
Luigi Mangione se declarou inocente das acusações de assassinato na última sexta-feira (18), após ser formalmente indiciado em tribunais estadual e federal de Nova York pela morte de Brian Thompson, CEO da UnitedHealthcare.
O caso, marcado por ampla repercussão pública, levantou debates sobre violência política e o sistema de saúde dos Estados Unidos. É o primeiro processo em que o Departamento de Justiça busca aplicar a pena de morte desde o retorno de Donald Trump à presidência.
Segundo promotores federais, na manhã de 4 de dezembro de 2024, Mangione teria seguido Thompson pelas ruas de Nova York e efetuado diversos disparos com uma pistola equipada com silenciador. Dez dias antes do crime, ele havia viajado de ônibus de Atlanta até a cidade.
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Após uma caçada de vários dias, Mangione foi detido em 9 de dezembro, na cidade de Altoona, na Pensilvânia, após uma denúncia feita por funcionários de um restaurante McDonald’s.
Durante a audiência em Manhattan, Mangione apareceu com um uniforme bege de prisão, diferente do traje civil usado anteriormente. De acordo com um correspondente da AFP, ele conversou com seus advogados durante a sessão. O acusado responde por homicídio, duas acusações de perseguição e porte ilegal de arma de fogo.
Na esfera estadual, ele também se declarou inocente. Caso condenado, poderá cumprir prisão perpétua sem direito a liberdade condicional. A próxima audiência, marcada para 5 de dezembro, deve definir o cronograma do julgamento, data que marca um ano e um dia do crime.
Manifestações da população
Fora do tribunal, manifestações chamaram atenção. Uma van com tela de vídeo exibia críticas ao Departamento de Justiça, acusando-o de conduta “bárbara”, ao lado da imagem de Mangione. Simpatizantes exibiam cartazes e entoavam gritos. Um deles interrompeu a movimentação para acusar os promotores de acelerar indevidamente o processo judicial.
Entre os manifestantes, uma mulher vestida com o macacão verde do personagem Luigi, da franquia Super Mario, segurava um cartaz relacionado ao caso.
Lindsay Floyd, ativista que apoia Mangione, afirmou antes da audiência: “Essas são acusações sérias que merecem alguma reflexão, não essa difamação antes mesmo do julgamento começar".
A defesa sustenta que o julgamento federal, onde há possibilidade de pena capital, deve ser priorizado. A advogada Karen Agnifilo, esposa de Marc Agnifilo, representante do artista Sean “Diddy” Combs, alegou que a natureza das acusações exige essa ordem. Marc, que também defende Mangione, deixou apressadamente uma audiência no caso Combs para comparecer à sessão do cliente. “É um dia de portas abertas”, declarou.
O caso também tem provocado manifestações sobre a experiência dos americanos com o sistema de saúde. Elliott Gorn, professor de história na Universidade Loyola de Chicago, comentou a repercussão do crime: “Foi o profundo sentimento de indignação sobre o qual muitos americanos estavam subitamente falando abertamente".
“Tínhamos acabado de ter uma campanha política de meses de duração, e o assunto mal surgiu, mas então, de repente, as comportas se abriram, e todo mundo parecia ter uma história horrível de assistência médica negada”, afirmou.