Conflitos na Síria já deixam mais de mil mortos em três dias
A maioria dos assassinados são aluítas, minoria étnico-religiosa apoiadora do presidente deposto, Bashar al-Assad

O presidente interino da Síria, Ahmad Sharaa, pediu por "unidade nacional" e "paz civil" no terceiro dia de confronto entre as forças de segurança do país e os apoiadores do presidente deposto Bashar al-Assad. O conflito interno já deixou mais de mil mortos, a maioria de alauítas, minoria étnico-religiosa apoiadora de Assad.
"O que está acontecendo no país são desafios que eram previsíveis", declarou Sharaa em discurso em uma mesquita de Damasco. O atual presidente liderou a coalizão islâmica que derrubou Assad.
Os alauítas são uma minoria xiita que apoiava o ditador Bashar al-Assad, deposto em dezembro. Já o grupo que assumiu o poder é sunita e é acusado de promover uma "limpeza étnica sistemática".
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Escalada de ataques
Fontes de segurança sírias informaram que pelo menos 200 de seus membros foram mortos nos confrontos com ex-militares leais a Assad, após ataques coordenados e emboscadas contra suas forças na última quinta-feira (6).
Os ataques escalaram para atos de vingança quando milhares de apoiadores armados dos novos governantes da Síria foram para as áreas costeiras para apoiar as forças da nova administração.
As autoridades atribuíram execuções sumárias de dezenas de jovens e ataques letais a residências em vilarejos e cidades habitadas pela antiga minoria governante da Síria a milícias armadas indisciplinadas, que foram ajudar as forças de segurança e há muito culpam os apoiadores de Assad por crimes passados.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, um monitor de guerra baseado no Reino Unido, afirmou nesse sábado (8) que os dois dias de combates na região costeira do Mediterrâneo representaram alguns dos episódios de violência mais graves em anos no conflito civil que já dura pouco mais de uma década.
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Assassinatos em massa
Organizações de direitos humanos denunciaram o assassinato de centenas de civis alauítas pelas forças de segurança do novo governo da Síria. A Federação de Alauítas na Europa alega que há "limpeza étnica sistemática" na região.
Segundo o governo sírio, o Exército fazia uma operação na região de Latakia, quando teria sido atacado. O governo também argumentou que a ofensiva seria um levante de forças ligadas ao antigo regime do ditador Bashar Assad.
Os alauítas negam essa versão do governo e dizem ter sido alvo de perseguição dos sunitas radicais que tomaram o poder em dezembro passado e que são vistos por esses radicais como "hereges".