Conheça Bashar al-Assad, ditador da Síria que estava no poder há 24 anos e fugiu de Damasco
Ditador é da segunda geração de dinastia autocrata e governou síria com extrema violência
O regime de Bashar al-Assad, ditador da Síria, terminou após uma aliança rebelde tomar o controle de Damasco neste domingo (8). Ele fugiu do país, marcando o fim de um governo de 24 anos que agiu com extrema violência.
Assad assumiu o controle do país no ano 2000, sucedendo o pai, que governava desde 1971. A família governou o país por mais de 50 anos.
Ele conseguiu recuperar o controle de grande parte da Síria na guerra civil que começou em 2011, depois de enfrentar grandes protestos que exigiam a sua queda e uma rebelião armada que seu regime praticamente esmagou.
Durante anos, o líder sírio contou com alianças com a Rússia, o Irã e o movimento libanês Hezbollah para permanecer no poder.
Enquanto comandava uma guerra implacável de sobrevivência para seu governo, ele se apresentava ao povo e ao mundo como o único líder viável diante da ameaça extremista na Síria.
SEGUNDA GERAÇÃO DE DINASTIA
Bashar al-Assad, de 54 anos, é um oftalmologista formado no Reino Unido. Ele viu seu destino mudar com a morte trágica do irmão mais velho, que seria o "herdeiro político" do pai, líder do partido Baath.
Ele foi, então, forçado a deixar Londres, onde conheceu a esposa, Asma, uma sírio-britânica. Na Síria, Assad fez um curso militar e se iniciou na vida politica.
Em 2000, após a morte do pai, Hafez al-Assad, Bashar o sucedeu com um referendo celebrado sem a participação da oposição. Foi reeleito para um segundo mandato em 2007.
Com apenas 34 anos, ele representou uma figura reformista para iniciar a liberalização econômica e uma relativa abertura política do país.
O político injetou uma tímida dose de liberdade no país, mas logo depois silenciou e prendeu seus opositores. Durante anos, Assad se apresentou como o protetor das minorias sírias, baluarte contra o extremismo e único provedor possível de estabilidade para um país devastado pela guerra.
Nas várias eleições organizadas ao longo dos anos, ele sempre recebeu a maioria esmagadora dos votos. As votações, realizadas apenas em territórios controlados pelo governo, foram consideradas irregulares pelas potências ocidentais e grupos de direitos humanos.
Repressão sangrenta
Durante o movimento da Primavera Árabe, a Síria teve uma revolta popular extrema em 2011, reprimida por Assad. A militarização do levante se transformou em conflito armado.
A guerra deixou mais de 500 mil mortos e provocou o deslocamento de metade da população. Mesmo com as mortes, a posição de Assad sobre os manifestantes e a oposição não mudou.
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Para a população síria e o mundo, Assad justificou os bombardeios e as campanhas militares como uma guerra contra os "terroristas".
Ao mesmo tempo, seu aparelho de segurança aplicou um sistema brutal de encarceramento dos dissidentes, com uma rede de centros de detenção e prisões espalhados por todo o país, que se tornaram famosos por seus abusos.
REBELDES TOMARAM SÍRIA
A ofensiva de rebeldes sírios começou em 27 de novembro e rapidamente várias cidades no noroeste e centro do país, até então controladas pelo regime de Assad, foram conquistadas.
Os rebeldes, liderados pelo grupo islamista Hayat Tahrir al Sham (HTS), anunciaram neste domingo sua entrada em Damasco.
"O tirano Assad fugiu", segundo a aliança de grupos rebeldes. A Rússia anunciou que o presidente renunciou e deixou o país, sem revelar seu destino.