Governo da Síria retira famílias beduínas após confrontos com 1.265 mortos

Liderança síria diz que ataques de Israel colocam o país numa situação perigosa

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Crianças sírias em cima de uma moto observando uma casa pegando fogo
Legenda: Desde o começo de julho, grupos armados e a minoria religiosa drusa estão em conflito
Foto: Abdulaziz Ketaz / AFP

Os confrontos no sul da Síria deixaram ao menos 1.265 mortos desde o começo do conflito no início do mês. Os dados são do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Segundo a ONG, foram documentadas mortes antes da entrada em vigor da trégua anunciada pelo governo do País.

Desde o começo de julho, grupos armados e a minoria religiosa drusa estão em conflito, gerando temores de uma violência sectária generalizada e ataques contra outros grupos. 

Segundo o documento da OSDH, entre os mortos estavam 505 combatentes drusos e 298 civis drusos, sendo que 194 deles foram "sumariamente executados por membros dos Ministérios da Defesa e do Interior".

O balanço também inclui três civis "sumariamente executados por combatentes drusos", outros 408 membros das forças de segurança do governo e 35 beduínos sunitas. Conforme a ONG, 15 soldados do governo morreram em ataques israelenses.

Sírios rompem cerca e atravessam
Legenda: Famílias beduínas deixaram a província de Sweida em veículos particulares e em ônibus do governo, enquanto combates esporádicos continuaram
Foto: Jalaa Marey / AFP

Por conta da trégua, o governo sírio disse que estava retirando centenas de famílias tribais beduínas da área conflituosa nesta segunda e destacou forças de segurança por toda a província para proteger a área e os civis.

Um porta-voz do Ministério do Interior, Noureddine al-Baba, afirmou que o governo estava forçando famílias beduínas a partir para sua própria segurança porque elas haviam se envolvido na violência entre os grupos armados.

Ele descreveu o conflito entre as tribos drusas e beduínas na área como algo que remonta a décadas e gira em torno dos direitos à terra.

A crescente violência no território sírio chamou a atenção de Israel, que realizou vários ataques aéreos contra alvos do governo sírio na capital, Damasco, dizendo que estava agindo para proteger os drusos.

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Trégua

Um cessar-fogo fracassado foi anunciado na quarta-feira (16), com o governo sírio declarando um novo acordo no sábado (19). Forças de segurança foram realocadas para Sweida, para conter novos confrontos entre os dois lados.

O presidente interino da Síria, Ahmed al-Shara, em um discurso televisionado no mesmo dia, citou que o recente derramamento de sangue foi um "ponto de virada perigoso". Para ele, a intervenção israelense “empurrou o país para uma fase perigosa que representa uma ameaça à sua estabilidade".

Parte da província de Sweida parcialmente destruída
Legenda: A crescente violência no território sírio chamou a atenção de Israel, que realizou vários ataques aéreos
Foto: Omar Haj Kadour / AFP

A situação permaneceu tensa mesmo quando famílias beduínas deixaram a província em veículos particulares e em ônibus do governo, enquanto combates esporádicos continuaram nesta segunda-feira, de acordo com a OSDH.

O governo sírio informou que as famílias estavam sendo retiradas ficaram presas na capital da província. Elas estavam sendo levadas para a província vizinha de Daraa.

"Afirmamos nosso total compromisso em garantir a saída de todos aqueles que desejam deixar a província de Sweida e ofereceremos a possibilidade de entrada para aqueles que desejarem", disse o brigadeiro-general Ahmad al-Dalati, comandante das Forças de Segurança Interna em Sweida, segundo a mídia estatal.

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