A União Europeia afirmou, nesta quarta-feira (8), que as alegações de Donald Trump sobre uma possível ação militar para tomar a Groenlândia, um território que pertence à Dinamarca, são "altamente hipotéticas". Foi o que indicou Paula Pinho, porta-voz da Comissão Europeia, o braço Executivo da UE.
As declarações provocaram reações da Dinamarca e de outros países da UE. Trump, que também ameaça o país europeu com tarifas elevadas caso se recuse a ceder o território, sugeriu a possibilidade de usar pressão econômica ou militar para assumir o controle da ilha.
"Em minhas conversas com nossos parceiros europeus, houve uma notável incompreensão no que diz respeito às atuais declarações dos Estados Unidos sobre o princípio da inviolabilidade das fronteiras", declarou o social-democrata Olaf Scholz, chefe do governo alemão, sem mencionar diretamente Trump.
A França também reagiu após os comentários do norte-americano. "Hoje vemos a ascensão de blocos, podemos ver isso como uma forma de imperialismo que se materializa nas declarações que vimos do Sr. Trump sobre a anexação de um território inteiro", disse a porta-voz do governo francês, Sophie Primas.
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“A Groenlândia pertence aos groenlandeses”, reiterou na terça-feira a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, por ocasião da chegada do filho do presidente eleito, Donald Trump Jr., à Groenlândia para uma visita privada como ‘turista’.
Por sua vez, o chanceler dinamarquês, Lars Løkke Rasmussen, afirmou que o país se mantém "aberto ao diálogo" para salvaguardar os interesses de Washington na Groenlândia, em um momento em que aumentam as rivalidades com a China e a Rússia na região.
"A ideia expressada sobre a Groenlândia obviamente não é boa, mas talvez o mais importante seja que obviamente isso não vai acontecer", tentou atenuar o chefe da diplomacia dos Estados Unidos em fim de mandato, Anthony Blinken.
INTERESSE NORTE-AMERICANO
Trump fez os comentários em uma coletiva de imprensa na terça-feira, na qual também deu a entender que os militares dos EUA poderiam pressionar para tomar o controle do Canal do Panamá.
A Groenlândia é um território autônomo da Dinamarca, país membro da UE e, portanto, associado ao bloco. Maior que o México e coberto por gelo em 80% de sua extensão, a região é cobiçada por seus potenciais recursos minerais e sua importância geoestratégica.
O presidente eleito dos Estados Unidos considerou, antes do Natal, que controlar a Groenlândia era uma "necessidade absoluta" para a "segurança nacional e a liberdade no mundo", e não descartou o uso da força para tomá-la.