Português que ofereceu 500 euros por 'cabeças de brasileiros' está proibido de usar redes sociais
João Paulo Silva Oliveira foi solto na terça-feira (9) e deverá cumprir medidas condicionantes enquanto aguarda julgamento
O português que causou revolta nas redes sociais ao publicar um vídeo em que oferece 500 euros por cada "cabeça de brasileiro" está proibido de usar as redes sociais. Ele foi preso pela Polícia Judiciária Portuguesa na última segunda-feira (8), mas libertado na terça-feira (9) sob medidas condicionantes. As informações são da Folha de São Paulo.
Enquanto aguarda o julgamento, João Paulo Silva Oliveira, de 56 anos, também precisará se apresentar duas vezes ao posto policial da cidade de Aveiro, onde reside.
"Caso ele viole alguma dessas condicionantes, o juiz poderá determinar uma prisão preventiva", disse à Folha o coordenador da Seção de Contraterrorismo e Banditismo da Polícia Judiciária do Porto, António Pinto.
O crime segue em investigação pela Polícia Judiciária do Porto, que busca provas para que o Ministério Público possa fazer uma denúncia.
Oliveira deve ser enquadrado no artigo 240 do Código Penal português, que trata da difusão de conteúdo discriminatório que incentiva o ódio e à violência. A pena prevista é superior a cinco anos.
Veja também
RELEMBRE
A recompensa ofertada pelo europeu gerou grande repercussão na comunidade estrangeira, principalmente a brasileira, em Portugal.
No "anúncio", o homem diz que a oferta vale por qualquer pessoa do Brasil que vive no país europeu, seja de forma legal ou ilegal.
"Cada português que trouxer a cabeça de um brasileiro, desses zukas que vivem aqui em Portugal, estejam legais ou ilegais, cada cabeça que trouxer eu pago € 500 (R$ 3,1 mil)", disse ele no vídeo.
Logo que a publicação viralizou nas redes sociais, a fundadora da Associação de Apoio a Emigrantes, Imigrantes e Famílias (AAEIF), Sônia Gomes, pronunciou-se informando que vai formalizar a queixa. "Mexer com brasileiro? Ele está ficando doido? Aqui, não. Zero tolerância", afirmou a porta-voz.
Já a presidente da Casa do Brasil de Lisboa, Ana Paula Costa, publicou uma nota afirmando que o vídeo é a "expressão mais perversa, violenta e criminosa do discurso anti-imigração, do racismo e da xenofobia".
O homem foi identificado como um pasteleiro que trabalha na Padaria Variante, em Aveiro. Em comunicado, o estabelecimento informou que "a pessoa envolvida nos vídeos que têm circulado já não faz mais parte da nossa equipe".
E acrescentou: "Não aceitamos nem compactuamos com qualquer forma de racismo. Agradecemos a compreensão de todos e seguimos de portas abertas para vos receber sempre com respeito e carinho", concluiu.