Aeroporto de Cabul, no Afeganistão, retoma voos militares de evacuação
Voos civis seguem suspensos
O aeroporto internacional de Cabul, no Afeganistão, retomou os voos de evacuação nesta terça-feira (17). A retomada ocorre um dia após cenas de caos e desespero serem registradas no local, onde mortes foram registradas após fuga de afegãos e estrangeiros receosos após a volta do Talibã ao poder do país. Os voos civis continuam suspensos. As informações são do portal G1.
Tropas americanas e de outras nações recobraram o controle do aeroporto Hamid Karzai. No momento, apenas voos militares para retirada de diplomatas e civis do país estão ocorrendo.
No domingo (15), o avião C-17 Globemaster III, da Força Aérea dos Estados Unidos, evacuou 640 afegãos da capital Cabul em direção ao Catar. A operação de voos foi suspensa no aeroporto na segunda-feira (16), logo após milhares de pessoas invadirem o campo de aviação para fugir do território afegão.
Veja também
Desesperadas, algumas pessoas chegaram a invadir aviões estacionados e se agarraram a aeronaves no momento da decolagem.
Vídeos divulgados mostram o que seriam pessoas despencando de vários metros de altura após os aviões levantarem voo.
Um diplomata afirmou à agência de notícias Reuters que pelo menos 12 voos militares partiram do local. Ainda conforme a agência, um avião da força aérea indiana evacuou mais de 170 pessoas, incluindo o embaixador da Índia no Afeganistão.
Já a embaixada da França no país comunicou que um avião militar também decolou do local com cidadãos frances, sem informar um número de pessoas. "A França está implementando os meios necessários para garantir a proteção de nossos compatriotas", informou.
O secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, Dominic Raab, afirmou que a situação está "se estabilizando" no aeroporto. "É extremamente importante, não apenas para a estabilidade para os afegãos, mas criticamente para o nosso esforço de evacuação", disse à emissora Sky News.
Segundo a AFP, oficiais britânicos preveem retirar entre 1,2 mil e 1,5 mil pessoas do Afeganistão por dia.
O embaixador Ross Wilson, principal diplomata americano no Afeganistão e atual encarregado de negócios americanos em Cabul, negou relatos de que teria saído do país — ele pontuou ajudar cidadãos americanos e afegãos no momento.
Na tarde dessa segunda-feira (16), o presidente dos EUA, Joe Biden, fez pronunciamento em defesa da retirada das tropas estadunidenses do país. "Os EUA não podem participar e morrer em uma guerra em que nem o próprio Afeganistão está disposto a lutar", destacou o presidente.
Talibã no poder
As tentativas de fuga do Afeganistão ocorrem desde a retomada do poder pelo Talibã. No domingo (15), o presidente Ashraf Ghani deixou o país, e o palácio presidencial foi tomado pelo grupo extremista, que retomou o controle do território 20 anos depois.
A tomada de Cabul ocorreu muito antes do previsto pelos EUA — serviços de inteligência estadunidenses estimavam que o Talibã chegaria à capital afegã em setembro, podendo tomar o poder em novembro.
O grupo foi retirado do poder em 2001 pelos EUA, que atacaram o Afeganistão em reação aos atentados de 11 de setembro de 2001, que derrubaram as Torres Gêmeas.
Em fevereiro de 2020, o então presidente americano, Donald Trump, assinou acordo de paz com o Talibã, o qual previa retirada total das tropas do Afeganistão até abril deste ano. Joe Biden, atual presidente, manteve o acordo, mas adiou a saída completa para o fim deste mês.
A maior parte das forças lideradas pelos EUA saiu do Afeganistão em julho. O Talibã, então, aproveitou-se da retirada, avançando rapidamente pelo país e conquistando todas as províncias e a capital Cabul em menos de duas semanas.