estados Unidos que seja mutuamente benéfico.”

Brasil lidera grupo com taxa mais alta

Se juntando ao México e UE, outras 23 nações já foram notificadas desde segunda-feira (7) sobre as novas tarifas, previstas para entrarem em vigor em 1 de agosto, caso acordos comerciais com os EUA não sejam firmados.

O Brasil ficou com a taxa mais alta, com 50%, e a menor tarifa anunciada foi para as Filipinas (20%).

Veja abaixo a lista:

  • África do Sul: 30%
  • Argélia: 30%
  • Bangladesh: 35%
  • Bósnia e Herzegovina: 30%
  • Brasil: 50%
  • Brunei: 25%
  • Camboja: 36%
  • Canadá: 35%
  • Cazaquistão: 25%
  • Coreia do Sul: 25%
  • Filipinas: 20%
  • Indonésia: 32%
  • Iraque: 30%
  • Japão: 25%
  • Laos: 40%
  • Líbia: 30%
  • Malásia: 25%
  • México: 30%
  • Myanmar: 40%
  • Moldávia: 25%
  • Sérvia: 35%
  • Sri Lanka: 30%
  • Tailândia: 36%
  • Tunísia: 25%
  • União Europeia: 30%

 

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